12 Março
2018
Lectio
Primeira leitura: Isaías 65, 17-21
Primeira leitura: Isaías 65, 17-21
Assim fala
o Senhor: 17 Olhai, Eu vou criar um novo céu e uma nova terra; o passado não
será mais lembrado e não voltará mais à memória. 18 Alegrem-se e rejubilem para
sempre por aquilo que vou criar. Olhai, vou criar uma Jerusalém cheia de
alegria e um povo cheio de entusiasmo. 19 Eu mesmo me alegrarei com esta
Jerusalém e me entusiasmarei com o meu povo. Doravante não se ouvirão nela
choros nem lamentos. 20 Não haverá ali criança que morra de tenra idade, nem
adulto que não chegue à velhice, pois será ainda novo aquele que morrer aos cem
anos, e quem não chegar aos cem anos será como um amaldiçoado. 21 Construirão
casas e habitarão nelas, plantarão vinhas e comerão o seu fruto.
Regressado
do exílio, o povo continua a resistir à voz do Senhor, a descuidar-se na
invocação do seu nome (vv. 1-7) e a cair na idolatria, provocando a sua justa
ira. O profeta intervém e lembra que será diferente a sorte dos que praticam a
justiça, reconhecendo a Deus o lugar que Lhe pertence e prestando-Lhe o devido
culto, e a dos rebeldes (vv. 8-16a). O texto que hoje escutamos abre
perspectivas de um futuro feliz, revelando a grandeza do projecto de Deus, que
não envolve apenas cada um, mas atinge todo o universo. Os sofrimentos passados
vão ser esquecidos, porque Deus vai realizar uma nova criação. Nos versículos
que escutamos, parece misturar-se o cântico do coração de Deus e o da
humanidade: ao júbilo divino pela sua cidade santa, pelo seu povo renovado,
corresponde a alegria do mesmo povo perante a maravilhosa re-criação operada
por Deus. Na nova Jerusalém cessará toda a tristeza, a elevada mortalidade
infantil. Será grande a longevidade. A liberdade e a estabilidade política
garantirão a prosperidade e a paz. Esta promessa realízar-se-á definitivamente
em Jesus Cristo que, pela sua obra salvífica, transformará o mundo.
Evangelho:
João 4, 43-54
Naquele
tempo, 43 Jesus partiu da Samaria e foi para a Galileia. 44 Ele mesmo tinha
declarado que um profeta não é estimado na sua própria terra. 45 No entanto,
quando chegou à Galileia, os galileus receberam-no bem, por terem visto o que
fizera em Jerusalém durante a festa; pois eles também tinham ido à festa. 46
Veio, pois, novamente a Caná da Galileia, onde tinha convertido a água em
vinho. Ora havia em Cafarnaúm um funcionário real que tinha o filho doente. 47
Quando ouviu dizer que Jesus vinha da Judeia para a Galileia, foi ter com Ele e
pediu-lhe que descesse até lá para lhe curar o filho, que estava a morrer. 48
Então Jesus disse-lhe: «Se não virdes sinais extraordinários e prodígios, não
acreditais.» 49 Respondeu-lhe o funcionário real: «Senhor, desce até lá, antes
que o meu filho morra.» 50Disse-Ihe Jesus: «Vai, que o teu filho está salvo.» O
homem acreditou nas palavras que Jesus lhe disse e pôs-se a caminho. 51
Enquanto ia descendo, os criados vieram ao seu encontro, dizendo: «O teu filho
está salvo.» 52perguntou-Ihes, então, a que horas ele se tinha sentido melhor.
Responderam: «A febre deixou-o há pouco, depois do meio-die» 530 pai viu,
então, que tinha sido exactamente àquela hora que Jesus lhe dissera: «O teu
filho está salvo». E acreditou ele e todos os da sua casa. 54Jesus realizou
este segundo sinal miraculoso ao ir da Judeia para a Galileia.
S. João,
ao narrar a cura, à distância, do filho do funcionário real, quer apresentar-nos
Jesus como Palavra de vida. O Senhor regressava à Galileia. A fama do que
fizera em Jerusalém, durante a festa, tinha-O precedido. Desta vez, os galileus
receberam-no bem. Mas Jesus decide ir a Caná, onde fizera o seu primeiro
milagre. Surge, então, o funcionário real que Lhe pede para descer a Cafarnaúm
para curar o seu filho doente. O verbo «descer», em que João insiste,
justifica-se pela posição geográfica de Cafarnaúm, mas também pela intenção do
evangelista em nos apresentar Aquele que, «por nós homens e pela nossa
salvação, desceu do céu». Jesus reprova a fé imperfeita do funcionário de
Herodes. Mas ele não desiste. Jesus cura-lhe o filho, símbolo da humanidade
doente e moribunda. Oferece-lhe uma palavra de vida. Mas exige a fé.
O sinal
extraordinário, o prodígio de Jesus é a Palavra. Quem acredita nela e lhe
obedece, experimenta milagres. O funcionário acolheu a palavra: «Vai, que o teu
filho está sstvo (v. 50). Acreditou, obedeceu, partiu para sua casa. E
vieram-lhe ao encontro os servos que lhe dizem: «O teu filho está sstvo. (v.
53). A fé, que caminhou na obscuridade (v. 52ss.) cresceu: «Acreditou ele e
todos os da sua casa» (v. 53).
Meditatio
A Palavra
de Jesus é o sinal extraordinário e o prodígio que nos oferece. Quem acolhe a
Palavra e acredita nela, vê rasgaram-se horizontes inesperados, experimenta
milagres. Permanecer na Palavra, guardando-a no coração, e cumprindo-a, mesmo
que seja preciso caminhar na escuridão, apenas iluminado por ela, significa
participar na obra divina da nova criação, santificação e transfiguração do
universo.
Jesus
pediu ao funcionário real a fé na sua palavra: «Vai, que o teu filho está
sstvt». O homem acreditou e o seu filho ficou curado. Acreditou na palavra de
Jesus. Acreditou em Jesus, porque Jesus é a Palavra de Deus feita carne.
Acreditou e partiu, obediente e confiante. E alcançou a vida para o seu filho.
Acreditar e obedecer, acolher a palavra e pô-Ia em prática é uma questão de
vida ou de morte. O homem aflito teve a força de crer na palavra de Jesus, que nada
fez de especial, apenas falou. Não insistiu para que Jesus mudasse os seus
planos e fizesse o que lhe pedia. Acreditou e partiu confiando na verdade da
palavra de Jesus.
Quantas
vezes, também nós, nos vemos na situação de ter que acreditar na Palavra, sem
vermos ou antes de vermos qualquer sinal. Rezamos, somos iluminados, mas tudo
parece permanecer imutável. .. É o momento de progredirmos na fé, que não é
simples verificação, mas acreditar na palavra e n ‘ Aquele que a pronuncia. Se
soubermos caminhar na fé, mesmo na noite escura do sofrimento e da provação, a
Palavra será como uma lâmpada para os nossos passos. E, quando o Senhor quiser,
encontraremos a confirmação luminosa do seu poder que faz maravilhas. Então, a
nossa fé tornar-se-é exultação e júbilo. Será aquela fé firme e segura, que
transforma a alma e a faz caminhar em novidade de vida, em plenitude cristã.
A
confiança do funcionário real na palavra de Jesus, o seu abandono à palavra de
Jesus, o seu caminhar na fé por um caminho obscuro, tornou eficaz a sua
intercessão pelo filho que estava doente em Cafarnaúm. O jovem foi curado, foi
salvo.
As nossas
Constituições lembram-nos que a nossa cooperação na obra da redenção, passa
pelo "apostolado". Mas, mais cedo ou mais tarde, pode
também passar pela simples confiança e abandono à palavra de Jesus, em situações de grande "sofrimento", de solidão, de noite escura, de imolação, de cruz, de morte … ", onde apenas a Palavra nos ilumina e dá conforto (cf. Cst 24).
também passar pela simples confiança e abandono à palavra de Jesus, em situações de grande "sofrimento", de solidão, de noite escura, de imolação, de cruz, de morte … ", onde apenas a Palavra nos ilumina e dá conforto (cf. Cst 24).
Então, a
nossa vida será reparadora na oferta, na paciência, no abandono, quer dizer, na
disponibilidade da "vítima" para a imolação, em comunhão com a paixão
e a morte redentora do Senhor … , e, confiados na Palavra, entregaremos
voluntariamente a nossa vida em favor dos irmãos, olhando para Cristo
trespassado, que nos precedeu neste amor redentor (cf. 1 Jo 3, 16).
Oratio
Senhor
Jesus, Tu és a palavra viva e vivificadora do Pai. Quero escutar-Te cada dia,
quero encontrar-me Contigo, cada vez que acolho a tua Palavra. Como Maria, tua
e minha mãe, quero guardá-Ia no coração, meditá-Ia, rezá-Ia, para me entregar a
ela com uma fé simples, que rasga novos horizontes e faz ver as tuas obras
prodigiosas e colaborar nelas.
Obrigado,
Senhor, pela tua Palavra. Que ela seja sempre a luz dos meus passos, a garantia
da minha esperança, a motivação suprema da minha confiança e da minha entrega
sem reservas ao teu serviço e ao serviço dos irmãos. Que a tua Palavra floresça
no meu coração e dê frutos de bem para este mundo e para o reino dos céus.
Amen.
Contemplatio
E qual é
então, Senhor, o caminho da paz? – É a fé viva e confiante. Credes no meu Pai,
crede também em mim. Tendes confiança no meu Pai, tende também confiança em
mim.
É a fé que
pacifica, são as vistas, as esperanças sobrenaturais, que sustêm e que consolam.
A fé
faz-me ver Deus, a sua vontade, o seu amor, mesmo naquilo que me perturba. Devo
crer sem hesitar e sem raciocinar, crer com o meu coração que Nosso Senhor me
vê sofrer e penar, mas também que se compraz em me ver ter paciência com ele e
por ele. Escuta os meus suspiros, as minhas orações; conta, recolhe as minhas
lágrimas; abençoa os meus esforços, aprecia os meus sacrifícios; prepara-me
dias de graças e de consolações; prepara a minha coroa, a minha morada, na casa
da sua eternidade.
Ah! A fé prática,
que fonte de graça, de paz e de consolação! Se tivesse um pouco de fé, como um
grão de mostarda! Se acreditasse praticamente no Evangelho! Se me recordasse
com fé que Nosso Senhor passou curando todas as enfermidades; que perdoou a
Madalena, à mulher adúltera, à samaritana; que ressuscitou Lázaro; que sofreu
por mim todas as dores da sua agonia e da sua paixão; que deu a sua vida para
me salvar!
Se me
recordasse que é bom, como o bom samaritano, como o bom Pastor, como o pai do
filho pródigo! Se tivesse uma fé mais viva, e mais prática na Eucaristia! Se
acreditasse mais firmemente que Nosso Senhor foi para o céu para me preparar um
lugar, estaria ainda triste, angustiado e perturbado?
Oh! Como
esta palavra de Nosso Senhor tem um sentido profundo: «Que o vosso coração não
se perturbe! Crede em mim como credes em meu Pai!» (Leão Dehon, OSP 3, p.
427s.).
Actio
Repete
frequentemente e vive hoje a palavra:
«Deus,
vinde em nosso auxílio; Senhor, socorrei-nos e salvai-nos» (SI 69, 2).
Obrigado Senhor, obrigado Dehonianos!!!
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