DOMINGO DE RAMOS
25 de Março – Ano B
Evangelho Mc 14,1-15,47
SEGUNDA LEITURA –
Jesus enquanto natureza divina, podia realizar qualquer coisa, podia até mexer
nas forças físicas alterando o ciclo da natureza como o fez, acalmando a
tempestade, e ressuscitado Lázaro depois de 4 dias morto... Porém, em nenhum
momento Jesus se vangloriou dos seus poderes, os quais não eram poucos. "A
mim foi dado todo o poder no Céu e na Terra".
Agora vejamos como nós somos depois de receber algum tipo de poder: Quando
somos fracos, (Exemplo: as crianças). Olhamos os grandes de baixo para cima e
os obedecemos (aos pais). Quando crescemos, (adolescentes). Começamos a
olhar os demais de cima para baixo, e nos recusamos a obedecê-los.
Quando somos funcionários da empresa, tratamos os colegas de igual para igual,
com todo respeito. Assim que somos promovidos a gerente, ou a chefe de
departamento, mudamos completamente, e encaramos os demais de cima para baixo,
e ai daquele que não acatar as nossas ordens.
Quando somos pedestres, paramos para os carros passar, conformados com a nossa
condição. Quando somos motoristas, olhamos os pedestres de cima para baixo, e
nos recusamos a sermos gentis com eles.
Quando somos pobres, somos conformados com a nossa situação, e até podemos
bajular os ricos para conseguirmos a nossa sobrevivência. Já quando somos
ricos, olhamos os pobres com desprezo, achando que a sua pobreza é causada pela
preguiça, e achamos que não precisamos deles, portanto, não temos nenhuma
obrigação de agradá-los...
Quando somos candidatos, somos suaves, nos mostramos amigos dos pobres, (porque
é deles que vem a maioria dos votos) e defensores da sua causa. Uma vez no
poder político, mudamos completamente. Arrogância, desmandos, e tudo mais o que
bem sabemos. Pois o poder corrompe. Só não corrompeu a Jesus!
EVANGELHOS
A liturgia deste domingo nos mostra dois momentos
da história da Igreja, e da humanidade, dois momentos da vida de Nosso Senhor
Jesus Cristo.
NO PRIMEIRO MOMENTO, vemos Jesus glorioso, entrando
em Jerusalém, e sendo aclamado como um rei, pelo povo agradecido por sua
generosidade e poder de cura.
A
entrada do Filho de Deus na cidade de Jerusalém foi na verdade, uma grande
provocação, um ato revolucionário, de quem está disposto a tudo, disposto a
enfrentar, satirizando o poder dos reis e os hipócritas vestidos de religiosos
da época.
A
impressão que nos dá é que Jesus quis fazer uma paródia dos reis daquela época,
os quais após dominar uma cidade com seus poderosos exércitos, tomavam posse
delas atravessando-as montando um cavalo de guerra bem possante. Na verdade,
Jesus estava desafiando o poder político, e religioso. Pois Ele foi hosanado
como um rei, e como o Messias. Pois o povo ali presente, o aclamou como um Rei
e como o Messias. Dizendo: Bendito o que vem em nome do Senhor!
Porém,
Jesus escolheu não um cavalo de guerra, mas um humilde jumento usado na
agricultura pelo homem simples do campo. Ou melhor, Ele escolheu uma jumenta.
Valorizando assim, o sexo feminino, valorizando a força da mulher na
construção do Reino de Deus, a começar por Maria.
O
gesto humilde de Jesus, deve ser seguido por nós. Devemos entrar na cidade,
entrar na sociedade, com humildade, não pilotando uma Ferrari, mas um carrinho
modesto, apenas uma condução. Aquele que pretende ser um seguidor de Cristo, um
anunciador da palavra, tem de ser como o Mestre! Humilde, porém corajoso!
NO SEGUNDO MOMENTO, na leitura da Paixão, vemos um
inocente sendo condenado, por ser bom, por ter optado pelos pobres, por ter
denunciado os pecados e injustiças dos poderosos, dos que detinham o poder
religioso.
Durante todo o tempo Jesus se manteve calmo e
impassível, porém, próximo a hora da sua
entrega, Ele está com um semblante de tristeza. Talvez o seu lado humano
tivesse com medo do que estava por vir, talvez o seu lado divino apresentava-se
triste pela insensatez dos seus algozes, que sem saber o que faziam, condenaram
o homem errado, condenaram o próprio Filho de Deus entre eles, que veio fazer o
bem, sem nenhum interesse financeiro ou emocional, como nós o fazemos sempre.
Nós, diante de uma desgraça, nos sentimos
derrotados, destruídos, desanimados, e vemos tudo perdido.
Acontece que as desgraças que podem nos acontecer
no decurso de nossas vidas, nem sempre devem ser chamadas de desgraças, mas
sim, de APARENTES TRAGÉDIAS.
Isto, por que, tais momentos de desespero em que
passamos, podem representar grandes oportunidades para nossa salvação. Isso
mesmo. Muitas desgraças que nos acontecem, para não dizer todas elas, são
momentos que nos conduzem a cair na nossa triste realidade, são momentos em que nos voltamos para dentro de nós e percebemos
o quanto estamos necessitados de Deus.
É hora de repensar a nossa vida, as nossas
escolhas, os caminhos em que estamos trilhando, os amigos e amigas aos quais
estamos copiando, seguindo, compartilhando uma vida de puro pecado, que nos tem
afastado do caminho para a casa do Pai.
Porém, esse não foi o caso de Jesus. Ele não
cometeu nenhum pecado. Ele não fez nada, absolutamente nada que o levasse a ser
condenado. Jesus, sendo Deus e homem, não se
aproveitou do seu poder para tirar vantagens, mas sim, pelo contrário, viveu
todos os seus dias fazendo a vontade do
Pai, numa atitude de total entrega, de negação de si mesmo, e por amor
incondicional por todos nós. Inclusive pelos injustos.
Jesus
não negou que Ele era Rei. "Tu o disseste". Foi a sua
resposta quando lhe perguntaram se Ele era mesmo um rei. Só que Jesus é o Rei
da justiça, um Rei humilde ao ponto de lavar os pés dos seus discípulos, um Rei
que se identificava com os pobres e excluídos. Um Rei que não era desse mundo,
mas sim, Ele veio para salvar o mundo do pecado!
A
entrada de Jesus na cidade de Jerusalém nos desperta para uma grande realidade:
Assim como Ele mudou o mundo não com armas, mas com o seu amor infinito, nós,
seus seguidores, também podemos contribuir para um mundo melhor, podemos derrubar
o poder das armas derramando na sociedade a palavra e a bondade divina. Para
isso basta humildade, muita fé, preparo, santidade, dedicação, coragem...
Vai
e faça o mesmo!
Bom domingo, José Salviano.
Que Homilia perfeita! Obrigado por estas palavras santificadoras! Multiplica Senhor!
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