quinta-feira, 18 de julho de 2019

ESCUTAR JESUS E SE COLOCAR A SERVIÇO DO REINO – Maria de Lourdes Cury Macedo



Domingo, 21 de julho de 2019.
Evangelho de Lc 10, 38-42.

         A liturgia desse domingo tem como tema forte a hospitalidade e a acolhida.
Jesus continua seu caminho para Jerusalém e ao caminhar com seus discípulos vai revelando a eles, quem é o Pai e preparando-os para a missão de levar o Evangelho a todos os homens.
 No caminho Jesus resolveu entrar no vilarejo de Betânia e se hospedar na casa de seus amigos Marta e Maria, irmãs de Lázaro, onde sempre ia descansar um pouco. Lá ele se sentia bem e sabia que seria bem acolhido.
Marta e Maria acolhem Jesus em sua casa. O gesto de acolher nos ensina sobre a necessidade e importância do acolhimento. Hoje em dia, um dos grandes desafios de nossa fé, de nossa vida de comunidade, é aprender a acolher. Quem acolhe o irmão é a Deus que está acolhendo. Quem acolhe o irmão hospeda o próprio Deus, porque Deus está no irmão, principalmente nos sofredores e necessitados. Marta e Maria, cada uma a sua maneira, acolheram Jesus e mostraram não duas atitudes contrárias, mas duas ações missionárias que se completam.
Maria, a irmã de Marta, senta-se aos pés de Jesus para escutá-Lo. Ela quer aprender a palavra de Deus, que sai da boca do próprio Deus, que é Jesus, pois Jesus é a Palavra, é a Boa-Nova, é o Verbo encarnado.
         Sentar-se aos pés é atitude de discípulo, de aluno, aquele que quer aprender. Dá para nós entendermos o quanto Jesus foi revolucionário em acolher entre seus discípulos, a mulher. Esta atitude de Jesus rompia com os costumes dos judeus. Jamais uma mulher poderia ser discípula. Mestre nenhum aceitaria uma mulher como discípula. A mulher não podia estudar, só deveria saber o que não podia fazer. Jesus é um Mestre diferente e conta com as mulheres para realizar sua missão.
O discípulo é aquele que ouve antes de agir, é aquele que se prepara e que se coloca diante de Deus para se abastecer espiritualmente a fim de preparar-se para a missão. Jesus reconhece a atitude de Maria e diz que ela escolheu a melhor parte. Sem ouvir Jesus, sem acolher sua Palavra não é possível ser missionário.
         Marta quer hospedar muito bem Jesus, por isso se agita, se preocupa muito em fazer uma boa comida. Preocupada excessivamente com o trabalho de casa não tem tempo para escutar o Mestre Jesus.
         Marta atarefada cobra a ajuda da irmã e diz a Jesus: “Senhor, não te importa que minha irmã me deixe só a servir? Dize-lhe que me ajude”. Respondeu-lhe Jesus: “Marta, Marta, andas muito inquieta e te preocupas com muitas coisas; no entanto uma só coisa é necessária; Maria escolheu a boa parte, que lhe não será tirada.”
         Vamos analisar agora o ponto mais difícil do Evangelho de hoje: a censura de Jesus a Marta e o elogio a Maria. Se a questão for colocada no sentido de “censura” para quem trabalha e de “elogio” para os folgados, é difícil concordar com Jesus. Mas será isso que Jesus quer ensinar?
         Meus irmãos e minhas irmãs, vamos observar que Marta não é censurada porque trabalha, ela fazia uma obra boa, servia o Mestre e cumpria os deveres da hospitalidade, mas porque “fica agitada, ansiosa, preocupada, inquieta-se por tantas coisas” e, sobretudo, porque se envolve no trabalho sem ter antes escutado a Palavra.  
Maria é elogiada, sim, mas não porque é uma preguiçosa, porque faz de conta que não se importa com o trabalho que deve ser feito na cozinha. Jesus não diz que Marta está errada quando chama Maria para cumprir seus deveres domésticos; não sugere que banque a espertinha e deixe que sua irmã se vire. Só ensina que a coisa mais importante, que merece prioridade total é “a escuta da Palavra”, isto é, se quisermos que a nossa atividade não se reduza a uma agitação, a uma correria e muitas vezes até sem sentido.
         Marta representa a ação e a prática, as atividades concretas a serviço dos irmãos. Mas é preciso cuidar para que o ativismo não nos afaste da escuta da Palavra e da oração. As duas coisas, ação e oração, devem caminhar juntas. Marta e Maria nos ensinam estas duas posturas, oração e trabalho. Jesus quis dizer a Marta que é preciso manter o equilíbrio e a fé para não fazer do serviço motivo de estresse.
         Este Evangelho nos ensina a acolher Jesus na nossa vida e na nossa casa, a ouvi-lo por meio da oração e da escuta da Palavra e a colocar em prática seus ensinamentos no dia a dia da comunidade.
Também nos ensina que existem tantas pessoas de boa vontade, tantos discípulos que se entregam ao serviço de Cristo e dos irmãos, que não economizam tempo e energia, no entanto nesta intensa e generosa atividade aparece um perigo: realizar um trabalho grande sem a “escuta da Palavra.” E sem se abastecer da Palavra, o trabalho se torna cansaço, angústia, confusão, nervosismo como o de Marta.  O trabalho apostólico, o trabalho das comunidades, os projetos pastorais, se não forem orientados pela Palavra, podem reduzir-se a barulho inútil, vão e ineficaz.
         Realmente escutar a Palavra de Deus é a “boa parte” porque a Palavra nos ensina, nos fortalece na esperança, na fé, nos consola, enche o nosso coração de paz, de amor, de gratidão, nos acalma, nos ajuda a enfrentar os problemas da vida, nos corrige, nos indica o caminho do bem, nos leva a salvação, ilumina a nossa caminhada nessa vida.
         Enfim, temos um pouco de Marta e Maria. A perfeição consiste em acolher o Mestre e escutar a sua Palavra, se alimentar dela e depois trabalhar para que o Reino de Deus cresça, assim poderemos servir os irmãos de acordo com a Palavra.

         Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes




Um comentário:

  1. Magnífica esta reflexão!
    Me ajudou muito a montar uma palavra para levar para minha comunidade!
    Deus abençoe!

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