Domingo, 07 de janeiro
de 2018.
Evangelho: Mt 2, 1-12
As nações de
toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!(Sl 71)
Jesus
apresenta-se como o Deus feito homem para a humanidade. Esse menino que trouxe
a luz para clarear o caminho de muitos, trouxe também uma proposta para aqueles
que não têm apreço para os pobres e desvalidos. A vinda de Jesus torna-se
ameaça para uns e salvação para muitos. Assim, as autoridades poderosas se sentem
ameaçadas, como o rei Herodes; mas o povo se alegra com Jesus, vendo nele o rei
justo e salvador.
O povo que
acreditava nas profecias dos profetas
estava atendo ao sinal que pudesse mudar a história da sua vida. Tinha fé e não
perdia a esperança de que em qualquer momento o salvador estaria livrando as
mazelas de uma vida feito escrava. Pautava-se no dia a dia em lutar para
manter-se vivo. Era uma Israel que carecia de mudanças radicais. Urgia no seio
social o espírito da bondade e caridade. O tempo era propicio.
Isaías acalentava o povo de Israel de
uma esperança da vinda do Senhor: “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém,
porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor”(Is. 60,1). Era o
prelúdio da Epifania do Senhor. Ele viria sobre Jerusalém com mãos fortes e
firmes resgatar o seu povo que não tinha para onde ir. Estava seu desorientado, espoliado e macerado no pecado
da cobiça e da ganância. Então sobre Jerusalém
estava a glória do Senhor, perfazendo uma curva na caminhada dos pobres; dando
liberdade e vez para afugentar do perigo da classe dominante.
Essa luz que libertadora que encaminhou os magos fazer as oferendas. O
caminho feito pelos magos representa a vida árdua e cansado do povo maltratado
dos “Herodes”. Seguir a luz é seguir a libertação. Ofertar seus presentes é
agradecer pela vinda e por dar nova vida. Encontrar com o Menino numa
manjedoura é estar diante da humildade do Senhor.
Nosso Deus se manifesta nos lugares
que nem imaginamos que sua presença está para ser vivida. Bem que o Jesus
poderia ter nascido num palácio ou num lugar bem requintado, numa família rica
e poderosa. Mas veja meu querido leitor, Jesus apresentou para a humanidade num
lugar cercado de bois, no frio da madrugada, sem proteção alguma para um recém-nascido.
Assim que nosso Deus se manifesta.
Jesus com sua majestade e rei dos
pobres ainda se mostra vivo nas favelas, nas vielas da vida, nos lixões, nos
lugares distantes a mercê do acaso, nas famílias desestruturadas, nos viciados,
nas prostitutas, nos menores abandonados, nos idosos jogados nos asilos e nos
andarilhos que vivem a mendigar. Nosso Deus não escolhe somente os melhore
lugares para estar e manifestar sua vivacidade.
Às vezes numa igreja toda linda,
com arcos e figuras decorativas caras, altares de ouro e banco com veludo, a
presença de Deus se compara numa igrejinha erguida com ripas, altar com mesa de
madeira e bancos sem encosto. Deus é maravilhoso. Tem um coração manso, humilde
e cheio de misericórdia com todos os filhos da terra. Sua vida terrena provou
para o homem da época que não basta viver no luxo; para viver basta acreditar
na Palavra que sempre existiu e se
transformou no Verbo encarnado e,
agora esta recebendo visita dos magos que vieram de longe.
Esse menino encarnado no espírito
santo agirá sobre os povos envolvidos em
trevas e nuvens escuras como luz. Uma luz que clarear os caminhos dos ousados,
dos que acreditam na salvação, naqueles que tem a coragem de sair da sua redoma
de cristal, arregaçar as mangas e partir rumo à libertação com Cristo. Os magos
fizeram isso. Cheio de alegria, queriam partilhar a descoberta com outros
irmãos. Mas perceberam que um cidadão agia de modo à espreita. Era Herodes,
estava enciumado, pois se até os magos saíram para visitar o menino recém-nascido,
poderia estar correndo risco de perder o poder. Isso era impensado para o chefe
de governo. Jamais iria permitir que outro tomasse seu lugar.
Mas na verdade o menino-Deus queria
que os governantes, doutores da Lei, escribas, Levitas e sacerdotes tivessem
compaixão do povo governado. Tivesse atitude de solidariedade e partilhassem
com os necessitados os bens para haver justiça. Não queria uma desilusão e
maus-tratos com os filhos marginalizados. O menino-Deus apresentou-se na terra
para ser exemplo de vida e de ação. Tudo que Jesus fez foi para o bem daqueles
que não tinham vez no poder econômico, no social e nem no templo.
Tanto que o Salmista entoa uma
linda melodia ao afirmar que as nações de toda terra hão de adorar-vos, ó
Senhor. Adorar a presença da Luz é acreditar que a vida vai deixar ser guiada
por aquele que tem um projeto para o homem. “Dai ao Rei vossos poderes, Senhor
Deus, vossa justiça ao descendente da realeza! Com justiça ele governe o vosso
povo, com equidade ele julgue os vossos pobres” (Sl 71). Vemos que todos
esperavam o rei justo, que faria
justiça ao povo oprimido e marginalizado, contra os seus opressores. Por isso
os reis de outras nações viriam trazer-lhe as suas riquezas. Assim, o rei justo
iria distribuir essas riquezas para o povo que tinha trabalhado por elas e que
até agora foi roubado e não pôde usufruí-las.
Os magos adoraram o Verbo
Encarnado, o Deus que se fez homem para nos redimir de toda falta e toda culpa.
A Solenidade da Epifania recorda-nos que o único lugar onde podemos encontrar
Deus neste mundo é na humanidade de Jesus. É algo de grande importância
para a nossa fé, sobre o qual devemos
insistir e meditar repetidas vezes.
Portanto, não há treva no mundo que
resista a luz de Cristo. Os magos buscaram a verdade com o coração revestido de
humildade, e iluminado pelo Cristo, mudaram suas atitudes, a direção de suas
vidas. Nos presentes oferecidos ao menino-Deus está o reconhecimento de quem
realmente Ele é, e a missão que veio realizar entre os homens: o ouro simboliza
sua realiza, o incenso sua divindade e a mirra sua humanidade. Paz e bem.
Abraços
Claudinei
M. Oliveira
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