terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

-6º DOMINGO DO TEMPO COMUM-C-José Salviano


6º DOMINGO DO TEMPO COMUM

17 de Fevereiro de 2019

 

Evangelho Lc 6,17.20-26

 

AS BEM-AVENTURANÇAS- Lc 6,17.20-26-José Salviano

Jesus estava diante de uma multidão de famintos, desesperançados, doentes, pobres, pecadores, etc.  Porém, entre eles, haviam os curiosos que estavam ali somente para ouvir o que Jesus iria falar, com o intuito de pegar alguma palavra que pudesse ser usada para a sua própria incriminação, e futura condenação.
Por que Jesus, por onde andava, Ele atraía não somente os bons, como também os maus, os mal-intencionados, invejosos e assim por diante.
E então foi para aquela gente toda ali presente que Jesus proclamou as Bem-aventuranças. Que na verdade, formam um conjunto de inversões de valores. Uma inversão dos valores os quais pairavam nas cabeças dos judeus. Ou seja, eles acreditavam que Deus amava os ricos e poderosos, e os pobres eram os desprezados pelo Pai.
Assim como acontece nos dias de hoje. A mídia nos faz uma verdadeira lavagem cerebral, e semeia nas nossas mentes que o poder político, e  o poder financeiro são os o melhores que existem! E que o ser religioso é coisa do passado, sem nenhuma importância vital. E também vemos muitos supostos evangelizadores, que usam a Bíblia para ganhar poder político e muito dinheiro explorando os humildes e ingênuos, com promessas de curas e prosperidade imediata.
O Sermão em que Jesus proclama as bem-aventuranças, é dividido em oito partes, sendo que as quatro primeiras dirigem-se aos que sofrem opressão e exploração do sistema social, esperando a intervenção libertadora de Deus. São os pobres que choram e esperam por justiça. As quatro últimas apontam para aqueles que se empenham em uma prática transformadora do mundo. São os misericordiosos que se solidarizam com os sofredores; os que são desapegados das riquezas e bondosos para com os mais necessitados; os que promovem a vida e a paz, comprometendo-se com a luta pela implantação da justiça característica do   seguimento de Jesus.
Nas quatro primeiras bem-aventuranças Jesus fala para aqueles que sofrem por algum tipo de deficiência, física (aleijados), mental (pouca inteligência), ou social (injustiça).
Assim, os pobres de espírito são aqueles que sabem que não são do mesmo nível social e mental que aqueles com os quais convivem, e apesar disso não se revoltam, estão conformados consigo mesmos, sofrem com paciência e apego com Deus. Esses um dia terão o céu garantido pelo próprio Jesus Cristo. Mas porque essas pessoas existem se Deus é amor, poderoso e bom?  Elas existem para que possamos praticar a caridade. Sem elas como poderíamos ser caridosos partilhando um pouco do que temos através da esmola?
Os que choram humildemente  por algum tipo de sofrimento terreno tem os seus pecados perdoados e serão consolados na Vida Eterna.
Os humildes, aqueles que não se revoltam contra o Pai, aqueles que aceitam sem reclamar a sua posição em relação aos poderosos e até servem os ricos, limpando sua sujeira, preparando sua comida, cuidando dos seus bens, e que nem sempre recebem o que merecem em forma de pagamento. Jesus prometeu que Deus vai lhes recompensar por tanto prejuízo.
E os que são caluniados e injustiçados pelo fato de servirem a Deus e ao Reino, não se preocupem. Pelo contrário, fique feliz, porque na Vida Eterna, tudo será diferente. Tudo vai ser recompensado como Jesus prometeu. Tudo será transformado em alegrias infindas.
Os outros quatro tipos de pessoas são aqueles que se compadecem dos pobres, e dos deficientes de vários tipos. São aqueles que se compadecem de fato e não só de palavras. São misericordiosos e tratam os excluídos com justiça, bondade e às vezes com firmeza. Pois nem sempre  é bom dar comida na boca de quem pede. Nem sempre é bom dar o peixe, mais sim o anzol para ele ir pescar. Isso no caso dos preguiçosos, se bem que a preguiça também é um tipo de deficiência nata. Porém, quando a pessoa estiver mesmo caída, não tem jeito.  Assim, se tivermos misericórdia dessas pessoas, Deus também vai ter misericórdia de nós, segundo a  explicação de Jesus no Sermão da montanha.
Aqueles de corações puros, que não tramam  nenhum mal para os outros, que não desejam o mal do próximo, que não cobiçam a mulher do próximo, que não levantam falso testemunho, que não falsificam documento para lesar o parente com relação à herança, que não pensam mal das pessoas, etc, esses verão a Deus. Que maravilha!
E aqueles que evitam brigas, que separam os que estão brigando, que se esforçam para que haja paz, na família e na comunidade, na sociedade, e no mundo, serão tratados como filhos de Deus.
E os catequista, padres, freiras, ministros e todos aqueles que levam a mensagem de Cristo às pessoas, e por isso são caluniados, injustiçados, e perseguidos, não liguem para tudo isso! Não se preocupem!  Pelo contrário, fiquem alegres, porque grande será a nossa recompensa  no Céu! E é bom repetir aqui o que Jesus disse em outra ocasião, para aqueles que derem esmola. "Quem dá 1,0 na Terra, receberá 100 no Céu" Este, com certeza, é o melhor investimento, o melhor tesouro que podemos acumular.

José Salviano.
SEGUNDA HOMILIA

Primeira Leitura: Jeremias 17,5-8
        Jeremias compara o homem que confia no Senhor a uma árvore localizada às margens de um rio a qual lança suas raízes até o lençol freático para obter água. Pode a seca ser longa que essa árvore permanecerá verde, ao contrário, das suas vizinhas que perdem as folhas e podem até morrer.
        Assim também é homem, ou a mulher que deposita sua confiança em Deus. Pode bater um vento forte, uma tempestade, ou qualquer tipo de problema que ele está sempre tranquilo, pois sabe que Deus vai protegê-lo ou providenciar uma solução. Em sua volta muitos sofrem. Com o desemprego, com a falta de dinheiro, separação e outros problemas. O homem de Deus ajuda na medida do possível seus amigos e parentes que sofrem, mais nada vai acabar por completo o sofrimento deles. Pois a solução de tudo aquilo se encontra em suas próprias mente, uma decisão, apenas. Acreditar em Deus, ou voltar-se para Deus, e deixá-lo governar as suas vidas.  

SEGUNDA LEITURA: 1º Coríntios 15, 12.16-20

        Prezados irmãos, e irmãs. Hoje na carta de Paulo aos Coríntios vamos refletir sobre ressurreição de Jesus Cristo. Ora, sabemos que o ato de Jesus voltar à vida é fato consumado, é fato histórico, comprovado pelas suas várias aparições. Aquele que não acreditar nisso tem uma fé pela metade, mutilada incompleta.
        Paulo, o inspirado pelo Espírito de Deus, também nos explica que: Se é só para esta vida que temos colocado a nossa esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais dignos de lástima.
        Isto porque tem pessoas que até acreditam em Deus. Porém, vivem como se tudo terminasse aqui. Como se não houvesse outra vida. Aqueles que podem, compram tudo que o dinheiro pode comprar, comem, bebem, se divertem, como se tudo não passasse dessa vida terrena. Para eles não existem a outra vida eterna, anunciada pelo próprio Jesus Cristo.
        Isso é lastimável como disse Paulo. Mas nós, vamos trabalhar para reduzir estes questionamentos de fé. Interpretando e explicando com a ajuda de Espírito Santo o significado da ressurreição e da Vida Eterna para os nossos irmãos.
  
Evangelho: Lucas 6,17.20-26
        Os doutores da Lei que eram religiosos teóricos, pois eram eles quem faziam as leis, ou os preceitos. E os fariseus, que eram os especialistas no cumprimento da Lei e se vangloriavam disso, construíram uma escala de valores totalmente absurda e desumana. Eles acreditavam, e faziam o povo também acreditar, que a pobreza assim como a doença, eram castigos de Deus. E a riqueza, era um prêmio deste mesmo Deus, aos seus filhos muito amados e, portanto felizes.
        No Evangelho de hoje, Jesus vira a mesa e inverte esta escala de valores ao dizer que bem-aventurados ou felizes são os pobres, os que passam fome, os que choram e especialmente os puros de espírito. Repare que Jesus está enfrentando a elite dominante, sem nenhum medo. Ele está desmantelando toda a escala de valores vigente, e construindo outra totalmente nova.
        Parece uma ironia quando Jesus diz que os pobres e os famintos são felizes. Mas acontece que além de serem saciados na vida eterna, os pobres já são felizes nesta vida, porque a situação de miséria aproxima as pessoas de Deus. Aquele ou aquela que está carente sem ter para onde correr, sem ter para quem reclamar seus direitos por que na prática não têm direito a nada, recorrem a Deus. Entregam suas vidas ao Criador, e pedem diariamente um alívio para os seus sofrimentos. E ao se aproximarem de Deus impelidos pelo sofrimento, o pobre se purifica, se santifica e se torna merecedor da vida eterna. Porém, para que tudo isso aconteça, é preciso que sejam puros de coração. A pureza de coração é quase uma santidade. É ser um imitador de Cristo na sua caminhada para o calvário, onde sofreu o flagelo sem dizer uma única palavra de revolta. Na cruz Jesus ainda reza pedindo ao Pai que perdoasse aqueles que o estão matando, pois se soubessem ou acreditassem que Ele era o Filho de Deus, não estariam fazendo aquilo. Assim Jesus disse: "Pai. Perdoai-lhes porque não sabem o que fazem".  Portanto, o puro de coração é aquele que não tem inveja daquele que tem, não reclama do seu sofrimento, não pensa mal dos outros, não planeja a derrota do seu semelhante, não "joga sujo" com ninguém, etc.
        Mas ai de vós, ricos, porque tendes a vossa consolação. Ai de vós, que estais fartos, porque vireis a ter fome! Ai de vós, que agora rides, porque gemereis e chorareis! Ai de vós, quando vos louvarem os homens, porque assim faziam os pais deles aos falsos profetas!
         Estas são as palavras do Filho de Deus. Não são nossas. Nós aqui apenas fazemos comentários ou refletimos em cima do que Jesus disse. Repare que Jesus afirma que os ricos já têm nesta vida  a sua consolação, toda a alegria, que os pobres não têm. Portanto, não terão mais nada a receber na outra vida.
        Imaginemos uma cidade A e uma cidade B.  Na cidade A o agito era total. Havia muita ambição e muita riqueza, muita alegria, muito prazer, nada de religião, muito menos de Deus. A busca incansável pelas coisas materiais e pelo conforto gerava cada vez mais uma grande insatisfação, pois o ser humano é insaciável  em termos de aquisição. Quanto mais temos, mais queremos ter e nunca estamos satisfeitos com o que temos. Portanto, a vida na cidade A, não obstante toda riqueza, todo luxo, todo prazer sem limites, chegou a um ponto de saturação, de insatisfação, de sorrisos falsos, em fim, por incrível que pareça, aquele vazio no interior daquelas pessoas gerado pela ausência de Deus, as levou à infelicidade.
        O povo da cidade B não era rico, mais também não eram pobres. Possuíam apenas o suficiente para viver. Não tinham ambição nem grandes preocupações com o dia de amanhã. Acreditavam em Deus e em seus mistérios.  Vivam constantemente em comunhão dom esse Deus e em comunhão uns com os outros. A falta de ambição era portanto, a marca principal daquelas pessoas. Alguns já haviam vivido o delírio de uma experiência com Deus.  E apesar de não terem luxo, fartura, e conforto excessivo, aquelas pessoas pareciam muito tranquilas e felizes.
        Prezados irmãos. Não estamos crucificando os nossos irmãos ricos e santificando os pobres. Como sabemos, existem muitos pobres com mentalidade de ricos. A pobreza também pode afastar uma pessoa da amizade com Deus.  Depois de tanto fracasso, de tanta miséria, algumas pessoas podem se revoltar contra o próprio Criador, e as consequências deste fato não são nada agradáveis.
        Por outro lado, existem muitos ricos caridosos, de alma e coração bom. Jesus, diante da pergunta dos apóstolos: Afinal, quem poderá se salvar? Respondeu: "Para Deus, nada é impossível". Isso significa que toda regra tem exceção, significa que não podemos afirmar que todo rico está condenado, porque quem nos julgará é o próprio Jesus.
        Jesus ensinava através de parábolas. Então vamos tentar inventar aqui uma parábola?  É assim:  
        Era uma vez um homem muito rico, na verdade, era o mais rico do mundo. Ele ficou tão rico porque Deus lhe deu o dom de inventar um certo produto que revolucionou o destino da humanidade.  Esse homem riquíssimo era muito bom. Havia criado várias instituições de caridade para os pobres nas áreas mais carentes do Planeta.
        O seu maravilhoso produto passou a ser usado por milhões de pessoas no mundo inteiro, e nem sempre pagavam o seu verdadeiro preço. E ele sabia que estava sendo lesado. Mais não se importava, e até achava graça disso. Ele tinha ganhado tanto dinheiro, mais tanto dinheiro que deixava  o mundo inteiro se beneficiar com a sua invenção. Afinal, ele tinha a consciência que tudo aquilo foi Deus quem lhe deu. Esse milionário bondoso queria partilhar com a humanidade, a  sua imensa riqueza. Com certeza esse bom homem estará um dia na glória eterna. Você não acha?  Ah! Se você souber o nome desse milionário bondoso, conta para nós!   

José Salvivano

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