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Fevereiro 2019
Tempo Comum - Anos Ímpares - IV Semana -
Segunda-feira
Lectio
Primeira leitura: Hebreus 11, 32-40
Irmãos: Que mais direi? Faltar-me-ia o tempo
se quisesse falar acerca de Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, David e Samuel e dos
profetas, 33os quais, pela fé, conquistaram reinos, exerceram a justiça,
alcançaram promessas, fecharam a boca de leões, 34extinguiram a violência do
fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza, recobraram a força, tornaram-se
fortes na guerra, e puseram em fuga exércitos estrangeiros. 35Algumas mulheres
recuperaram os seus mortos por meio da ressurreição. Alguns foram torturados, não
querendo aceitar a libertação, para obterem uma ressurreição melhor; 36outros
sofreram a prova dos escárnios e dos flagelos, das cadeias e da prisão. 37Foram
apedrejados, serrados ao meio, mortos ao fio da espada; andaram errantes
cobertos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, atribulados e
maltratados; 38homens de quem o mundo não era digno, andaram vagueando pelos
desertos, pelos montes, pelas grutas e pelas cavidades da terra. 39E todos
estes, apesar de terem recebido um bom testemunho, graças à sua fé, não
alcançaram a realização da promessa, 40porque Deus tinha previsto algo de
melhor para nós, de modo que eles não alcançassem a perfeição sem nós.
Para animar os cristãos que vacilam na fé, o
autor da Carta aos Hebreus faz desfilar diante deles uma longa série de heróis
nacionais, como Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, Samuel e David e outros que não
nomeia explicitamente, mas onde não é difícil vislumbrar Daniel, os três jovens
lançados à fornalha ardente, Elias e Eliseu... Embora sem também lhes referir
os nomes, apresenta uma série de homens e de mulheres que sofreram perseguições
e martírios. Entre eles é fácil identificar Eleázar, a mãe dos Macabeus e seus
filhos, os profetas Zacarias, Jeremias e Elias. Deus não deixou sem recompensa
o testemunho, o esforço e a confiança de todos estes heróis, profetas, santos e
mártires. O seu testemunho tem tanto mais valor quanto não chegaram a ver
cumprida a promessa. O seu exemplo é estimulante para os cristãos que tiveram
essa dita. Não há, pois, razão para vacilar na fidelidade a Cristo, apesar das
perseguições e da saudade dos ritos do templo. A fortaleza dos antigos deve
estimular os destinatários da carta, fazendo-lhes compreender que a estranheza
e a rejeição do mundo em relação a eles é condição normal de quem quer
efectivamente aderir a Deus. A graça recebida em Cristo deve bastar-lhes para
também se tornarem gigantes na fé, uma vez que é maior que a dos Antigos. De
facto, em Jesus já se cumpriram as promessas de Deus.
Evangelho: Mc 5, 1-20
Naquele tempo, 1Jesus e os seus discípulos
chegaram à outra margem do mar, à região dos gerasenos. 2Logo que Jesus desceu
do barco, veio ao seu encontro, saído dos túmulos, um homem possesso de um
espírito maligno. 3Tinha nos túmulos a sua morada, e ninguém conseguia
prendê-lo, nem mesmo com uma corrente, 4pois já fora preso muitas vezes com
grilhões e correntes, e despedaçara os grilhões e quebrara as correntes;
ninguém era capaz de o dominar. 5Andava sempre, dia e noite, entre os túmulos e
pelos montes, a gritar e a ferir-se com pedras. 6Avistando Jesus ao longe,
correu, prostrou-se diante dele 7e disse em alta voz: «Que tens a ver comigo, ó
Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te, por Deus, que não me atormentes!»
8Efectivamente, Jesus dizia: «Sai desse homem, espírito maligno.» 9Em seguida,
perguntou-lhe: «Qual é o teu nome?» Respondeu: «O meu nome é Legião, porque
somos muitos.» 10E suplicava-lhe insistentemente que não o expulsasse daquela
região. 11Ora, ali próximo do monte, andava a pastar uma grande vara de porcos.
12E os espíritos malignos suplicaram a Jesus: «Manda-nos para os porcos, para
entrarmos neles.» 13Jesus consentiu. Então, os espíritos malignos saíram do
homem e entraram nos porcos, e a vara, cerca de uns dois mil, precipitou-se do
alto no mar e ali se afogou. 14Os guardas dos porcos fugiram e levaram a
notícia à cidade e aos campos.As pessoas foram ver o que se passara. 15Ao
chegarem junto de Jesus, viram o possesso sentado, vestido e em perfeito juízo,
ele que estivera possuído de uma legião; e ficaram cheias de temor. 16As
testemunhas do acontecimento narraram-lhes o que tinha sucedido ao possesso e o
que se passara com os porcos. 17Então, pediram a Jesus que se retirasse do seu
território. 18Jesus voltou para o barco e o homem que fora possesso
suplicou-lhe que o deixasse andar com Ele. 19Não lho permitiu. Disse-lhe antes:
«Vai para tua casa, para junto dos teus, e conta-lhes tudo o que o Senhor fez
por ti e como teve misericórdia de ti.» 20Ele retirou-se, começou a apregoar na
Decápole o que Jesus fizera por ele, e todos se maravilhavam.
Escutamos, hoje, um relato popular, de estilo
burlesco, com que as primeiras comunidades cristãs acentuavam o poder benéfico
do «kerygma» de Jesus. O episódio passa-se a oriente do lago de Tiberíades, em
terra pagã, como se vê pela existência da vara de porcos, animais considerados
impuros em Israel. É o caso do epiléptico, que não podia ser controlado pelos
seus conterrâneos e, por isso, vivia no campo ou, pior ainda «entre os
túmulos». A situação é grave e mesmo dramática. Ouvem-se os urros dos demónios,
que reconhecem Jesus, proclamam a sua divindade e suplicam que não os expulse.
Jesus mantém-se imperturbável: pergunta-lhes o nome, e concede-lhes refugiar-se
nos porcos. A precipitação da vara no lago, sugere o seu regresso a Satanás,
rei dos abismos. Os presentes continuam dominados pelo temor e pedem a Jesus
que se afaste.
O anúncio do Evangelho deve ser preparado e exige a mediação da testemunha, do apóstolo. Ao contrário do silêncio que, em Marcos, Jesus geralmente impõe aos miraculados, aqui manda ao possesso libertado que vá levar a notícia aos seus. O homem não se contenta com isso e apregoa na Decápole a obra que Jesus nele realizou.
O anúncio do Evangelho deve ser preparado e exige a mediação da testemunha, do apóstolo. Ao contrário do silêncio que, em Marcos, Jesus geralmente impõe aos miraculados, aqui manda ao possesso libertado que vá levar a notícia aos seus. O homem não se contenta com isso e apregoa na Decápole a obra que Jesus nele realizou.
Meditatio
A Carta aos Hebreus continua a falar-nos da
fé. Hoje apresenta-nos dois quadros opostos, que podemos intitular: vitórias e
derrotas da fé. Pela fé, os Juízes, os Profetas e David fizeram grandes coisas,
alcançaram grandes vitórias: «conquistaram reinos, exerceram a justiça,
alcançaram promessas, fecharam a boca de leões, extinguiram a violência do
fogo» (v. 33-34). Mas, pela mesma fé, outros sofreram «derrotas» não menos
admiráveis, porque manifestaram uma fé mais forte, uma fé que não se deixou
dominar pelas situações e acontecimentos adversos, nem aceitou a apostasia para
alcançar «vitórias». Também em Jesus notamos dois quadros: Jesus que realiza
milagres e suscita a admiração das multidões; Jesus na paixão, condenado,
vilipendiado, crucificado, morto.
O exemplo dos nos
sos antepassados na fé, e especialmente o exemplo de Jesus, hão-de estimular a nossa fragilidade no caminho da fé, também ele tantas vezes marcado por vitórias e derrotas. Talvez tenhamos encontrado o Senhor numa experiência que, certo dia, mudou a nossa vida, ou talvez O tenhamos acolhido depois de eventos muito concretos, depois de um sério confronto com Ele. A fé pediu-nos certamente renúncias a que, num primeiro momento, correspondemos com generosidade e alegria. Mas não é fácil perseverar e testemunhar Cristo num contexto neo-pagão ou num contexto tradicionalista, ligado a costumes e tradições esvaziadas de alma. Pouco a pouco o nosso entusiasmo arrefece, as incompreensões ferem-nos, o isolamento desencoraja-nos. Corremos o risco de nos encontrarmos pouco convencidos e nada convincentes. Mas a fé deve ser continuamente reavivada, como uma pequena chama que frequentemente havemos de aproximar do Espírito para a manter ardente e luminosa. Precisamos de fazer memória de tantos irmãos e irmãs, que deram um esplêndido testemunho de perseverança e nos transmitiram a chama da fé, porque prosseguimos a sua mesma caminhada. Precisamos de voltar, de alma e coração, às circunstâncias do nosso encontro com Jesus e permanecer na sua presença. A memória da graça passada e a visão do futuro que nos espera reanimarão os nossos passos. O Senhor, conhecendo a nossa fraqueza, quer-nos missionários do mundo. Ele próprio nos apoia para que possamos alcançar a promessa juntamente com as grandes testemunhas que nos precederam e que virão depois de nós, às quais havemos de entregar a chama da fé.
O exemplo dos nos
sos antepassados na fé, e especialmente o exemplo de Jesus, hão-de estimular a nossa fragilidade no caminho da fé, também ele tantas vezes marcado por vitórias e derrotas. Talvez tenhamos encontrado o Senhor numa experiência que, certo dia, mudou a nossa vida, ou talvez O tenhamos acolhido depois de eventos muito concretos, depois de um sério confronto com Ele. A fé pediu-nos certamente renúncias a que, num primeiro momento, correspondemos com generosidade e alegria. Mas não é fácil perseverar e testemunhar Cristo num contexto neo-pagão ou num contexto tradicionalista, ligado a costumes e tradições esvaziadas de alma. Pouco a pouco o nosso entusiasmo arrefece, as incompreensões ferem-nos, o isolamento desencoraja-nos. Corremos o risco de nos encontrarmos pouco convencidos e nada convincentes. Mas a fé deve ser continuamente reavivada, como uma pequena chama que frequentemente havemos de aproximar do Espírito para a manter ardente e luminosa. Precisamos de fazer memória de tantos irmãos e irmãs, que deram um esplêndido testemunho de perseverança e nos transmitiram a chama da fé, porque prosseguimos a sua mesma caminhada. Precisamos de voltar, de alma e coração, às circunstâncias do nosso encontro com Jesus e permanecer na sua presença. A memória da graça passada e a visão do futuro que nos espera reanimarão os nossos passos. O Senhor, conhecendo a nossa fraqueza, quer-nos missionários do mundo. Ele próprio nos apoia para que possamos alcançar a promessa juntamente com as grandes testemunhas que nos precederam e que virão depois de nós, às quais havemos de entregar a chama da fé.
Oratio
Senhor, a nossa vida é marcada por vitórias
que nos consolam e por derrotas que nos deixam desolados. Dá-nos o teu Espírito
santo para que saibamos aproveitar de umas e de outras. As coisas positivas
fazem-nos ver a fecundidade da fé, mas sabemos que elas são terrestres e que
havemos de ir além delas; as coisas negativas ajudam-nos a voltar-nos para as
coisas do céu, e a procurar os verdadeiros valores espirituais. Assim estaremos
unidos ao mistério da morte e da ressurreição de Jesus, teu Filho, e, com Ele,
alcançaremos vitória sobre o mundo. Foi Ele que nos disse: «Tende confiança, Eu
venci o mundo». Temos confiança, Senhor! Mas aumenta-a e aumenta a nossa fé!
Amen.
Contemplatio
«Rejeitai toda a impureza, todo o fermento de
malícia; e recebei com docilidade a Palavra enxertada em vós, e que pode salvar
as vossas almas. Tende cuidado em observar esta palavra e não vos contenteis em
escutá-la seduzindo-vos a vós mesmos; porque aquele que recebe a palavra e não
a cumpre parece-se a um homem que observa o seu rosto num espelho, e depois de
se ter observado, vai-se embora, e esquece-se naquele mesmo instante de como
era. Mas aquele que medita a lei de perfeição, a lei que liberta as nossas
almas do pecado e que a ela se agarra, fazendo o que escuta, esse será feliz e
abençoado, nas suas obras» (Tg 1, 21). - «Meus irmãos, de que servirá a um
homem dizer que tem fé, se não tem as obras! A fé poderá salvá-lo?» Se a um dos
vossos irmãos faltar vestuário ou alimento e se algum de entre vós lhe disser:
«Ide em paz, aquecei-vos, saciai-vos!» sem nada lhe dar, de que lhe servirão os
vossos desejos? A fé que não tem obras está morta. Outro pode vir dizer-vos:
«Onde estão os efeitos da vossa fé? Quanto a mim, mostro a minha fé pelas
minhas obras. - Vós acreditais em Deus, fazeis bem; os demónios também
acreditam e tremem. - Quereis provas de que a fé sem obras é morta? Considerai
Abraão: não foi ele justificado pelas suas obras, quando ofereceu o seu filho
Isaac sobre o altar? A sua fé cooperava com as suas obras, foi consumada pelas
suas obras: é o que a Escritura exprime dizendo: Abraão acreditou no que Deus
lhe tinha dito, a sua fé foi-lhe imputada à justiça, e foi chamado o amigo de
Deus. O homem é justificado pelas obras unidas à fé e não pela fé só. Vedes
ainda Rahab a cortesã, ela acreditou no Deus de Israel (Jos 2, 2), mas não foi
às suas obras que ela deveu a sua salvação, porque ela recebeu os enviados de
Josué e os fez escapar àqueles que os procuravam? A fé sem as obras é morta, é
um corpo sem alma» (Tg 2, 14). (Leão Dehon, OSP 3, p. 99s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Tende confiança, Eu venci o mundo» (Jo 16, 33).
«Tende confiança, Eu venci o mundo» (Jo 16, 33).
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