QUINTA – DIA 01 Evangelho Mc 6,7-23
Este Evangelho narra o envio dos
doze Apóstolos. Por ocasião da escolha deles, o texto diz: “Ele (Jesus)
constituiu então doze, para que ficassem com ele e para que os enviasse a
anunciar a Boa Nova” (Mc 3,14). Eles ficaram um bom tempo com Jesus, escutaram
seus ensinamentos e viram suas ações; chega agora o momento de uma nova etapa
no discipulado: a missão.
O envio dois a dois dá sentido
comunitário à missão apostólica.
Os profetas da época tinham também
discípulos, mas o estilo era diferente. O profeta se sentava, os discípulos
ficavam em volta e ele ensinava. Jesus, ao contrário, é um profeta itinerante.
Seus discípulos o acompanhavam e ele ensinava o povo, pregava a conversão,
enfrentava situações difíceis, curava os doentes, expulsava demônios... Agora
os discípulos são chamados a fazer o mesmo. A missão dos Apóstolos aparece
assim como um prolongamento da missão de Cristo.
Ao enviá-los Jesus deu-lhes umas
instruções concretas. “Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a
não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura”. O missionário
deve trabalhar em total pobreza e desprendimento. Libertos de bagagens, eles
ficam mais livres, desinstalados e disponíveis para a missão confiada. Esse
“como” pregar é o principal testemunho profético.
“Quando entrardes numa casa, ficai
ali até vossa partida.” Esta é a conseqüência da situação de pobreza e de
desapego do missionário: fica fácil hospedar e ser hospedado pelo povo, e não
precisa ficar mudando de casa em casa.
O nosso testemunho cristão é como
uma medalha que tem dois lados. De um lado é a nossa palavra e a nossa
aparência; do outro está a nossa vida real, como vivemos no dia-a-dia e o que
carregamos conosco. Esses dois testemunhos se completam, e o povo tem ocasião
não só de ouvir o Evangelho, mas de ver como ele é vivido. “A palavra convence,
o exemplo arrasta”. “O meio é a mensagem”. As nossas atitudes falam mais fundo
do que as nossas palavras.
“Então os doze partiram e pregaram
que todos se convertessem. Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos
doentes.” Os profetas da época viviam escondidos do povo, e não se preocupavam
em curar doentes. Para Jesus, esse cuidado com o homem todo, alma e corpo, é o
sinal de que o Reino de Deus está perto.
“Se em algum lugar não vos
receberem, nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés,
como testemunho contra eles!” Sacudir a poeira dos pés para não levar
frustração. O missionário fica contente diante da porta que lhe abre, mas
tranqüilo diante da que se fecha; por isso é capaz de assumir a incompreensão
dos evangelizandos. Como uma prevenção contra o triunfalismo, Jesus prepara os
seus enviados para o possível fracasso da sua missão. A tarefa deles é semear,
não colher. O êxito não está garantido, porque o Evangelho é oferta gratuita,
não imposição.
Tudo isso vale para todos nós
cristãos, que no batismo recebemos a missão profética.
Nas entrelinhas dessas normas
concretas nós vemos um estilo apostólico, que foi o do próprio Jesus: pobreza
para a liberdade, desinstalação para a disponibilidade e entrega para o serviço
do Evangelho, visando o Reino de Deus.
Havia, certa vez, um rapaz que
morava perto do mar. Ele gostava de andar na praia, pra lá e pra cá, refletindo
sobre seus problemas. Quando ele voltava, via na areia sempre rastos de duas
pessoas. Ele pensava: que bom, Cristo caminha comigo!
Um dia, ele estava passando por
uma crise muito forte, um sofrimento muito grande, e foi caminhar na praia. Ao
voltar, viu rastos apenas de uma pessoa.
Ele disse para o amigo: “Ô Jesus,
justamente no meu momento mais difícil, o Senhor me abandona?
Jesus respondeu: “Não, meu irmão,
você está enganado. Esse rasto que você vê é meu. É que, nas suas horas mais
difíceis, eu o carrego nos meus braços!”
“Ide fazer discípulos entre todas
as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eis que estou convosco
todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,19-20). Jesus não falha neste seu
compromisso, especialmente nas horas mais difíceis de seus enviados.
Maria Santíssima é a Rainha dos
missionários, de ontem e de hoje, pois ela, atendendo ao chamado de Deus Pai, gerou
Jesus para nós. Que ela nos ajude a cumprir bem a nossa missão profética.
Começou a enviá-los.
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