segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

3o Domingo da Quaresma-Jorge Lorente


Evangelhos Dominicais Comentados

04/março/2018  --  3o Domingo da Quaresma

Evangelho: (Jo 2, 13-25)

A Páscoa dos judeus estava próxima, e Jesus subiu para Jerusalém. No Templo, Jesus encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados. Então fez um chicote de cordas e expulsou todos do Templo junto com as ovelhas e os bois; esparramou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas.  E disse aos que vendiam pombas: «Tirem isso daqui! Não transformem a casa de meu Pai num mercado.»  Seus discípulos se lembraram do que diz a Escritura: «O zelo pela tua casa me consome.»  Então os dirigentes dos judeus perguntaram a Jesus: «Que sinal nos mostras para agires assim?» Jesus respondeu: «Destruam esse Templo, e em três dias eu o levantarei.»  Os dirigentes dos judeus disseram: «A construção desse Templo demorou quarenta e seis anos, e tu o levantarás em três dias?»  Mas o Templo de que Jesus falava era o seu corpo.  Quando ele ressuscitou, os discípulos se lembraram do que Jesus tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus. Jesus estava em Jerusalém durante a festa da Páscoa. Vendo os sinais que ele fazia, muitos acreditaram no seu nome.  Mas Jesus não confiava neles, pois conhecia a todos.  Ele não precisava de informações a respeito de ninguém, porque conhecia o homem por dentro.

COMENTÁRIO

A Palavra de Deus, sempre nos leva a refletir e a meditar. Não é fácil de entender o texto bíblico de hoje. O pacato e dócil Jesus, sempre carinhoso e humilde, comporta-se de maneira totalmente oposta daquele Jesus que conhecemos. O manso cordeiro assume a postura de um leão ferido.

 Falando alto, gesticulando, derrubando mesas e, com o chicote na mão expulsando os vendedores do templo. Imaginar alguém fazendo tudo isso não é difícil, difícil é imaginar que esse alguém seja Jesus. Por que essa reação violenta?

Como você se sentiria ao ver a casa de seu pai invadida por mercenários aproveitadores? Esse sentimento de indignação, para não dizer de revolta, tomou conta de Jesus. Algo tinha que ser feito, pois o desrespeito havia ultrapassado todos os limites. 

A Casa de Deus havia sido transformada num verdadeiro mercado. A Religião e o Sagrado estavam sendo utilizados como meios de exploração e também para acobertar a ganância e as injustiças, sobretudo contra os pobres e marginalizados.

Os mercenários aproveitavam-se da ingenuidade e da crença popular para obterem lucros financeiros. A Palavra de Deus é sempre atual. Assim como em nossos dias, no tempo de Jesus, homens travestidos de sacerdotes, fantasiados de pastores e de doutores da lei, apresentavam ao povo uma imagem totalmente distorcida de Deus.

Deus era apresentado como um rei poderoso e injusto. Um rei de coração duro, que não abria mão dos seus altos impostos. Um deus exigente com os pobres e complacente com os ricos e poderosos. Um deus conivente com a maldade e a injustiça.

Jesus assumiu pra valer a sua natureza humana. Indignado, usou de extrema energia para expulsar os profanadores do templo. Jesus se fez humano para entender melhor a humanidade, mas acima de tudo, nosso Deus é Santo e neste episódio, Jesus mostrou também os contrastes da sua natureza divina.

Com seu comportamento, Jesus deixou claro que santidade não é constituída só de doçura, amabilidade, compaixão e misericórdia. A santidade transparece também, através da indignação e da energia aplicadas na luta por dignidade, justiça e paz. O santo é um profeta que anuncia e que denuncia!

O mesmo Jesus doce e amável com os pobres, compassivo com os enfermos e misericordioso com os pecadores, sabe ser também duro e enérgico com os hipócritas e gananciosos que exploram o próximo em nome de Deus.

Quantos mercenários estão transformando a Casa de Deus em uma enorme rede de supermercados. Em cada esquina instalam uma filial onde, em nome de Jesus, reúnem trezentos e tantos pastores para vender saúde, prosperidade nos negócios, vida farta, carro importado e, até mesmo um lugar garantido no céu...

São esses os profanadores e exploradores da fé que, mais cedo ou mais tarde, terão que prestar contas para um Deus que eles ainda desconhecem; um Jesus que não suporta a mentira e que não tolera a hipocrisia.
                   
 (1163)




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