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Janeiro 2019
Tempo Comum - Anos Ímpares - III Semana -
Terça-feira
Lectio
Primeira leitura: Hebreus 10, 1-10
1Irmãos: A lei de Moisés, possuindo apenas a sombra
dos bens futuros e não a expressão própria das coisas, a Lei nunca pode
conduzir à perfeição aqueles que participam nos sacrifícios que se oferecem
constantemente cada ano. 2Não se teria porventura deixado de os oferecer, se os
que prestam culto, purificados de uma vez por todas, já não tivessem
consciência de algum pecado? 3Pelo contrário, com esses sacrifícios,
recordam-se anualmente os pecados, 4uma vez que é impossível que o sangue dos
touros e dos bodes apague os pecados. 5Por isso, ao entrar no mundo, Cristo
diz:Tu não quiseste sacrifício nem oferenda, mas preparaste-me um corpo. 6Não
te agradaram holocaustos nem sacrifícios pelos pecados. 7Então, Eu disse: Eis
que venho - como está escrito no livro a meu respeito - para fazer, ó Deus, a
tua vontade. 8Disse primeiro: Não quiseste nem te agradaram sacrifícios,
oferendas e holocaustos pelos pecados - e, no entanto, eram oferecidos segundo
a Lei. 9Disse em seguida: Eis que venho para fazer a tua vontade. Suprime,
assim, o primeiro culto, para instaurar o segundo. 10E foi por essa vontade que
nós fomos santificados, pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez
para sempre.
A antiga Lei prescrevia complexos ritos de
purificação e exigia a repetida oferta de vítimas em sacrifício: sangue de
touros e de bodes. Esses sacrifícios mantinham viva a consciência de pecado no
povo, mas eram insuficientes para extirpar esse pecado e reconduzir o povo à
liberdade. Um rito exterior não pode curar automaticamente uma ferida interior
que tem origem na desobediência a Deus, na soberba rebelião contra a sua
vontade. Depois da queda dos nossos primeiros pais, a natureza humana é
inclinada para o mal e, de facto, a inclinação torna-se pecado realizado que,
por sua vez, torna cada vez mais fáceis novas quedas. Daí decorre um estado de
escravidão permanente.
Jesus veio ao mundo para percorrer, por primeiro, o caminho de regresso ao Pai, abrindo também aos homens esse caminho, que é o único que leva à salvação. Sendo Filho de Deus, abaixou-Se à condição humana e fez-se obediente até à morte de cruz. Fomos santificados graças à sua entrega sacrificial obediente, e não a determinados sacrifícios ou práticas rituais.
Fala-se da oblação do corpo e não do sangue de Cristo. A palavra corpo é utilizada devido à expressão do Salmo: «preparaste-me um corpo» (v. 5). Esta oblação inclui, na só a oferta no momento da Encarnação - ao entrar no mundo - mas a entrega de toda a sua vida ao serviço da vontade de Deus. Essa entrega culminou na cruz. Quer quando se fala do corpo, como quando se menciona o sangue, o que está em causa é a total auto-entrega de Cristo.
Jesus veio ao mundo para percorrer, por primeiro, o caminho de regresso ao Pai, abrindo também aos homens esse caminho, que é o único que leva à salvação. Sendo Filho de Deus, abaixou-Se à condição humana e fez-se obediente até à morte de cruz. Fomos santificados graças à sua entrega sacrificial obediente, e não a determinados sacrifícios ou práticas rituais.
Fala-se da oblação do corpo e não do sangue de Cristo. A palavra corpo é utilizada devido à expressão do Salmo: «preparaste-me um corpo» (v. 5). Esta oblação inclui, na só a oferta no momento da Encarnação - ao entrar no mundo - mas a entrega de toda a sua vida ao serviço da vontade de Deus. Essa entrega culminou na cruz. Quer quando se fala do corpo, como quando se menciona o sangue, o que está em causa é a total auto-entrega de Cristo.
Evangelho: Mc 3, 31-35
Naquele tempo, 31chegam à casa onde estava
Jesus, sua Mãe e seus irmãos que, ficando do lado de fora, o mandam chamar. 32A
multidão estava sentada em volta dele, quando lhe disseram: «Estão lá fora a
tua mãe e os teus irmãos que te procuram.» 33Ele respondeu: «Quem são minha mãe
e meus irmãos?» 34E, percorrendo com o olhar os que estavam sentados à volta
dele, disse: «Aí estão minha mãe e meus irmãos. 35Aquele que fizer a vontade de
Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe.»
Depois do julgamento do «tribunal» de
Jerusalém, vem o julgamento dos «seus», conterrâneos e parentes, que dizem que
Ele está louco. Alguns autores vêem neste texto ecos de uma desconfiança que
existia em relação à comunidade judeo-cristã de Jerusalém, cujo bispo era
Tiago, «irmão» do Senhor, pertencente ao grupo de Nazaré, cuja hostilidade para
com o Senhor é sublinhada por Marcos (cf. 6, 3). Os parentes do Senhor
lideravam a igreja de Jerusalém e também há quem veja no texto de Marcos
resíduos de uma polémica contra o perigo do nepotismo na Igreja.
Como quer que seja, não podemos ver neste texto qualquer atitude de menosprezo pela Mãe, nem pelos afectos humanos. Marcos não trata desses temas, mas aproveita o ensejo para criar uma situação paradoxal que dá maior realce aos vv. 34s., que são o cume do episódio.
Todos quantos rodeiam Jesus, ainda que simples curiosos, discípulos hesitantes ou apóstolos tardos em compreender, ou mesmo traidores, são mãe e irmãos. Ser irmão de Jesus, não é questão de sangue, de mérito, mas de graça: «Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe», por que se torna «filho de Deus».
Como quer que seja, não podemos ver neste texto qualquer atitude de menosprezo pela Mãe, nem pelos afectos humanos. Marcos não trata desses temas, mas aproveita o ensejo para criar uma situação paradoxal que dá maior realce aos vv. 34s., que são o cume do episódio.
Todos quantos rodeiam Jesus, ainda que simples curiosos, discípulos hesitantes ou apóstolos tardos em compreender, ou mesmo traidores, são mãe e irmãos. Ser irmão de Jesus, não é questão de sangue, de mérito, mas de graça: «Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe», por que se torna «filho de Deus».
Meditatio
As duas leituras de hoje iluminam-se
reciprocamente. «Aquele que fizer a vontade de Deus, esse é que é meu irmão,
minha irmã e minha mãe», diz-nos Jesus no evangelho. Lemos na Carta aos
Hebreus: «Tu não quiseste sacrifício nem oferenda, mas preparaste-me um
corpo... Então, Eu disse: Eis que venho para fazer, ó Deus, a tua vontade». E
continua: «E foi por essa vontade que nós fomos santificados, pela oferta do
corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre» (v. 10).
A vontade de Deus é, pois, um tesouro inestimável para nós. Mas não o aceitamos espontaneamente. Porquê? Porque provavelmente temos uma estreita visão da obediência e de estranhos preconceitos contra a vontade de Deus... Muitas vezes falamos de vontade de Deus nas provações, nos sofrimentos: «É vontade de Deus!», dizemos resignados. Isto pode ser um primeiro passo, mas não é toda a verdade. Para Jesus, a vontade de Deus era a ressurreição, não a morte! A morte era apenas uma passagem muito dolorosa, mas uma passagem rumo à transformação da natureza humana. Por isso, não podemos deter-nos na morte. A vontade de Deus é a transformação, a alegria. Por isso, havemos de viver as circunstâncias dolorosas, não só com resignação, mas também com confiança e adesão, com esperança. Deus quer realizar algo de positivo, que será a nossa alegria. A sua vontade é triunfar sobre tudo quanto é negativo. Lemos no salmo 18: «Atacaram-me no dia da minha desgraça, porém, o Senhor foi o meu amparo. Levou-me a um espaço aberto, libertou-me porque me quer bem» (Sl 18, 19-20). «Porque me quer bem»: a vontade de Deus é o seu querer-me bem!
Na plenitude da revelação, Jesus irá declarar: «A vontade daquele que me enviou é esta: que Eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu, mas o ressuscite no último dia» (Jo 6, 39). Se a vontade de Deus é o nosso bem, que é então a obediência? Desde o «eis-me aqui!» de Abraão ao «eis-me aqui!» de Maria, do «eis-me aqui!» de Jesus ao «eis-me aqui!» de todos quantos Lhe seguem os passos, ela revela-
se como um cântico nupcial que brota do coração desejoso de cooperar no desígnio divino da salvação. A obediência não é fria execução de severas ordens, mas o apaixonado envolvimento de toda a pessoa num confiante abandono Àquele que é omnipotente, mas também Pai; Altíssimo, mas também Emanuel, Deus-connosco. A obediência tem momentos difíceis, mas pressentirá sempre ao seu lado os passos d´Aquele que nos precede levando, por nosso amor, a sua e nossa cruz.
Segundo a expressão do Directório Espiritual, Cristo é «Aquele que nos precedeu neste caminho, que o tornou praticável e que deixou atrás de Si, como sinais dos Seus passos, pegadas sangrentas. Tal é a nossa vocação». O caminho de Cristo é o nosso caminho (cf. Cst 12). Neste caminho, caracterizado pelo abandono à vontade do Pai, pela oblação de amor, somos guiados e apoiados pelo Espírito (cf. Cst 16), que nos faz reviver, na fidelidade dinâmica, a «experiência de fé do P. Dehon», o qual escolheu como motes da sua vida: «Ecce venio... eis-me aqui!» (Heb 10,7): «Senhor, que queres que eu faça?» (Act 9, 6); "Fiat...faça-se!".
Contemplar a Cristo na Sua obediência-oblação filial ao Pai, e vivê-la, é uma contemplação, uma forma de vida tipicamente dehoniana. É ser «Oblatos, Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus» (Cst 6).
A vontade de Deus é, pois, um tesouro inestimável para nós. Mas não o aceitamos espontaneamente. Porquê? Porque provavelmente temos uma estreita visão da obediência e de estranhos preconceitos contra a vontade de Deus... Muitas vezes falamos de vontade de Deus nas provações, nos sofrimentos: «É vontade de Deus!», dizemos resignados. Isto pode ser um primeiro passo, mas não é toda a verdade. Para Jesus, a vontade de Deus era a ressurreição, não a morte! A morte era apenas uma passagem muito dolorosa, mas uma passagem rumo à transformação da natureza humana. Por isso, não podemos deter-nos na morte. A vontade de Deus é a transformação, a alegria. Por isso, havemos de viver as circunstâncias dolorosas, não só com resignação, mas também com confiança e adesão, com esperança. Deus quer realizar algo de positivo, que será a nossa alegria. A sua vontade é triunfar sobre tudo quanto é negativo. Lemos no salmo 18: «Atacaram-me no dia da minha desgraça, porém, o Senhor foi o meu amparo. Levou-me a um espaço aberto, libertou-me porque me quer bem» (Sl 18, 19-20). «Porque me quer bem»: a vontade de Deus é o seu querer-me bem!
Na plenitude da revelação, Jesus irá declarar: «A vontade daquele que me enviou é esta: que Eu não perca nenhum daqueles que Ele me deu, mas o ressuscite no último dia» (Jo 6, 39). Se a vontade de Deus é o nosso bem, que é então a obediência? Desde o «eis-me aqui!» de Abraão ao «eis-me aqui!» de Maria, do «eis-me aqui!» de Jesus ao «eis-me aqui!» de todos quantos Lhe seguem os passos, ela revela-
se como um cântico nupcial que brota do coração desejoso de cooperar no desígnio divino da salvação. A obediência não é fria execução de severas ordens, mas o apaixonado envolvimento de toda a pessoa num confiante abandono Àquele que é omnipotente, mas também Pai; Altíssimo, mas também Emanuel, Deus-connosco. A obediência tem momentos difíceis, mas pressentirá sempre ao seu lado os passos d´Aquele que nos precede levando, por nosso amor, a sua e nossa cruz.
Segundo a expressão do Directório Espiritual, Cristo é «Aquele que nos precedeu neste caminho, que o tornou praticável e que deixou atrás de Si, como sinais dos Seus passos, pegadas sangrentas. Tal é a nossa vocação». O caminho de Cristo é o nosso caminho (cf. Cst 12). Neste caminho, caracterizado pelo abandono à vontade do Pai, pela oblação de amor, somos guiados e apoiados pelo Espírito (cf. Cst 16), que nos faz reviver, na fidelidade dinâmica, a «experiência de fé do P. Dehon», o qual escolheu como motes da sua vida: «Ecce venio... eis-me aqui!» (Heb 10,7): «Senhor, que queres que eu faça?» (Act 9, 6); "Fiat...faça-se!".
Contemplar a Cristo na Sua obediência-oblação filial ao Pai, e vivê-la, é uma contemplação, uma forma de vida tipicamente dehoniana. É ser «Oblatos, Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus» (Cst 6).
Oratio
Ó Jesus, sacerdote misericordioso, que ao
entrar no mundo Te ofereceste ao Pai: «Eis-me aqui para fazer a tua vontade!»;
reforça em nós a mesma disposição que animou o teu coração de Filho. À tua
obediência de amor queremos unir a oferta da nossa obediência, mesmo quando
exigir de nós um maior desapego. Aceita a nossa vida que desejamos oferecer-Te
até ao sacrifício total de nós mesmos. Que o teu Espírito nos torne atentos à
tua vontade em todas as circunstâncias da vida, e a tua graça nos mova a uma
fraterna dedicação para que venha o teu reino de amor. Amen.
Contemplatio
Aqui está o que Jesus e Maria nos pedem. Não
procuremos na devoção as consolações sensíveis. Se elas vêm, seja! Agradeçamos.
Mas vamos sempre ao amor viril e forte como os Magos e os santos. É pela
vontade que nós nos santificamos e não pelas impressões. Qual é a regra de
conduta de Jesus? Ele disse-nos no salmo trinta e nove e S. Paulo no-lo repete
na epístola aos Hebreus: «Cristo, ao entrar no mundo disse: Meu Pai, já não
quereis vítimas da Antiga Lei, eis-me aqui, Ecce venio, para cumprir a vossa
vontade». E muitas vezes Nosso Senhor repetirá na sua vida que faz a vontade do
seu Pai. É a sua vida, é o seu programa, é a lei do seu coração, é a sua
resolução de todos os dias. - Cumpramos a vontade divina marcada pelas nossas
regras, pelos preceitos divinos, pelas prescrições dos nossos superiores.
Aceitemos as provas da vida e toda a conduta da Providência. É isso o que se
chama o amor viril e forte. (Leão Dehon, OSP 3, p. 96s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Eis-me aqui, ó Deus, para fazer a tua vontade» (Heb 19, 7):
«Eis-me aqui, ó Deus, para fazer a tua vontade» (Heb 19, 7):
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