Domingo, 28 de junho de 2020.
Evangelho de Mt
16,13-19.
“O coração desta liturgia é a memória dos apóstolos Pedro e Paulo,
as duas testemunhas mais marcantes do cristianismo das origens, cujos legados
se estendem pelos séculos afora. Um pescador galileu transformado em pescador
de seres humanos; um fariseu fanático e perseguidor de cristãos que se tornou
apóstolo das nações. Ambos assumiram um protagonismo incomparável nas primeiras
décadas do cristianismo, a ponto de aventarmos que o livro dos Atos dos
Apóstolos poderia tranquilamente ser chamados de Atos de Pedro e Paulo. Com
caminhos e métodos diferentes – como eram tão diferentes em personalidade e história
de vida -, tiveram em comum a paixão por Jesus Cristo e o zelo pelo seu
evangelho, recebendo, como prêmio, coroa
do martírio”. (Vida Pastoral – junho de 2020 pág. 62).
A Solenidade de São Pedro e
São Paulo
leva-nos a refletir sobre a importância desses dois grandes santos da Igreja,
Pedro representando a instituição, Igreja: "Tu és Pedro e sobre esta pedra
construirei a minha Igreja" (Mt16,18) e Paulo representando o papel
missionário da Igreja no mundo. Eles são considerados as duas colunas, as pedras
fundamentais da Igreja. Dois Grandes evangelizadores atuaram em campos
diferentes, divergiram em pontos de vista, desentenderam-se também, mas o
grande amor pelo Mestre Jesus e o forte testemunho os uniram na vida e no
martírio. A vida, a paixão, a morte e ressurreição de Cristo foi um
prolongamento na vida e no martírio de Pedro e de Paulo, porque não só tomaram
a cruz no sentido de assumir a cruz de Cristo, mas a experimentaram totalmente
no sofrimento, perseguição e morte. Nessa Solenidade também nos lembramos do
nosso querido papa Francisco continuador do anúncio fundamental de Cristo.
O episódio do evangelho de hoje acontece
bem ao norte da Galileia, na cidade imperial de Cesareia de Filipe (filho de
Herodes, o Grande). Nesse lugar o culto ao imperador era imposto, ele era uma
divindade a ser adorada, respeitada, obedecida. E bem nesse lugar Jesus faz
pergunta aos seus discípulos provocando uma resposta, que manifesta a divindade
d’Ele, pela boca de Pedro, que o proclama como o Filho de Deus, o Messias.
Assim podemos considerar que a religião imperial foi desmascarada pela
messianidade de Jesus.
Quando Jesus perguntou aos discípulos o
que o povo dizia a respeito do Filho do Homem, Ele não estava preocupado com
sua pessoa, mas com o entendimento do povo e principalmente com seus
discípulos, pois esses teriam que anunciar a todos a sua mensagem. Era muito
importante que seus discípulos e apóstolos entendessem, reconhecessem que Ele
era o Messias enviado por Deus, que trazia a esperança e a libertação para
todos, para a humanidade inteira.
Naquele tempo o povo esperava um Messias
glorioso, lutador, valente que pegaria em armas e expulsaria os romanos de seu
território libertando sua pátria da escravidão que vivia. O perfil de Jesus não
era esse, Ele veio ensinar a verdade, o amor, a fraternidade, a justiça, a
paz..., denunciar a falsidade do culto ao imperador romano que se dizia ser
filho de uma divindade.
Jesus já estava sendo conhecido como um
grande profeta pelos milagres que fazia, pelo acolhimento a todos, pela sua
misericórdia aos doentes, pecadores, pobres, excluídos, marginalizados. Mas nem
o povo e nem os seus discípulos ainda não tinham a clareza que Ele era o
Messias esperado.
O Pai do céu revelou a Pedro que Jesus
era o Messias, o Filho de Deus. “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” (v16).
Em outras palavras Pedro está dizendo: nós acreditamos que tu és o Salvador
prometido. Tu és aquele que vem com o poder de Deus para nos salvar. Pedro em
nome dos discípulos está declarando sua fé, sua confiança completa em Jesus.
Jesus
tornou Pedro o chefe da Igreja. Jesus disse a Pedro: “És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que
te revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus. E Eu também te digo a ti: Tu
és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do Inferno
não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que
ligares na Terra ficará ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra
ficará desligado nos Céus”. Assim Jesus fundou sua Igreja na profissão de fé em Cristo, feita
por Pedro. Jesus confiou a Pedro a
missão de ser o chefe deste novo povo, a Igreja, pedras vivas, gente que ama,
que leva o nome de Jesus a todos com amor, fé responsabilidade, entusiasmo,
gratidão, misericórdia...
Pedro recebeu das
mãos de Jesus a missão de ser o primeiro papa, aquele que tem como missão confirmar os irmãos na fé, e a
responsabilidade em manter a unidade da fé em Cristo e na Igreja. Pedro ficaria
no lugar de Jesus para comandar o grupo dos apóstolos e todos que se
convertessem ao cristianismo. Em nome do
Senhor deve ensinar e julgar, isto é, ser porta-voz da vontade de Deus. Jesus
simboliza a missão que está dando a Pedro pela entrega das chaves do Reino dos
céus. O poder de ligar e desligar indica a autoridade para transmitir a
doutrina do Mestre e decidir o que é de acordo ou contrário ao evangelho.
É
exatamente isso que Jesus espera de cada um de nós. Quer que nos tornemos ‘Pedro’,
quer ver-nos convertidos em ‘Paulo’. Jesus quer ver suas ovelhas apascentadas e
quer que façamos das nossas vidas uma carta viva, com exemplos concretos de
como viver o amor.
Não podemos nos esquecer de que somos Igreja e que podemos evangelizar onde
estivermos, em casa, na nossa comunidade, em toda pequena ou grande missão
cotidiana de anunciar Jesus.
Essa
Solenidade de São Pedro e São Paulo é uma excelente oportunidade de revermos
nosso comportamento como discípulos e discípulas, avaliarmos se estamos
centrados no poder ou no serviço. Se nosso serviço está apontando para Jesus
que nos liberta do pecado, dos males e até de nós mesmos.
Festejemos
hoje, com muita alegria, gratidão e fé as duas colunas da Igreja: Pedro e
Paulo! Rezemos pelo nosso papa Francisco!
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes
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