sexta-feira, 27 de setembro de 2019

CONTRASTE ENTRE A RIQUEZA E A POBREZA – Maria de Lourdes Cury Macedo.



Domingo, 29 de setembro de 2019.
Evangelho de Lc 16,19-31.

A parábola que vamos refletir nesse domingo conhecida como “O rico e o Lázaro” aborda o relacionamento entre o homem e os bens deste mundo, é um texto exclusivo de Lc 16. É a única parábola de Jesus que uma personagem tem nome próprio. O nome Lázaro significa “Deus ajuda ou auxilia”. Essa parábola mostra o contraste entre a riqueza e a pobreza. Essa parábola de Jesus nos leva a refletir como nós conduzimos nossa vida e como usamos os dons que Deus nos deu. Tudo o que temos é dom de Deus. Deus não é contra os ricos ou a riqueza, mas o mau uso dela.  O pobre da parábola tem nome, está coberto de feridas, passa fome e quando morre é levado pelos anjos junto de Abraão, o pai da fé. O rico não tem nome, está coberto de roupas luxuosas, vive banqueteando-se e quando morre não vai para o mesmo lugar de Lázaro, mas num lugar de tormentas.
O abismo existente entre o homem rico e Lázaro é um abismo que destaca o contraste entre riqueza e pobreza, fartura e fome. Para o homem rico, Lázaro não existia era uma figura invisível, apesar de ficar deitado todos os dias à porta de sua casa. O rico tinha belas roupas, tinha tudo, mas não tem nome e assim não tem nada. Ao contrário, o pobre invisível, faminto e doente, que não tinha nada, tinha nome – Lázaro - e por isso tinha tudo. Deus chama seus pequeninos pelo nome, indicando sua identidade. Para Deus, Lázaro não é invisível, nem um ser humano inexistente, descartável, mas é uma pessoa que vive junto d’Ele.
Na verdade qual foi o pecado do rico? O rico vivia sua vida despreocupadamente, ignorava o pobre Lázaro sentado ao portão de sua casa esperando algum alimento.  Não enxergava o pobre faminto que estava tão próximo dele mendigando um pedaço de pão, achando que aquela situação era normal. O rico não maltratava o pobre, mas ignorava completamente sua existência. Não se envolveu com o pobre homem, levou sua vida saboreando seus ricos banquetes sem se importar com a dor e a fome do outro. Seu pecado foi não fazer nada pelo outro, não sentir compaixão por aquele que sofria, que estava dolorido e faminto,  ignorou-o e não partilhou seus bens, que são dons de Deus.
Com a morte de ambos o cenário muda, a situação é outra. Duas regiões distintas são apresentadas: a dos mortos e a dos vivos. A região dos mortos é onde permanecem os pecadores, que pagam duras penas por suas faltas. A região dos vivos é apresentada como região de descanso, vida e alegria. Nela estão as almas dos justos, que é chamada de “seio de Abraão”, pai de todos os que creem em Deus.
Entre as duas regiões há um imenso abismo intransponível. Entre os bons e os maus há uma distância infinita, uma separação total. Ambos não se encontram. O mal não alcança a região do bem, a região do bem e a felicidade não podem ir ao encontro do que sofre para lhe diminuir o suplício eterno.
Lázaro após a morte está junto de Abraão, lugar de honra para quem viveu a Palavra de Deus, está no banquete do Reino. Lázaro foi levado para junto de Deus, para o céu, onde estão os bem-aventurados. Era desprezado na terra, foi glorificado no céu. Todo sofrimento de Lázaro foi transformado em felicidade junto de Deus. O rico não foi ficar junto de Lázaro.
O rico, que nunca mendigara na terra, que ignorava o pobre Lázaro agora é capaz de enxergá-lo como um empregado e implora a Abraão que o envie para refrescá-lo com algumas gotas de água. Abraão responde que entre eles existe um grande abismo impossível de transpor. O rico insiste que envie Lázaro a terra para alertar seus irmãos que provavelmente viviam como ele. Abraão respondeu: “eles têm Moisés e os profetas, que os escutem!” O rico insistiu que mandasse um morto até eles, para se converterem. Abraão lhe disse: “Se não escutam a Moisés nem aos profetas, eles não acreditarão, mesmo que alguém ressuscite dos mortos”.
Qual ensinamento dessa parábola?
Jesus ao contar essa parábola quer mostrar aos fariseus e a todos nós, qual o caminho para onde pode nos levar a riqueza quando usada exclusivamente para satisfazer o egoísmo, a vaidade, o luxo... É uma lição! A dor e o sofrimento do outro devem sempre ser compreendidos como o melhor lugar para viver a prática do acolhimento, do cuidado, da ternura e da compaixão pelo que sofre. Essa parábola nos mostra as tristes consequências de desprezar os pobres, não fazer nada por eles.
É preciso acolher no nosso coração a Palavra de Deus porque só ela pode fazer com que o homem corrija seus erros, abandone o egoísmo, aprenda a amar e partilhar, se volte para Deus e para os irmãos.
A riqueza não impede que a pessoa seja um pobre. Pobre é todo aquele que é desprendido, despojado dos bens materiais, está sempre com o coração aberto para o próximo e para Deus, é aquele que se compadece com a dor do outro. Ser rico significa buscar unicamente o próprio prazer na terra, fechando o coração e seus bens aos outros e a Deus. Pobre e rico no Evangelho tem um sentido bem  diferente daqui do mundo. No mundo, ser pobre significa não ter bens. Ser rico significa ter muitos bens.
O importante é que o rico de bens materiais saiba que esses bens são de Deus e para utilidade de todos, sendo ele apenas um administrador, que é preciso saber partilhar o que se tem. De que forma nos dispomos da riqueza? Para ajudar a construir justiça ou enriquecer ilicitamente em prejuízo dos outros?  
Nós que somos Igreja de Cristo, continuadores da missão de Cristo na terra, que somos o Cristo hoje, precisamos assumir o nosso batismo sendo missionários, fazendo com que todos conheçam e pratiquem a Palavra de Deus nas suas vidas,  no seu coração, assim ninguém terá decepções depois da morte.

Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes



3 comentários:

  1. Muito bons estes comentários. Eu não celebro antes de dar uma espiada aqui. Louvado seja o nosso Senhor Jesus Cristo

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  2. Eu, Jair Ferreira da Cidade de Cruz das Almas, da Diocese Nossa Senhora do Bom Sucesso, leio e reflito sobre as leituras diária dessa equipe(José Salviano, Helena Serpa, Olívia Coutinho, Dehoniamos, Jorge Lorente, Vera Lúcia, Maria de Lourdes Cury Macedo, Adélio Francisco) colocando em prática no meu dia-dia, obrigado a todos que doaram um pouco do seu tempo para evangelizar, catequizar e edificar o reino de Deus, que o Senhor Jesus Cristo continue iluminando a todos. Abraços fraternos.

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  3. Amo você, são torpes,com uma reflexão atualizada,cheia de cobteudo. Muito obrigado

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