Evangelhos
Dominicais Comentados
19/março/2020 – 2o Domingo da Páscoa
Evangelho: (Jo 20, 19-31)
(...) estando trancadas as portas do lugar onde estavam os
discípulos, por medo dos judeus, Jesus chegou, pôs-se no meio deles e disse: “A
paz esteja convosco”. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos
se alegraram ao ver o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: “A paz esteja convosco.
Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio”. (...) Tomé, não estava com
eles quando Jesus veio. Os outros discípulos lhe disseram: “Vimos o Senhor”.
Mas ele respondeu: “Se eu não vir nas mãos os sinais dos cravos, e não puser o
dedo no lugar dos cravos e minha mão no seu lado, não acreditarei”. Oito dias
depois, os discípulos estavam outra vez no mesmo lugar, e Tomé com eles. Jesus
entrou com as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”.
Depois disse a Tomé: “Põe aqui o dedo e olha minhas mãos, estende a mão e põe
no meu lado, e não sejas incrédulo mas homem de fé”. Tomé respondeu-lhe: “Meu
Senhor e meu Deus”. Jesus lhe disse: “Porque me viste, acreditaste. Felizes os
que não viram e creram”(...).
A liturgia
de hoje nos fala do encontro de Jesus com seus apóstolos no cenáculo. Longe do
Mestre, os discípulos estavam cabisbaixos e totalmente desencorajados. Com suas
portas trancadas, assustados, num clima de medo e insegurança. O texto de hoje,
de uma maneira forte, nos fala sobre a fé na ressurreição de Jesus.
Essa verdade está tão longe
do nosso entendimento humano que acaba trazendo dúvidas. No entanto, a dúvida
pode ser proveitosa e salutar. Como Jesus disse, demoramos muito para entender,
por isso a dúvida não deve ser motivo de vergonha, mas sim de preocupação.
Precisamos estar atentos para não andarmos na contramão do mundo.
Se milhares acreditam e nós
não acreditamos, significa que devemos procurar respostas para nossas dúvidas.
Quem sabe ler mais, estudar e orar mais. É melhor correr atrás da verdade, do
que simplesmente ignorar o que dizem ou fazer de conta que acreditamos.
A dúvida não é uma doença
incurável, ela é, até mesmo, importante quando nos obriga a sair a procura da verdade.
Foi o que aconteceu com o apóstolo Tomé. Muitas vezes a nossa vida é marcada
pela dúvida, pelo sofrimento e pela incerteza.
Assim também estavam os apóstolos.
Logo após a morte de Jesus, eles se sentiam desprotegidos e ameaçados pelos
chefes dos judeus. Por isso, ficaram trancados no cenáculo e cheios de medo.
Provavelmente, diante de
qualquer ruído, seus corações disparavam. O batimento cardíaco aumentava, assim
como, o desejo de sumir dali. Essas são as reações naturais ao sentir-se medo.
A falta de fé traz insegurança. Mas, finalmente a angústia termina quando Jesus
volta trazendo-lhes a paz, o conforto e a alegria.
É reconfortante sentir a
presença de Jesus. Quando Ele chega, tudo se transforma. O medo e a tristeza
dão lugar à segurança, à alegria e à paz. Por duas vezes Jesus saúda os
discípulos, desejando-lhes a paz. Paz, um dom precioso de Deus, tão necessário
em nossa sociedade ameaçada pela violência e pela incerteza.
Jesus é a Paz! Ele nos dá a
sua paz e, dá também a missão de comunicar a esperança da ressurreição. Como
seus seguidores nós precisamos testemunhar sua ressurreição, sua proposta de
vida e seu Projeto de Salvação. O discípulo precisa sentir emoção e o coração
acelerar. O batimento cardíaco tem que aumentar ao testemunhar o amor.
O testemunho do cristão só
convence, quando feito com fé e alegria. Fé não é uma simples afirmação de
verdades abstratas e teóricas, mas sim, o testemunho de uma vida vivida em
profundidade. Tem que ser uma alegria que não ignora os sofrimentos, mas que
está carregada de sinais concretos de vivência cristã. Viver o evangelho é
viver a alegria da fé.
Tomé não acreditou no testemunho
da sua comunidade. Quis ver para crer. No entanto, a comunidade continuou
persistente e afirmando essa verdade. Repetia sempre e em altos brados que o
Mestre estava vivo.
O mérito de Tomé está no
fato dele jamais ter se afastado de sua comunidade e de não sair pelas esquinas
à procura da verdade. E foi dentro dessa sua comunidade que Jesus se revelou a
Tomé.
A comunidade ativa deve
testemunhar a Boa Notícia, tem que gritar a Boa Nova. O mundo precisa conhecer
a verdade. Jesus Cristo é a Verdade! A comunidade tem que ser missionária, pois
é nela que recebemos, que aprimoramos e que aprofundamos a nossa fé. A
comunidade unida é o maior testemunho da presença viva de Jesus.
Veja só que boa notícia para
levarmos às nossas comunidades: Jesus, a Verdadeira Paz, caminha conosco. Por
isso, jamais se sentirá inseguro, assustado e perdido quem de fato acreditar e
seguir os seus passos.
jorge.lorente@ miliciadaimaculada.org.br –
19/abril/2020
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