29 Junho
2020
Desde o
século III que a Liturgia une na mesma celebração as duas colunas da Igreja,
Pedro e Paulo. Mestres inseparáveis de fé e de inspiração cristã pela sua
autoridade, simbolizam todo o Colégio Apostólico. Pedro era natural de
Betsaida, onde exercia a profissão de pescador. Jesus chamou-o e confiou-lhe a
missão de guiar e confirmar os irmãos na fé. É uma das primeiras testemunhas de
Jesus ressuscitado e, como arauto do Evangelho, toma consciência da necessidade
de abrir a Igreja aos gentios (At 10-11). Paulo de Tarso, perseguidor acérrimo
da Igreja, converte-se no caminho de Damasco. A partir daí, a sua vivacidade e
brilhantismo são postos ao serviço do Evangelho. Fortemente apaixonado por
Cristo, percorre o Mediterrâneo para anunciar o Evangelho da salvação,
especialmente aos pagãos. Depois de terem sofrido toda a espécie de
perseguições, ambos são martirizados em Roma. Regando com o seu sangue o mesmo
terreno, "plantaram" a Igreja de Deus.
Lectio
Primeira
leitura: Atos, 12, 1-11
Naqueles dias, o rei Herodes maltratou alguns
membros da Igreja. 2Mandou matar à espada
Tiago, irmão de João, 3e, vendo que tal procedimento agradara aos judeus,
mandou também prender Pedro. Decorriam os dias dos Ázimos. 4Depois de o mandar
prender, meteu-o na prisão, entregando-o à guarda de quatro piquetes, de quatro
soldados cada um, na intenção de o fazer comparecer perante o povo, a seguir à
Páscoa. 5Enquanto Pedro estava encerrado na prisão, a Igreja orava a Deus,
instantemente, por ele. 6Na noite anterior ao dia em que Herodes contava
fazê-lo comparecer, Pedro estava a dormir entre dois soldados, bem preso por
duas correntes, e diante da porta estavam sentinelas de guarda à prisão. 7De
repente, apareceu o Anjo do Senhor e a masmorra foi inundada de luz. O anjo
despertou Pedro, tocando-lhe no lado e disse-lhe: «Ergue-te depressa!» E as
correntes caíram-lhe das mãos. 8O anjo
prosseguiu: «Põe o cinto e calça as sandálias.» Pedro assim fez. Depois,
disse-lhe: «Cobre-te com a capa e segue-me.» 9Pedro saiu e seguiu-o. Não se
dava conta da realidade da intervenção do anjo, pois julgava que era uma visão.
10Depois de atravessarem o primeiro e o segundo posto da guarda, chegaram à
porta de ferro que dá para a cidade, a qual se abriu por si mesma. Saíram,
avançando por uma rua, e logo o anjo se retirou de junto dele. 11Pedro,
voltando a si, exclamou: «Agora sei que o Senhor enviou o seu anjo e me
arrancou das mãos de Herodes e de tudo o que o povo judeu esperava.»
Pelos anos
41-44 da nossa era, reinava na Judeia Herodes Agripa, que moveu uma perseguição
contra a Igreja. Foi por essa ocasião que Pedro foi preso, durante a páscoa
hebraica, e teria a mesma sorte de Jesus, se Deus não tivesse intervindo com um
milagre (vv. 1-4) : um anjo libertou Pedro da morte certa. Tal fato deixou os
cristãos espantados e admirados com a benevolência de Deus. No evento foi
importante a oração da Igreja, compenetrada da importância única da missão de
Pedro. Mais tarde, também S. Paulo recuperará, de modo idêntico, a sua
liberdade (At 16, 25-34).
Segunda
leitura: 2 Timóteo 4, 6
Caríssimo,
eu já estou pronto para oferecer-me como sacrifício; avizinha-se o tempo da
minha libertação. 7Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel.
8A partir de agora, já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele
dia, o Senhor, justo juiz, e não somente a mim, mas a todos os que anseiam pela
sua vinda. 17O Senhor, porém, esteve comigo e deu-me forças, a fim de que, por
meu intermédio, o anúncio fosse plenamente proclamado e todos os gentios o
escutassem. Assim fui arrebatado da boca do leão. 18O Senhor me livrará de todo
o mal e me levará a salvo para o seu Reino celeste. A Ele, a glória, pelos
séculos dos séculos. Ámen!
Este texto
apresenta-nos o que podemos chamar o testamento de Paulo. O Apóstolo pressente
próxima a sua morte e dá-nos a conhecer o seu estado de espírito: sente-se só e
abandonado pelos irmãos, mas não vítima, porque a sua consciência está
tranquila e o Senhor está com ele. Guardou a fé e cumpriu a sua vocação
missionária com fidelidade. Compara-se à libação derramada sobre as vítimas nos
sacrifícios antigos. Quer morrer como viveu, isto é, como verdadeiro lutador,
uma vez que se entregou a Deus e aos irmãos. A vitória é certa! As suas
palavras são já um cântico de vitória, porque está próximo o seu encontro com
Cristo Ressuscitado.
Evangelho:
Mateus 16, 13-19
Naquele
tempo, Jesus ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte
pergunta aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?»
14Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias;
e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.» 15Perguntou-lhes de novo: «E
vós, quem dizeis que Eu sou?»16Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: «Tu és
o Messias, o Filho de Deus vivo.»17Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz,
Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas
o meu Pai que está no Céu. 18Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra
edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra
ela.19Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará
ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu.»
O nosso
texto evangélico de hoje consta de duas partes: a resposta de Pedro acerca da
messianidade de Jesus, Filho de Deus (vv. 13-16) e a promessa do primado que
Jesus confere a Pedro (vv. 17-19). O povo reconhecia Jesus como um profeta. Mas
os Doze têm uma opinião muito própria, que é expressa por Pedro: Jesus é o
Messias, o Filho de Deus (cf. v. 16). Essa opinião, mais do que baseada na
experiência que tinham de Jesus, era fruto da ação do Espírito neles: "não
foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu."
(v. 17). Por causa desta confissão, Pedro será a rocha sobre a qual Cristo
edificará a sua Igreja. A Pedro e aos seus sucessores é confiada a missão de
serem o fundamento visível da realidade invisível que é Cristo Ressuscitado. O
poder de ligar e desligar, expresso na metáfora das chaves, indica a autoridade
sobre a Igreja.
Meditatio
Celebrar
os Apóstolos Pedro e Paulo é um testemunho de fé na Igreja "una, santa,
católica, apostólica". Pedro é, efetivamente, a pedra que se apoia
diretamente sobre a pedra angular que é Cristo. Pedro, e Paulo são os últimos
elos de uma corrente que nos liga a Jesus. Celebrando Pedro e Paulo celebramos
os "fundadores" da nossa fé, os genearcas do povo cristão. Ambos
foram martirizados em Roma, na perseguição de Nero, por volta do ano 64 d. C.
O Novo Testamento permite-nos reconstruir, o itinerário da vida dos dois apóstolos e dar-nos conta da gratuidade da escolha divina. Pedro era um pescador da Galileia. Passava os dias no lago de Tiberíade, com o seu pai Jonas e com o seu irmão André. O seu trabalho consistia em lançar as redes, esperar, retirá-las e, depois, à tarde, remendá-las, sentado na margem.
Foi aí que, uma tarde, quando lançava as redes para uma última pescaria, ouviu, com o seu irmão, o chamamento de Jesus que passava: "Segui-me; farei de vós pescadores de homens" (Mc 1, 17). Começou, assim, a sua extraordinária aventura; seguiu o Mestre da Galileia para a Judeia; daí, depois da morte de Jesus, percorreu a Palestina, até se mudar para Antioquia e, daí, chegou finalmente a Roma.
Em Roma animou a fé dos crentes, esteve preso, e foi morto no Vaticano, onde ficou para sempre, não só com o seu túmulo, mas também com o seu mandato: ficou naqueles que lhe sucederam naquela que os cristãos chamaram sempre "a cátedra de Pedro", até ao papa que hoje governa a Igreja. Nele, Pedro continua a ser "a rocha", sobre a qual Cristo continua a edificar a sua Igreja, o sinal da unidade para "aqueles que invocam o nome do Senhor". Não muito longe de Pedro, repousa Paulo que, de perseguidor, se tornou o Apóstolo dos Gentios, o missionário ardoroso do Evangelho. O seu martírio revelou a substância da sua fé. A evangelização das duas colunas da Igreja apoia-se, não sobre uma mensagem intelectual, mas sobre uma praxis profunda, sofrida e testemunhada com a palavra de Jesus.
O lugar de Pedro e dos seus sucessores não é um cargo honorífico ou uma recompensa de méritos. É um serviço, o serviço de apascentar as ovelhas do Senhor: "Apascenta as minhas ovelhas", disse Jesus (Jo 21, 15ss). Com o dever de dar testemunho d´Ele, Jesus confiou a Pedro a sua própria missão de Servo e Pastor. Testemunha de Cristo, pastor e servo dos crentes são prerrogativas que, de Cristo passaram a Pedro e, de Pedro, aos seus sucessores, os bispos de Roma
Rezemos pelo Santo Padre, sucessor de Pedro, para que Ele, que o confiou uma tal missão, o ilumine e o torne, cada vez mais, capaz de confirmar na fé os seus irmãos. Escreve o P. Dehon: "Para mim, o Papa é como Cristo na terra. Devo honrá-lo, amá-lo, obedecer-lhe... Os amigos do Coração de Jesus são amigos de Pedro." (Leão Dehon, OSP 3, p. 705).
O Novo Testamento permite-nos reconstruir, o itinerário da vida dos dois apóstolos e dar-nos conta da gratuidade da escolha divina. Pedro era um pescador da Galileia. Passava os dias no lago de Tiberíade, com o seu pai Jonas e com o seu irmão André. O seu trabalho consistia em lançar as redes, esperar, retirá-las e, depois, à tarde, remendá-las, sentado na margem.
Foi aí que, uma tarde, quando lançava as redes para uma última pescaria, ouviu, com o seu irmão, o chamamento de Jesus que passava: "Segui-me; farei de vós pescadores de homens" (Mc 1, 17). Começou, assim, a sua extraordinária aventura; seguiu o Mestre da Galileia para a Judeia; daí, depois da morte de Jesus, percorreu a Palestina, até se mudar para Antioquia e, daí, chegou finalmente a Roma.
Em Roma animou a fé dos crentes, esteve preso, e foi morto no Vaticano, onde ficou para sempre, não só com o seu túmulo, mas também com o seu mandato: ficou naqueles que lhe sucederam naquela que os cristãos chamaram sempre "a cátedra de Pedro", até ao papa que hoje governa a Igreja. Nele, Pedro continua a ser "a rocha", sobre a qual Cristo continua a edificar a sua Igreja, o sinal da unidade para "aqueles que invocam o nome do Senhor". Não muito longe de Pedro, repousa Paulo que, de perseguidor, se tornou o Apóstolo dos Gentios, o missionário ardoroso do Evangelho. O seu martírio revelou a substância da sua fé. A evangelização das duas colunas da Igreja apoia-se, não sobre uma mensagem intelectual, mas sobre uma praxis profunda, sofrida e testemunhada com a palavra de Jesus.
O lugar de Pedro e dos seus sucessores não é um cargo honorífico ou uma recompensa de méritos. É um serviço, o serviço de apascentar as ovelhas do Senhor: "Apascenta as minhas ovelhas", disse Jesus (Jo 21, 15ss). Com o dever de dar testemunho d´Ele, Jesus confiou a Pedro a sua própria missão de Servo e Pastor. Testemunha de Cristo, pastor e servo dos crentes são prerrogativas que, de Cristo passaram a Pedro e, de Pedro, aos seus sucessores, os bispos de Roma
Rezemos pelo Santo Padre, sucessor de Pedro, para que Ele, que o confiou uma tal missão, o ilumine e o torne, cada vez mais, capaz de confirmar na fé os seus irmãos. Escreve o P. Dehon: "Para mim, o Papa é como Cristo na terra. Devo honrá-lo, amá-lo, obedecer-lhe... Os amigos do Coração de Jesus são amigos de Pedro." (Leão Dehon, OSP 3, p. 705).
Oratio
Senhor,
vós nos concedeis a alegria de celebrar hoje a festa dos santos apóstolos Pedro
e Paulo: Pedro, que foi o primeiro a confessar a fé em Cristo, e Paulo, que a
ilustrou com a sua doutrina; Pedro, que estabeleceu a Igreja nascente entre os
filhos de Israel, e Paulo que anunciou o Evangelho a todos os povos; ambos
trabalharam, cada um segundo a sua graça, para formar a única família de
Cristo; agora, associados na mesma coroa de glória, recebem do povo fiel a
mesma veneração. Por isso, vos damos graças e proclamamos a vossa glória. Ámen.
(cf. Prefácio da Missa).
Contemplatio
Pedro é o
continuador de Cristo, o substituto, o vigário de Cristo. É de certo modo o
Cristo velado, como na Eucaristia. O seu ensino é o de Cristo. É o instrumento
do Coração de Jesus... Nosso Senhor prometeu antecipadamente a Pedro a sua primazia,
que é a continuação do poder de Cristo: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha Igreja, e as potências do inferno não prevalecerão contra
ela» (Mt 16, 18). «Dar-te-ei as chaves do reino dos céus: tudo o que ligares
será ligado e tudo o que desligares será desligado» (Mt 16, 19). «Quando fores
convertido, confirmarás os teus irmãos» (Lc 22, 32). Quando chegou o dia, Nosso
Senhor realizou a sua promessa. Transmitiu a Pedro a sua autoridade de pastor:
«Pedro, porque me amas muito, porque me amas mais do que os outros, apascenta
os meus cordeiros, apascenta as minhas ovelhas». Pedro, pastor supremo da
Igreja, é depositário e administrador de todos os dons do Coração de Jesus.
Preside à administração dos sacramentos... Abre e fecha o tesouro do Coração de
Jesus. Que respeito, que obediência devo a Pedro e aos seus sucessores! (Leão
Dehon, OSP 3, p. 704s.).
Actio
Repete
muitas vezes e vive hoje a palavra:
"O Senhor, porém, esteve comigo e deu-me forças" (2 Tm 4, 17).
"O Senhor, porém, esteve comigo e deu-me forças" (2 Tm 4, 17).
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S. Pedro e S. Paulo, Apóstolos (29 Junho)
S. Pedro e S. Paulo, Apóstolos (29 Junho)
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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