22
de maio – Ano B
Evangelho de Mc
9,30-37
O
que Jesus revelava era um paradoxo, dos inúmeros de sua pregação. O senso comum
recusa suas palavras, enquanto sustenta a escalada de privilégios na sociedade.
Para Jesus, o justo é aquele que incomoda o injusto, porque vai denunciar o seu
agir contrário a legalidade. O justo ao denunciar os atos errados do injusto,
acaba por ocasionar sua ira, pois ele não se considera errado, mas sim esperto.
Jesus identificava a acolhida de Deus aos empobrecidos, despojados de
dignidade, fracos, com o acolhimento que devemos dar às crianças. Aqueles que
não têm direitos, dignidade, cidadania, nem quem olhe por eles. Os últimos na
escala social, os desprezados, “improdutivos”, eram levados em conta, na
chegada do Reino de Deus. O fenômeno da padronização de consumidores, na
sociedade recente, repercute de forma decisiva sobre os empobrecidos e os “sem
nome” na lista da família dos poderosos.
O
vestuário, a utilização dos meios de transporte, o lazer, a proteção e
seguridade social, a habitação, a escola, o sistema de saúde, demonstram o quão
distantes estão os empobrecidos dos recursos disponíveis e da distribuição dos
bens sociais. Temos aqui uma democracia eleitoral, mas falta democracia, como
dizia um dos candidatos à presidência da nação; falta democracia participativa
na distribuição dos bens sociais; falta democracia na distribuição do trabalho
e da produção; falta democratizar as riquezas que certamente existem, neste
país. A rigor, ainda vivemos sob conceitos da democracia dos filósofos da
antiguidade, na Grécia antiga: democracia só para as elites dominantes e os
bem-postos da sociedade.
Os
“pequenos” são vítimas das desigualdades sociais, por afinidade. O Evangelho,
porém, faz gerar novos símbolos que se contraporão às formas de linguagem e aos
modelos que sustentam a sociedade consumista, juntamente com os valores
desumanos a que se recorrem para justificar a competição desigual e a ganância
galopante. Estas têm se transformado em virtudes… Assim é a pedagogia da
ganância.
A
cobiça pelo dinheiro, prestígio e mando, pode levar a um caminho sem volta, e
nos afastar do Cristianismo de maneira irreversível, adverte São Tiago. Uma
explicação simples e eficaz da causa dos conflitos na comunidade cristã
encontra-se na ambição ou ganância. Com efeito, ninguém rouba, mata ou arruína
a vida alheia se não estiver movido por algum tipo de ambição. Lembrando que
São Tiago dirige-se a cristãos da comunidade de Jerusalém. Os de fora, pagãos,
não merecem sua atenção. O apóstolo detecta crimes cometidos no seio da
comunidade, sem excluir até mesmo a existência de assassinatos: “sois
assassinos e invejosos” (4,2). Não é uma metáfora. Os cristãos praticavam
coisas condenáveis, adverte. Isso depois de enumerar a maledicência, a
rivalidade, a disputa de poder dentro da comunidade. O desejo de ser mais forte
que os demais, de se ter mais poder econômico, de se assegurarem privilégios e
poder de mando, são manifestações da ambição e ganância. O problema de tais
condutas, inspiradas e patrocinadas pela sociedade, é que o ideal de
vida, inclusive o de pessoas cristãs, é contaminado pelo desejo e luta pela
posse e acumulação de bens. E não se trata aqui somente de dinheiro e bens
imóveis ou financeiros.
No
movimento de Jesus os discípulos são envolvidos com questões de suma
importância. Trata-se do escândalo da negação de legitimidade para ambiciosos
de poder, na comunidade eclesial e fora dela. A discussão dos discípulos,
concentrados não em seu ensinamento, mas na repartição dos cargos burocráticos
de um hipotético governo, como um exemplo da vida diária. Está na pauta, é
parte dos ensinamentos de Jesus. Os discípulos devem superar o medo cultural
que os invade e que impede de dirigirem-se a ele com mais confiança, sem
obediência hierárquica.
Jesus
lança mão de uma estratégia pedagógica muito engenhosa: a “criança” era uma das
criaturas mais insignificantes da cultura israelita. Por sua fragilidade física
ainda em formação, e idade, a criança não estava em condições de participar da
guerra, da política nem da vida religiosa. Jesus coloca um desses pequenos para
o meio deles e lhes mostra como o presente e o futuro da comunidade está
dependendo das pessoas mais esquecidas e mais simples. Somente assim há de se
reverter o sistema de valores. E só dessa maneira a comunidade se tornará uma
alternativa diante do “mundo” que só valoriza as pessoas endinheiradas,
bem-postas, ou os que têm poder político ou poder econômico. A novidade de
Jesus consiste em tornar grande o pequeno. Ao dar valor aos que fazem os
trabalhos mais humildes e às pessoas tidas culturalmente, dentro da sociedade,
como insignificantes zeros à esquerda, ele aponta para a igualdade de direitos
e a dignidade de todos.
Marcos
reúne numa só instrução uma série de sentenças de Jesus, conservadas e
transmitidas pelas gerações e tradições primitivas da Igreja. O centro da ação
de Jesus é uma casa em Cafarnaum, lugar transformado em escola de apóstolos.
Predomina a instrução sobre a humildade. Melhor: o pequeno é “grande” diante de
Deus. Os socialmente humildes, sem poder econômico, sem-terra, sem-emprego,
sem-teto, sem-defesa nas causas levadas aos tribunais, sem nada que os destaque
e espelhe dignidade devida e concedida por direito, ocupam lugar central no
Reino de Deus. Os oprimidos e esquecidos pela sociedade merecerão a atenção
graciosa de Deus.
Pois
bem, meu irmão, minha irmã, escute as palavras do nosso Senhor. Ele nos
adverte: Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de
todos.
Senhor Jesus, tira do meu coração todo
ideal humano de grandeza, e faz-me compreender que ela consiste em fazer-me
servidor.
Eu, Jair Ferreira da cidade de Cruz das Almas - Ba todos os dias faço a leitura do dia e complemento com os comentários dessa equipe para complementar meus ensinamento e por em prática muito obrigado, que o Senhor Deus continue derramando benção a todos na Paz de Cristo.
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