terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Tiraram o Senhor do túmulo- Fr. José Luís


27 DE DEZEMBRO






NÃO ROUBARAM O SEU CORPO, PORQUE ELE VIVE!

A narrativa do Evangelho de João sobre a ressurreição é repleta de detalhes e minúcias, em comparação aos outros três Evangelhos. Isso fica bem explicado pelo fato de o quarto Evangelho ter sido escrito muito depois da redação dos outros três. A compreensão e a teologia sobre aquele acontecimento dos anos 30, com certeza, já estavam muito mais evoluídas.
A figura de Pedro, Maria Madalena e João são centrais neste Evangelho. Maria Madalena é aquela que primeiro testemunha o grande acontecimento da ressurreição. Numa terra em que a mulher era tida como objeto e servidora do homem, Jesus quis mostrar a igualdade e a importância de todos os seres humanos, deixando claro que a mulher não era objeto, mas, sim, forte seguidora e continuadora do Reino Salvífico.
Pedro, ao ouvir o anúncio de que haviam tirado (roubado) o corpo do Mestre, sai em desespero para ver com os próprios olhos, assim como o discípulo que Jesus mais amava, e que a tradição diz ser João. Os dois discípulos não entendem o que está acontecendo, pois a ressurreição não é um fato simples de ser entendido. Tinha de haver muita reflexão e fé, para que eles pudessem chegar à essência do acontecimento miraculoso.
O discípulo que Jesus mais amava chega primeiro ao túmulo, olha lá embaixo, mas não entra. Como era mais novo, e a autoridade de Pedro como primeiro apóstolo já era bem consolidada, aquele discípulo espera a chegada de Pedro, que corre mais devagar, segundo a narrativa. O apóstolo mais velho, chamado pela tradição de “príncipe dos apóstolos”, ainda que fosse somente um simples pescador buscando crer no mistério de Jesus, entra no túmulo, e vê que algo estranho aconteceu ali, pois o pano que cobriu a cabeça de Jesus estava dobrado, à parte, assim como os linhos não denunciavam nenhum tipo de profanação.
O corpo de Jesus não foi roubado, mas se tornou o mistério da fé de todo cristão. Revelando-se um Deus Salvador, Jesus confia aos simples e campesinos discípulos o serviço de anunciar esse acontecimento misterioso, ou seja, para grande parte dos chefes dos judeus, e para muitos de nós, hoje, tornar-se anunciador da ressurreição é admitir-se louco no meio de pessoas sãs. A ressurreição exige fé, total confiança num projeto de resgate dos sofridos seres humanos. Jesus nos resgata do charco em que estávamos atolados: essa é a beleza da ressurreição.
Hoje, celebramos a festa de João, chamado “O Evangelista”. A tradição também atribui a João o cognome de “O Discípulo Amado”. No próprio Evangelho de hoje, vemos que esse discípulo que Jesus mais amava crê na ressurreição de Jesus, somente ao ver o túmulo vazio e os panos dobrados. João, Pedro e Tiago formavam o trio de confiança de Jesus; e eles realmente estavam à frente das comunidades cristãs, depois da ascensão de Jesus aos céus. Que João, grande pregador da Boa-Nova de Jesus, possa ser um exemplo de cristão para nós que seguimos os ensinamentos daquele Mestre de Nazaré! O quarto Evangelho está repleto de descrições do amor de Deus pela humanidade, leiamo-lo, portanto, com o coração aberto para receber o carinho que Ele nutre por nós!


Fr. José Luís Queimado, CSsR.


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