Domingo, 19 de abril de 2020.
Evangelho de São João 20,19-31.
O Segundo Domingo da Páscoa é chamado o domingo da Misericórdia,
proclamado por São João Paulo II. Com essa celebração concluímos a Oitava de
Páscoa, ou seja, esta semana que a Igreja nos convidou a considerar como um dia
só: ”O dia que o Senhor fez”. A celebração da páscoa se estenderá por cinquenta
dias, um dia só para celebrá-la é muito pouco. Assim podemos intensificar nossa
fé e ter mais coragem para testemunhá-la.
A notícia do sepulcro vazio e a calúnia de que o corpo de Jesus
havia sido roubado pelos seus discípulos já deviam estar circulando por
Jerusalém. Por isso os discípulos estavam com medo e se escondiam “as portas
fechadas”. Estão com medo de serem perseguidos por serem discípulos de Jesus.
Os trágicos acontecimentos estão muito presentes nos seus corações. Seus
corações também estão fechados para entenderem a ressurreição de Jesus. Quando
a porta do coração se fecha fica muito difícil de alguém passar. Mas Jesus
entra, mesmo com as portas fechadas e ele conhecia a entrada secreta do coração
de cada um. Jesus se coloca no meio deles, o que significa de agora em diante
Jesus será o centro de suas vidas e de suas pregações. Agora a missão do Mestre
passa para os seus discípulos, a missão de abrir as portas de corações
fechados, isto é, perdoar pecados e ligar e desligar as coisas entre o céu e a
terra.
Quando Jesus se coloca no meio deles, deseja-lhes a paz. Era a
saudação usada entre os judeus. Jesus usa as mesmas palavras que dissera antes
de morrer: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (Jo 14, 27). O primeiro fruto
da morte redentora do Senhor foi trazer a paz e a alegria aos corações
angustiados. Jesus transmite a grande mensagem pascal. O Senhor é o Deus da
Paz, é o Rei pacífico. A paz do Senhor é superior a toda alegria e felicidade
terrena. Sua paz satisfaz plenamente o coração do homem porque o aproxima do
modelo supremo que é Deus. E a Palavra de Cristo, por ser Palavra de Deus, faz
sempre o que diz e produz a paz mesmo entre as maiores aflições e dores.
Jesus deseja-lhes
a paz e os envia em missão, assim como o Pai o enviou. Soprou
sobre eles, comunicando-lhes a graça invisível dos dons do Espírito Santo. Soprou
como Deus fez sobre Adão quando infundiu nele o espírito de vida, assim Jesus
os recria com o Espírito Santo. Soprar é símbolo com o qual se comunica à vida que Deus concede. Deus lhes
comunica seu poder e sua virtude para uma finalidade concreta: perdoar os pecados,
promover a vida.
Acontece que naquele dia não estavam todos presentes. Faltava Tomé.
Quando os outros contaram que Jesus havia estado com eles, Tomé não acreditou e
quis provas para poder acreditar. Só quem participa da comunidade faz a
experiência do Cristo ressuscitado. Tomé quer provas, para ele não bastam os sinais.
Quantas vezes nós também exigimos de Deus provas concretas para acreditar.
Quando agimos assim demonstramos pouca fé. É o que diz Jesus a Tomé quando
volta a se mostrar para os discípulos, oito dias depois. Entra, coloca-se no
meio deles, deseja-lhes a paz e se dirige a Tomé pedindo que coloque o dedo nas
suas chagas e não seja mais incrédulo, mas tenha fé. Tomé, então professa sua
fé, sua adoração, reconhecendo Jesus ressuscitado: “Meu Senhor e meu Deus!”. E
Jesus disse: “Tomé, você acreditou porque me viu; felizes aqueles que
acreditaram sem ter visto!”
Esse é o apelo para nós hoje que não vimos Jesus em pessoa, mas
acreditamos que Ele vive e faz muitos sinais em nosso meio, mesmo que não
percebemos. Somente os contemporâneos de Jesus puderam vê-Lo. Mas todas as
pessoas de todos os tempos terão a mesma felicidade dos Apóstolos, pois existem
os escritos inspirados e o ensino da Igreja que dão conhecimento da vida e das
obras de Jesus. E pelo dom da fé todos poderão acreditar que Ele é o Messias
Salvador, filho de Deus. Não o vimos pessoalmente, mas podemos tê-Lo no nosso
coração por meio da fé. Só podemos dizer que cremos se colocarmos em prática
aquilo que cremos.
Quem acredita vive como Jesus ensinou, formando comunidade de fé,
de união, de verdadeira partilha. Uns ajudando os outros a caminhar na fé, no
amor, na partilha da Palavra, dos dons e dos bens materiais. Quem acredita na
ressurreição é perseverante, quer cada vez mais aprender a Palavra de Deus e
comunicá-la aos irmãos, vive em comunidade, vive uma vida de comunhão fraterna,
é generoso, partilha o pão, reza junto, respeita e teme a Deus, e acima de tudo
é sinal de ressurreição para os irmãos. Abraça a fé, celebra junto, faz memória
de Jesus por meio da santa Ceia, da Eucaristia. Quem age assim é sinal e
inspiração para outros fazerem o mesmo.
A ressurreição de Cristo nos faz pessoas novas, renascidas para a
graça, para o amor de Deus. Amar e viver no amor são os melhores testemunhos da
ressurreição, faz com que o nosso coração se encha da paz de Jesus, a paz
verdadeira. A paz do Ressuscitado nos liberta, para construirmos um mundo
reconciliado de amor, justiça e fraternidade.
Peçamos ao Senhor que aumente em nós a fé, pois se a nossa fé for
firme, seremos testemunhas para muitos, que se apoiarão nela. Que o Espírito de
Cristo ressuscitado nos ilumine e nos fortaleça, para anunciarmos a sua paz, o
seu perdão, a sua misericórdia nos desafios da nossa missão no nosso dia-a-dia.
Abraços em Cristo!!!
Maria de Lourdes
"Felizes aqueles que acreditaram sem ter visto!"
ResponderExcluirQue Deus nos proteja.
Assim seja!!! Maria de Lourdes, você é Luz! Obrigada por sua partilha Iluminada! Me sinto Abençoada ao ler suas palavras.
ResponderExcluirPaz, Alegria e Saúde a você!
Imãs em Cristo, sou grata por suas palavras animadoras! Deus nos abençoe e nos ilumine!
ResponderExcluirAmém!!!
Maria de Lourdes