11 Dezembro 2017
Tempo do
Advento Segunda Semana – Segunda-feira
Lectio
Primeira
leitura: Isaías 3S, 1-10
1 *0 deserto
e a terra árida alegrar-se-ão, a estepe exultará e dará flores belas como
narcisos. 2Vai cobrir-se de flores e transbordar de júbilo e de alegria. Tem a
glória do Líbano, a formosura do monte Carmelo e da planície de Saron. Verão a
glória do Senhor, e o esplendor do nosso Deus.3Fortalecei as mãos débeis,
robustecei os joelhos vacilantes. 4Dizei aos que têm o coração pusilânime:
«Tomai ânimo, não temeist» Eis o vosso Deus, que vem para vos vingar. Deus vem
em pessoa retribuir¬vos e salvar-vos. 5Então se abrirão os olhos do cego, os
ouvidos do surdo ficarão a ouvir, 6*0 coxo saltará como um veado, e a língua do
mudo dará gritos de alegria. Porque as águas jorraram no deserto e as torrentes
na estepe. 7A terra queimada mudar-se-e em lago, e as fontes brotarão da terra
seca. No covil onde repousavam os chacais, crescerão canas e juncos. 8Haverá
ali uma estrada e um caminho que se chamará Via Sagrada. Nenhum impuro passará
por ele; é para aqueles que por ele devem andar e os menos espertos não se perderão.
9ali não haverá leões, e nenhum animal feroz por ali passará. Apenas passarão
os remidos. 1 DOs que o Senhor libertar é que passarão por ela. Chegarão a Sião
entre cânticos de júbilo com a alegria estampada nos seus rostos, transbordando
de gozo e de alegria; nos seus corações, não haverá mais tristeza nem aflição.
Isaías
oferece-nos hoje um verdadeiro "hino à alegria" pela renovação do
cosmos e, sobretudo, do próprio homem. Essa renovação é obra de Deus criador e
salvador. Não estamos, pois, diante de uma simples celebração motivada pelo
regresso de Babilónia, mas diante de uma proclamação de fé que reconhece na
intervenção de Deus a realização dos mais profundos anseios do coração humano.
A alegria
contrasta com a aridez do deserto e da estepe. É o contraste entre uma alegria
que vem de Deus, que atravessa e vivifica toda a existência, e o sofrimento e a
aflição que pesaram sobre o povo durante o exílio. O júbilo fundamenta-se,
pois, na intervenção do Senhor, que deu uma volta à história, e que agora guia
o seu povo por um caminho seguro. Por isso, até o coxo pode percorrê-lo aos
saltos e o mudo pode gritar de alegria.
A beleza
poética do texto, à luz do Novo Testamento, torna-se profunda teologia. Deus
fez-se nosso próximo e carregou sobre Si as nossas misérias, dando uma volta à
história do homem, morrendo por nós, restituindo-nos a vida, a alegria.
Evangelho:
Lucas 5, 17-26
17*Certo
dia, enquanto Jesus ensinava, estavam ali sentados alguns fariseus e doutores
da Lei, que tinham vindo de todas as localidades da Galileia, da Judeia e de
Jerusalém; e o poder do Senhor levava-o a realizar curas. 18Apareceram uns
homens que traziam um paralítico num catre e procuravam fazê-lo entrar e
colocá-lo diante dele. 19*Não achando por onde introduzi-lo, devido à multidão,
subiram ao tecto e, através das telhas, desceram-no com a enxerga, para o meio,
em frente de Jesus. 20*Vendo a fé daqueles homens, disse: «Homem, os teus
pecados estão perdoados.» 210s doutores da Lei e os fariseus começaram a
murmurar, dizendo: «Quem é este que profere blasfémias? Quem pode perdoar
pecados, a não ser Deus?» 22Mas Jesus, penetrando nos seus pensamentos, tomou a
palavra e disse-lhes: «Que estais a pensar em vossos corações? 23Que é mais
fácil dizer: ‘Os teus pecados estão perdoados; ou dizer: ‘Levanta-te e anda?
24*Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem, na terra, o poder de
perdoar pecados, ordeno-te -disse ao paralítico: Levanta-te, pega na enxerga e
vai para tua casa.» 25*No mesmo instante, ergueu-se à vista deles, pegou na
enxerga em que jazia e foi para a sua casa, glorificando a Deus. 26Todos
ficaram estupefactos e glorificaram a Deus, dizendo cheios de temor: «Hoje
vimos maravilhas!»
Jesus
surpreendeu os que O rodeavam quando, em vez curar logo o doente que Lhe foi trazido
de modo um tanto rocambolesco, lhe dirigiu palavras de perdão: «Homem, os teus
pecados estão perdoedos» (v. 20). Mas o próprio texto sugere a razão porque
Jesus agiu desse modo: «Vendo a fé daqueles homens … » (v. 20). É a fé daqueles
maqueiros que permite a Jesus falar como fala. Só quem tem fé é capaz de
compreender que o maior problema do homem é o pecado, raiz de todos os males
que o afligem.
O milagre
que Jesus realiza é também uma tentativa de fazer compreender isso mesmo aos
doutores da lei e aos fariseus. A sua objecção é teologicamente pertinente, mas
também mascara a sua indiferença, a presunção de serem superiores aos outros.
Jesus parece-lhes um blasfemo, por se arroga um poder que só a Deus pertence.
Mas esse raciocínio interior, e o desafio a Jesus, impedem-nos de ver o
verdadeiro mal que aflige aquele homem, e que Deus não é cioso do seu poder de
perdoar. Com a chegada do Reino ao mundo, Deus quer instaurar uma praxe
profunda e universal de perdão. O perdão que Jesus nos veio trazer (v. 24) é o
modelo e a sua fonte dessa praxe, que suscita o espanto e a alegria entre o
povo.
Meditatio
É no
encontro com Deus que somos salvos. Deus vem salvar-nos, e nós havemos de ir ao
seu encontro pelo caminho que Ele mesmo nos prepara: «Haverá ali uma estrada e
um caminho que se chamará Via Sagrada … é para aqueles que por ele devem andar
e os menos espertos não se perderão. Apenas passarão os remidos». Mas, para ir
ao encontro de alguém, é preciso caminhar. Por isso, as leituras insistem na
cura daqueles que não podem caminhar: «o coxo saltará como um veado-;
«Levanta-te … e vai».
O Evangelho
dá-nos uma lição de optimismo. São muitos os nossos males, as nossas carências.
Mas são exactamente eles que nos levam a buscar o Senhor. Se aquele homem não
fosse paralítico, talvez nunca tivesse encontrado a Cristo. Foi a sua limitação
que o levou a procurar a Cristo. E Cristo correspondeu ao seu pedido, e
ofereceu-lhe muito mais: «Homem, os teus pecados estão perdoedos». Pode
surpreender-nos que Jesus tenha, em primeiro lugar, oferecido o perdão dos
pecados, àquele que lhe pedia a cura da paralisia. É que o divino Mestre não
faz uma leitura superficial dos males da humanidade. Vai ao fundo dos problemas
e faz-nos compreender que a mais urgente necessidade é o perdão, pois o pecado
é o pior mal, e a raiz de males que afligem a humanidade. O Reino de Deus
manifesta-se, em primeiro lugar, como reconciliação do pecador com Deus, como
nova possibilidade, oferecida pela graça, para retomar o caminho, depois da
paralisia da sua liberdade provocada pela culpa.
Quem não tem
fé, continua a pensar que os mais graves problemas da humanidade são outros: a
saúde, a economia, a gestão do poder, o subdesenvolv
imento, os desequilíbrios ecológicos … A Palavra de Deus alerta-nos para outra dimensão mais profunda do mal do homem e, ao mesmo tempo, anuncia a salvação. É por isso que o deserto floresce e a estepe árida regurgita de nova vida.
As nossas Constituições (n. 4) sublinham a sensibilidade teologal do Pe. Dehon.
imento, os desequilíbrios ecológicos … A Palavra de Deus alerta-nos para outra dimensão mais profunda do mal do homem e, ao mesmo tempo, anuncia a salvação. É por isso que o deserto floresce e a estepe árida regurgita de nova vida.
As nossas Constituições (n. 4) sublinham a sensibilidade teologal do Pe. Dehon.
O seu
conhecimento dos males da sociedade não é fruto de simples análise sociológica.
Leão Dehon vai mais ao fundo da questão, e dá-se conta de que a causa dos males
da sociedade, e da própria Igreja, está no pecado visto como "recusa do
amor de Cristo", como "amor não é acolhido". Para o Pe. Dehon,
se o pecado, recusa do amor de Deus, é "mal de Deus … mal do Coração de
Jesus", é também "mal do homem". É a fonte dos "males da
sociedade … , a causa profunda" da "miséria humana". Por essa
razão é que o Fundador, ao falar aos noviços, chega a afirmar que "a
reparação por meio do amor puro é a salvação da Igreja e dos povos, é a solução
da actual questão social" (CFL III, 46; 25.07.1888). Esta afirmação,
desligada da experiência de vida, e especialmente do intenso apostolado social
do Pe. Dehon, pode parecer espiritualismo abstracto. Mas, para o Fundador, ela
tinha um sentido muito concreto e real: é a fonte espiritual onde se vão beber
os meios concretos, as iniciativas mais adequadas para promover as pessoas, as
famílias, os trabalhadores, para realizar a reino da justiça e da caridade (cf.
NHV IX, 90-92; OSP 2, 29-69; OSP 3, 197-215). A reparação, por meio do amor,
leva-o a comprometer-se no apostolado para eliminar, ou, pelo menos reduzir, o
poder do pecado, "mal do homem" e, desse modo, reduzir o "mal de
Deus e do Coração de Jesus".
A "mística" ou "união íntima ao Coração de Cristo", que caracteriza a vida espiritual do Pe. Dehon, é a mesma "mística" que caracteriza o seu apostolado. A dimensão apostólica (oblação pelos homens) é essencial no carisma dehoniano bem entendido (cf. Cst. 5).
A "mística" ou "união íntima ao Coração de Cristo", que caracteriza a vida espiritual do Pe. Dehon, é a mesma "mística" que caracteriza o seu apostolado. A dimensão apostólica (oblação pelos homens) é essencial no carisma dehoniano bem entendido (cf. Cst. 5).
A
sensibilidade do Pe. Dehon ao pecado como "causa … profunda" da
"miséria humana", tem pouco a ver com a análise do mal-estar social
feita por um sociólogo. O Pe. Dehon não se limita às causas próximas e
superficiais; vai à "causa mais profunda", a "recusa do amor de
Cristo". Por isso, é preciso instaurar o "Seu Reino nas almas e nas
sociedades" (Cf. RCJ: OS I, 5).
Oratio
Senhor, Deus da liberdade e da paz, que no perdão dos pecados me dás o sinal da nova criação, faz com que toda a minha vida, reconciliada no teu amor, se torne louvor e anúncio da tua misericórdia.
Senhor, Deus da liberdade e da paz, que no perdão dos pecados me dás o sinal da nova criação, faz com que toda a minha vida, reconciliada no teu amor, se torne louvor e anúncio da tua misericórdia.
Concede-me a
graça de me juntar ao louvor e à acção de graças de todos aqueles e aquelas
que, ao longo dos séculos, foram perdoados e curados como o paralítiCO de que
fala o evangelho de hoje. Uma vez perdoado e curado, concede-me usar de
compaixão e de solidariedade com todos os meus irmãos pecadores, para os
conduzir a Ti, redentor da humanidade. Assim exercerei uma importante dimensão
da minha vocação reparadora. O teu amor e a tua misericórdia farão florescer
desertos, e estepes áridas serão irrigadas e tornadas fecundas … para glória e
alegria do teu coração de Pai. Amen.
Contemplatio
o Coração de Jesus permanecerá sempre para nós o Coração de um amigo, de terno pai, de um esposo. Ele exercerá toda a sua comiseração para com aqueles que recorrerem a Ele com toda a confiança, sejam eles criminosos
o Coração de Jesus permanecerá sempre para nós o Coração de um amigo, de terno pai, de um esposo. Ele exercerá toda a sua comiseração para com aqueles que recorrerem a Ele com toda a confiança, sejam eles criminosos
como Judas;
e Ele não punirá senão os infelizes que obstinadamente recusarem recorrer à sua
misericórdia. Para fazer bem esta meditação, basta recordar-se das passagens
magníficas nas quais Nosso Senhor proclama a sua misericórdia pelos pecadores:
as parábolas tão tocantes do pastor que vai procurar a ovelha transviada no
deserto e a traz de volta às costas, da dracma perdida, do filho pródigo e do
bom samaritano. Consideremos também a bondade de Jesus em acção, para com os
pecadores; Ele perdoa à mulher adúltera e à samaritana, a Madalena, ao ladrão,
a S. Pedro.
Jesus e a
bondade, são um todo. Jesus é todo coração mesmo pelos pecadores. Antes de
proclamar esta misericórdia do seu Coração, Ele coloca-a perante os nossos
olhos através de uma acção simbólica. Apresentam-lhe um paralítico. Ele não lhe
diz: tu és um pecador, tu não mereces que eu te cure; começa por curá-lo da sua
enfermidade espiritual e liberta-o em seguida da sua enfermidade corporal:
«Vai, diz-lhe, os teus pecados estão perdoados», e acrescenta: «Toma a tua
enxerga e volta para casa». Um momento depois, testemunha aos pobres pecadores,
uma bondade, uma condescendência verdadeiramente espantosas. Vive familiarmente
com eles, convida-os à sua mesa, e a sua indulgência vai até escandalizar os
Fariseus. Estes interpelam os apóstolos e dizem-lhes: «Porque é que o vosso
mestre come com os pecadores> Mas Jesus responde-lhes: «O médico não se
inquieta com os que estão de saúde, mas sim com os doentes». Jesus tem por nós
um coração de amigo e de médico, e não um coração de juiz (Leão Dehon, OSP 2,
p. 272s.).
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Coragem: Deus vem selver-nos» (cf. Is 35, 4)
Repete frequentemente e vive hoje a palavra: «Coragem: Deus vem selver-nos» (cf. Is 35, 4)
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