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Janeiro 2019
Tempo do Natal – Sexta-feira depois da
Epifania
Primeira leitura: 1 João 5, 5-13
Caríssimos: 5*E quem é que vence o mundo senão
aquele que crê que Jesus é
Filho de Deus? 6*Este, Jesus Cristo, é aquele
que veio com água e com sangue; e não só com a água, mas com a água e com o
sangue. E é o Espírito quem dá
testemunho, porque o Espírito é a verdade.
7Pois são três os que dão testemunho: 8o
Espírito, a água e o sangue; e os três
coincidem no mesmo testemunho. 9*Se aceitamos o testemunho dos homens, maior é
o testemunho de Deus; e o testemunho
de Deus está em que foi Ele a dar testemunho a
respeito do seu Filho. 10*Quem crê no Filho de Deus tem esse testemunho consigo.
Quem não crê em Deus faz de Deus mentiroso, uma vez que não crê no testemunho
que Deus deixou a favor do seu Filho.
11*E este é o testemunho: Deus deu-nos a vida
eterna, e esta vida está no seu Filho.
12*Quem tem o Filho de Deus tem a vida; quem
não tem o Filho também não tem a
vida. 13*Escrevi-vos estas coisas, a vós que
credes no nome do Filho de Deus, para que tenhais a certeza de ter convosco a
vida eterna.
A vitória do cristão sobre o mundo é a fé.
Para alcançar essa vitória, precisa de enfrentar uma luta interior e exterior
contra tudo o que é mundano e realizar a vontade de Deus. A certeza da vitória
vem da força da vida divina e da união com Deus. Portanto, é a fé em Cristo,
Filho de Deus, o único meio para vencer o mundo (v. 5; cf. Jo 20, 30-31).
Jesus veio para dar a vida e, quem acredita
nele, tem a vida eterna (cf. v. 21). Esta vida eterna, que Jesus trouxe à
humanidade é certa, porque Ele a ofereceu no começou da sua vida pública pelo
baptismo («água») (cf. Jo 1, 31), e o fim da sua existência terrena pela morte
na cruz («sangue») (cf. Jo 6, 51; 19, 34), e sempre actualizada na Eucaristia.
É sobre este testemunho tríplice e concorde
que se funda a manifestação de Deus em Cristo, seu Filho ( vv. 7-8). Há aqui
reflexos da polémica do Apóstolo contgra os gnósticos que afirmavam que a
divindade de Jesus se uniu à humanidade n o baptismo, mas na morte se separou
da humanidade, de tal modo que apenas morreu o homem Jesus. Quem refuta este
testemunho do Espírito de Deus, recusa a fé em Cristo, que é esta união de vida
e de morte. A acção do Espírito entretece a vida sacramental (baptismo,
confirmação, eucaristia), por meio da qual o crente é inserido no mistério de
Cristo e é~e capaz de dar testemunho dele e viver em comunhão com Deus (vv.
11-13).
Evangelho: Lucas 5, 12-16
Naquele tempo: 12*Estando Jesus numa das
cidades, apareceu um homem coberto de lepra. Ao ver Jesus, caiu com a face por
terra e dirigiu-lhe esta súplica: «Senhor, se quiseres, podes purificar-me.»
13Jesus estendeu a mão e tocou-lhe, dizendo: «Quero, fica purificado.» E
imediatamente a lepra o deixou. 14*Ordenou-lhe, então, que a ninguém o
dissesse, mas acrescentou: «Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua
purificação o que Moisés ordenou, para lhe servir de prova.» 15A sua fama
espalhava-se cada vez mais, juntando-se grandes multidões para o ouvirem e para
que os curasse dos seus males. 16*Mas Ele retirava-se para lugares solitários e
aí se entregava à oração.
Jesus cura um leproso e mando-o ao sacerdote
para fazer a oferta pela purificação (cf. Lv 14) e para servir de testemunho a
todos da sua presença messiânica no meio do povo. O judaísmo, de facto,
considerava a cura da lepra um dos sinais d
a vinda do Messias (cf. Lc 7, 22).
a vinda do Messias (cf. Lc 7, 22).
A cura é descrita com alguns elementos
típicos: o pedido do doente («Senhor, se quiseres, podes purificar-me»: v. 12),
a resposta positiva de Jesus, que toca o doente e o cura («Quero, fica
purificado.»: v. 13), o envio ao sacerdote («Vai mostrar-te ao sacerdote…»: v.
14). O leproso, marginalizado da comunidade, depois de curado é reinserido
nela. Esta cura é também símbolo do perdão e da misericórdia de Deus, e é
fundamento da vida da Igreja (cf. Jo 20, 23).
Uma nota final de Lucas apresenta um aspecto
particular da pessoa de Jesus: depois da cura, e no meio da fama que se
espalha, Jesus retira-se a sós para rezar. É da oração que vem a força de Jesus
e o seu fascínio irresistível. A oração serve-lhe também para rever a sua
missão à luz do projecto do Pai.
Meditatio
Jesus é, não só mestre, mas também modelo de
oração.
S. Lucas é o evangelista que mais se compraz em apresentar Jesus em
S. Lucas é o evangelista que mais se compraz em apresentar Jesus em
oração, especialmente sobre os montes e em
lugares solitários: “Jesus… foi conduzido pelo Espírito ao deserto” (Lc 4, 1;
cf. Mt 4, 1; Mc 1, 12); “Jesus retirava-se para lugares solitários a fim de
rezar” (Lc 5, 16; cf. 9, 18; 11, 1; 22, 40-46); “Jesus subiu ao monte para
rezar e passou toda a noite em oração” (Lc 6, 12; cf. 9, 28; Mc 6, 46; Jo 6,
15). S. Lucas recorda também duas orações de Jesus na cruz sobre o Calvário:
“Pai, perdoa- lhes porque não sabem o que fazem” (23, 34) e “Pai, nas tuas mãos
entrego o Meu espírito” (23, 46). É evidente a predilecção de Jesus pelo
silêncio e pela solidão, a fim de mergulhar na contemplação. A oração é o lugar
do Seu repouso, do Seu encontro com o Pai. Pensemos numa oração muito simples,
feita de amoroso silêncio, com uma única invocação: “Abbá, Pai”.
Rezar não é tentar obter de Deus o que nos
agrada, o que julgamos importante para os nossos próprios projectos. Rezar
leva-nos a entrar na perspectiva de Deus, partindo do seu amor. É contemplar o
rosto do Pai que ternamente olha os seus filhos. É encontro com alguém que nos
ama, e deixar-nos apanhar pelo Seu amor.
Não é fácil rezar. Exige aprendizagem, trabalho
exigente, não porque é superior às nossas forças, mas porque é uma experiência
que jamais se esgota, um caminho onde sempre permanecemos discípulos.
A oração não é tanto um exercício de amar a
Deus, mas de se deixar amar por Ele. É acolhimento do Seu amor, da Sua palavra,
dos Seus projectos, dos Seus
desejos. É experimentar silenciosamente e
serenamente a Sua presença, como Maria a experimentava no seu seio.
Mas a oração é também resposta ao dom que Deus
nos faz de si mesmo e de todas as suas graças e bênçãos. A oração é louvor,
acção de graças, oferta, intercessão, festa e liturgia da vida. Levar a vida à
oração. Levar a oração à vida.
O coração da oração cristã é entrar no
mistério da filiação divina: estar em Deus no Espírito pelo Filho, como o Filho
está no mistério do Pai.
Os números 71 e 76 das nossas Constituições
falam da oração pessoal de intimidade e de continuidade, para passar da
contemplação à acção, do amor de Deus ao amor do próximo; todavia, para a
cultivar e viver, é preciso amor ao silêncio e à solidão (não ao isolamento),
que favorecem também uma fiel e fervorosa oração comunitária, porque, se “sem
espírito de oração, esmorece a oração pessoal; sem a oração comunitária,
definha a comunidade de fé” (Cst. 79).
Recordemos outras duas afirmações das nossas
Constituições acerca da oração, não só pessoal, mas também comunitária:
“Reconhecemos que da oração assídua dependem a fidelidade de cada um e das
nossas comunidades, bem como a fecundidade do nosso apostolado.” (Cst. 76);
“Fazendo-nos progredir no conhecimento de Jesus, a oração estreita os laços da
nossa vida comum e abre-a constantemente à sua missão” (Cst 78).
Oratio
«Senhor, se quiseres, podes purificar-me».
Purifica-me todo o meu pecado: do meu egoísmo, da minha auto-suficiência, da
minha dissipação. Estende-me a tua mão, toca-me e faz-me ouvir a tua palavra
salvadora: «Quero, fica purificado». Então, serei um membro vivo e activo da
minha comunidade, da Igreja. Então, terei ouvidos para escutar a tua palavra,
olhos para contemplar o teu amor, mãos para participar na realização da tua
obra de salvação no mundo. Então, poderei apresentar-me diante de Ti,
participar da tua intimidade, da tua vida e, Contigo apresentar-me diante do
Pai para rever a minha vida e a minha missão, à luz do seu projecto de amor.
Faz-me redescobrir o dom da oração e conduz-me ao Cenáculo para reviver o
mistério do Pentecostes e reavivar em mim o dom do teu Espírito. Amen.
Contemplatio
É na medida da sua fé que os doentes obtêm de
Nosso Senhor a sua cura, os possessos a sua libertação.
Era necessário recordar aqui todos os milagres
de Nosso Senhor e citar todo o evangelho. – “Não encontrei tanta fé em Israel”,
exclama Nosso Senhor diante da humildade crente do centurião. – «Ó mulher, como
é grande a tua fé!», diz à cananeia. – «Credes que o possa fazer?», pergunta
aos cegos de Cafarnaúm». – «Se podes crer!», responde ao pai do lunático: tudo
é possível a quem crê. – «Que seja feito segundo a vossa fé!», diz em várias
circunstâncias. – «Senhor, se quiserdes, diz o leproso de Galileia, podeis
purificar-me». – «Crê somente e a tua filha viverá», diz a Jairo. – A vários
repete: «A vossa fé vos salvou». Aos apóstolos que se afligem por não poderem
operar algumas curas, Nosso Senhor revela o motivo da sua impotência: «É por
causa da vossa incredulidade». – «Homens de pouca fé, onde está então a vossa
confiança?», diz-lhes, no meio dos terrores da tempestade. – Promete-lhes que
operarão prodígios se tiverem a fé somente como um grão de mostarda. – E a
última censura que lhes dirige, antes de subir ao céu, é de terem tão
lentamente acreditado nas testemunhas da sua ressurreição. – Senhor, aumentai a
minha fé e curai-me de todas as minhas enfermidades (Leão Dehon, OSP 4, p.
168).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«Senhor, se quiseres, podes purificar-me». (Lc 5, 12)
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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