terça-feira, 20 de março de 2018

-DOMINGO DE RAMOS-José Salviano.


DOMINGO DE RAMOS

25 de Março – Ano B

Evangelho Mc 14,1-15,47




SEGUNDA LEITURA –

         Jesus enquanto natureza divina, podia realizar qualquer coisa, podia até mexer nas forças físicas alterando o ciclo da natureza como o fez, acalmando a tempestade, e ressuscitado Lázaro depois de 4 dias morto... Porém, em nenhum momento Jesus se vangloriou dos seus poderes, os quais não eram poucos. "A mim foi dado todo o poder no Céu e na Terra".
         Agora vejamos como nós somos depois de receber algum tipo de poder: Quando somos fracos, (Exemplo: as crianças). Olhamos os grandes de baixo para cima e os obedecemos (aos pais).  Quando crescemos, (adolescentes). Começamos a olhar os demais de cima para baixo, e nos recusamos a obedecê-los.
         Quando somos funcionários da empresa, tratamos os colegas de igual para igual, com todo respeito. Assim que somos promovidos a gerente, ou a chefe de departamento, mudamos completamente, e encaramos os demais de cima para baixo, e ai daquele que não acatar as nossas ordens.
         Quando somos pedestres, paramos para os carros passar, conformados com a nossa condição. Quando somos motoristas, olhamos os pedestres de cima para baixo, e nos recusamos a sermos gentis com eles.
         Quando somos pobres, somos conformados com a nossa situação, e até podemos bajular os ricos para conseguirmos a nossa sobrevivência. Já quando somos ricos, olhamos os pobres com desprezo, achando que a sua pobreza é causada pela preguiça, e achamos que não precisamos deles, portanto, não temos nenhuma obrigação de agradá-los...
         Quando somos candidatos, somos suaves, nos mostramos amigos dos pobres, (porque é deles que vem a maioria dos votos) e defensores da sua causa. Uma vez no poder político, mudamos completamente. Arrogância, desmandos, e tudo mais o que bem sabemos. Pois o poder corrompe. Só não corrompeu a Jesus!  

EVANGELHOS

A liturgia deste domingo nos mostra dois momentos da história da Igreja, e da humanidade, dois momentos da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo.

NO PRIMEIRO MOMENTO, vemos Jesus glorioso, entrando em Jerusalém, e sendo aclamado como um rei, pelo povo agradecido por sua generosidade e poder de cura.

A entrada do Filho de Deus na cidade de Jerusalém foi na verdade, uma grande provocação, um ato revolucionário, de quem está disposto a tudo, disposto a enfrentar, satirizando o poder dos reis e os hipócritas vestidos de religiosos da época.

A impressão que nos dá é que Jesus quis fazer uma paródia dos reis daquela época, os quais após dominar uma cidade com seus poderosos exércitos, tomavam posse delas atravessando-as montando um cavalo de guerra bem possante. Na verdade, Jesus estava desafiando o poder político, e religioso. Pois Ele foi hosanado como um rei, e como o Messias. Pois o povo ali presente, o aclamou como um Rei e como o Messias. Dizendo: Bendito o que vem em nome do Senhor!
        
Porém, Jesus escolheu não um cavalo de guerra, mas um humilde jumento usado na agricultura pelo homem simples do campo. Ou melhor, Ele escolheu uma jumenta. Valorizando assim, o sexo feminino, valorizando a  força da mulher na construção do Reino de Deus, a começar por Maria.
        
O gesto humilde de Jesus, deve ser seguido por nós. Devemos entrar na cidade, entrar na sociedade, com humildade, não pilotando uma Ferrari, mas um carrinho modesto, apenas uma condução. Aquele que pretende ser um seguidor de Cristo, um anunciador da palavra, tem de ser como o Mestre! Humilde, porém corajoso!

NO SEGUNDO MOMENTO, na leitura da Paixão, vemos um inocente sendo condenado, por ser bom, por ter optado pelos pobres, por ter denunciado os pecados e injustiças dos poderosos, dos que detinham o poder religioso.

Durante todo o tempo Jesus se manteve calmo e impassível,  porém, próximo a hora da sua entrega, Ele está com um semblante de tristeza. Talvez o seu lado humano tivesse com medo do que estava por vir, talvez o seu lado divino apresentava-se triste pela insensatez dos seus algozes, que sem saber o que faziam, condenaram o homem errado, condenaram o próprio Filho de Deus entre eles, que veio fazer o bem, sem nenhum interesse financeiro ou emocional, como nós o fazemos sempre.

Nós, diante de uma desgraça, nos sentimos derrotados, destruídos, desanimados, e vemos tudo perdido.
Acontece que as desgraças que podem nos acontecer no decurso de nossas vidas, nem sempre devem ser chamadas de desgraças, mas sim, de APARENTES TRAGÉDIAS.
Isto, por que, tais momentos de desespero em que passamos, podem representar grandes oportunidades para nossa salvação. Isso mesmo. Muitas desgraças que nos acontecem, para não dizer todas elas, são momentos que nos conduzem a cair na nossa triste realidade, são momentos em que  nos voltamos para dentro de nós e percebemos o quanto estamos necessitados de Deus.

É hora de repensar a nossa vida, as nossas escolhas, os caminhos em que estamos trilhando, os amigos e amigas aos quais estamos copiando, seguindo, compartilhando uma vida de puro pecado, que nos tem afastado do caminho para a casa do Pai.

Porém, esse não foi o caso de Jesus. Ele não cometeu nenhum pecado. Ele não fez nada, absolutamente nada que o levasse a ser condenado. Jesus, sendo Deus e homem, não se  aproveitou do seu poder para tirar vantagens, mas sim, pelo contrário, viveu todos os seus dias fazendo a vontade  do Pai, numa atitude de total entrega, de negação de si mesmo, e por amor incondicional por todos nós. Inclusive pelos injustos. 

        
Jesus não negou que Ele era Rei. "Tu o disseste". Foi a sua resposta quando lhe perguntaram se Ele era mesmo um rei. Só que Jesus é o Rei da justiça, um Rei humilde ao ponto de lavar os pés dos seus discípulos, um Rei que se identificava com os pobres e excluídos. Um Rei que não era desse mundo, mas sim, Ele veio para salvar o mundo do pecado!
        
A entrada de Jesus na cidade de Jerusalém nos desperta para uma grande realidade: Assim como Ele mudou o mundo não com armas, mas com o seu amor infinito, nós, seus seguidores, também podemos contribuir para um mundo melhor, podemos derrubar o poder das armas derramando na sociedade a palavra e a bondade divina. Para isso basta humildade, muita fé, preparo, santidade, dedicação, coragem...
Vai e faça o mesmo! 

Bom domingo, José Salviano.



Um comentário:

  1. Que Homilia perfeita! Obrigado por estas palavras santificadoras! Multiplica Senhor!

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