terça-feira, 14 de janeiro de 2020

-LEVI SEGUIU JESUS- Mc 2,13-17-José Salviano


18 de Janeiro-2020
Evangelho – Mc 2,13-17

 


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Naquele tempo:
Jesus saiu de novo para a beira do mar.
Toda a multidão ia ao seu encontro
e Jesus os ensinava.
Enquanto passava,
Jesus viu Levi, o filho de Alfeu,
sentado na coletoria de impostos,
e disse-lhe: 'Segue-me!'
Levi se levantou e o seguiu.
E aconteceu que, estando à mesa na casa de Levi,
muitos cobradores de impostos e pecadores
também estavam à mesa com Jesus e seus discípulos.
Com efeito, eram muitos os que o seguiam.
Alguns doutores da Lei, que eram fariseus,
viram que Jesus estava comendo
com pecadores e cobradores de impostos.
Então eles perguntaram aos discípulos:
'Por que ele come
com os cobradores de impostos e pecadores?'
Tendo ouvido, Jesus respondeu-lhes:
'Não são as pessoas sadias que precisam de médico,
mas as doentes.
Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores.'
Palavra da Salvação.

 

Levi  estava a serviço dos romanos, e  naquele momento, se encontrava na coletoria de impostos que ficava na entrada de Cafarnaum,  as margens da importante estrada do caminho do mar. Ali era cobrado imposto  para os romanos,  de quem entrava e de quem saia da cidade. Essa cobrança de impostos era organizada por Herodes, um dos entreguistas,  a serviço do domínio romano.

Toda dominação estrangeira a um país pobre só se realiza com a ajuda de pessoas locais, as quais, colaboram com a entrega das riquezas naturais da sua pátria aos dominadores. Por isso eles são chamados de entreguistas. Isso aconteceu em todas nações  que foram dominadas pelo Império Romano que coincidiu com os tempos de Jesus.

Levi, assim como todo  cobrador de imposto, era considerado um pecador público, um publicano, um traidor, por colaborar com o Império Romano, tirando dinheiro dos seus compatriotas, para ser carreado aos romanos.

O sistema de cobrança de impostos era o que chamamos hoje de terceirização. A máquina do Estado do Império romano que dominava grande parte da Europa incluindo a Palestina não se dispunha de funcionários o suficiente para realizar a cobrança de tanto imposto. Então o Estado romano contratava empresários (entreguistas)  para fazer a cobrança dos impostos, sob o sistema de arrendamento. Estes arrendatários terceirizados eram muito ricos oriundos da elite sendo muitos deles anciãos membros do Sinédrio e Senadores. Assim, notamos que a classe dominante comia junto com os dominadores romanos, em troca da preservação de seus privilégios.
O povo sofria com esta exploração, pois era 3 vezes explorados. Do imposto arrecadado, uma parte ia para o Império Romano, outra parte era a taxa de serviço do arrendatário, e a terceira parte era o que o empresário arrendatário dono da Agência de Arrecadação, pegava para si, isto é, roubava. Por isso eram muito ricos.
Os publicanos eram os empregados desta agência, que fazia o serviço sujo vigiado  pelos soldados romanos, por isso não podiam pegar nem uma moedinha. E qualquer deslize ou tentativa, eram mandados embora do emprego. Eram geralmente pobres e a falta de emprego os obrigava a fazer esse serviço odioso.
O povo não escapava da exploração romana. O imposto sob forte apoio dos guardas era feito em vários lugares: Além de pagar direitos de Alfândega, o povo era obrigado a pagar imposto de pedágio nas entradas dos povoados, nas pontes, nos vaus, e nas encruzilhadas dos caminhos. Não tinha para onde correr ou escapar. Pelo contrário. Tinha cidadão que pagava até três impostos por dia, pois precisava se deslocar de vários lugares para outros. Era uma situação insustentável de tamanha injustiça, e pensar que tudo isso tinha o apoio da classe dominante local.
É por isso que os publicanos eram odiados por explorar o povo para os romanos e considerados: pecadores, impuros e por isso eram desprezados. 
Jesus não estava sendo um entreguista,  Ele não estava colaborando com a invasão romana. Ele só  quis mostrar com o seu gesto, que os cobradores de impostos também eram filhos de Deus, e a maioria deles se sujeitavam a aquele serviço, por não ter outra opção de vida.
Assim, Jesus fez questão de convidar um desses cobradores de impostos discriminado pela sociedade, para fazer parte do seu grupo.
        "Jesus Cristo, viu sentado ao balcão um coletor de impostos, por nome Levi, e disse-lhe: Segue-me. Deixando ele tudo, levantou-se e o seguiu." 
Depois desse convite, Jesus foi jantar na casa de Levi. Os fariseus que andavam sempre no encalço de Jesus, também estavam presentes no local, e criticou a atitude de Jesus por estar jantando na companhia de um impuro publicano.
Almoçar com os publicanos era uma afronta aos costume e à Lei. Isto porque os publicanos eram odiados por colaborarem com o poder romano arrecadando, ou melhor, arrancando o dinheiro do povo. Por isso eram considerados impuros e pecadores.
Engraçadinhos! Eles podiam roubar o povo juntamente com os romanos. Mais naquele momento fingiam que eram contra a exploração dos dominadores através dos publicanos. 
Eles conversaram com os discípulos um tanto afastados do Mestre. Mas Jesus não precisava ouvir com os ouvidos humanos. Ele sabia o que se passava dentro das mentes das pessoas principalmente dos fariseus. Então Jesus respondeu:
Não são os homens de boa saúde que necessitam de médico, mas sim os enfermos. Não vim chamar à conversão os justos, mas sim os pecadores.
Roguemos a Deus Pai para que toda justiça seja feita, e ninguém seja desprezado, excluído e discriminado dos demais. Amém.

Tenha um bom dia. José Salviano


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