Evangelhos
Dominicais Comentados
05/novembro/2014 – Todos os
Santos
Evangelho: (Mt 5,
1-12)
Ao ver a multidão, Jesus subiu ao monte. Quando sentou-se, os
discípulos se aproximaram dele. Tomou a palavra e começou a ensinar: “Felizes
os que têm espírito de pobre, porque deles é o reino dos céus. Felizes os que
choram, porque serão consolados. Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Felizes os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Felizes os puros de coração,
porque verão a Deus. Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados
filhos de Deus. Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o
reino dos céus. Felizes sereis quando vos insultarem e perseguirem e, por minha
causa, disserem todo tipo de calúnia contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque
grande será a vossa recompensa nos céus.
COMENTÁRIO
Hoje
vamos falar de vida e de esperança. Neste evangelho, conhecido como o Sermão da
Montanha ou das Bem-Aventuranças, Jesus chama de muito felizes, de bem
aventuradas àquelas pessoas que nós chamamos de infelizes e desventuradas.
Não
é fácil entender essas palavras de Jesus. Já pensou? Como pode um pobre, que
não tem sequer onde morar, ser o dono do Reino dos Céus e, como pode ser
chamado de feliz aquele que chora? Difícil de entender, porém uma coisa é
certa, se tudo isso nos desagrada, a pobreza, o sofrimento, a fome e a sede,
enfim, todas as coisas que nos angustiam, também não agradam a Deus.
Deus
não fica nada satisfeito por ver-nos mergulhados em sofrimentos e angústias.
Deus não nos manda desgraças e tribulações. Ele não quer ver nenhum de seus
filhos sofrendo e reservou, para cada um dos bem-aventurados, a plena
felicidade na Glória Celeste.
Vamos
nos ater em algumas das bem-aventuranças. A primeira proclama de felizes ou
bem-aventurados, os pobres em
espírito. Para nossa cultura, essa expressão pode parecer
estranha e levar-nos a concluir que, esses “pobres” são pessoas sem cultura,
atrasadas mentalmente ou que não possuem bens materiais.
Esta
bem-aventurança não é dirigida para uma determinada classe social. Não é também
uma mensagem de resignação e conformismo para aqueles que não fazem parte da
alta-sociedade. Com suas palavras, Jesus não quer exaltar a pobreza, não está
aprovando a miséria e, muito menos dizendo que todos os pobres são
bem-aventurados.
O
pobre em espírito não é necessariamente aquele que não tem o que comer, nem
aquele que não tem bens ou onde morar. O pobre que Jesus se refere é aquele que
está ciente de sua pequenez diante de Deus. Aquele que não é arrogante,
ambicioso e auto-suficiente. Esse pobre é humilde, desapegado dos bens
terrenos, e tem Deus como seu maior tesouro.
O
espírito de pobreza não é exclusividade dos moradores da periferia. Nada impede
que more em mansão quem tem espírito de pobreza. Para ser pobre em espírito,
não é necessário andar maltrapilho. É preciso sim, recusar-se a viver uma vida
farta sozinho, é necessário despojar-se dos excessos, é usar seus bens em favor
dos menos favorecidos. Esse “pobre” sabe distribuir, paga salário justo e vive
a caridade fraterna.
Jesus
também chama de bem-aventurados os aflitos, os que sofrem e os que choram, pois
serão consolados. Aqui se encaixam todos os bem-aventurados, pois certamente,
Deus irá consolar todos que choram, os mansos, os pobres, os misericordiosos,
enfim, Deus irá consolar todos que sofrem por amor.
É
muito difícil entender o que significa sofrer por amor, porque amor está
relacionado com alegria, amor é sinônimo de felicidade. No entanto, dor e cruz
também estão relacionados com amor, pois foi por amor que Jesus se submeteu ao
martírio e se deixou crucificar. Dor, resignação e cruz, são palavras que rimam
com Jesus, são caminhos que levam à Verdadeira Luz.
Felizes
os misericordiosos, os mansos e puros de coração, os que promovem a paz, que
têm fome e sede de justiça e que por isso, são perseguidos e injuriados. Em
todas essas bem-aventuranças se encaixam os missionários, evangelizadores,
catequistas, líderes classistas e, até mesmo, alguns raríssimos homens
públicos e políticos que lutam por um mundo melhor e por uma justa distribuição
de renda.
Hoje,
Jesus dá esperança para aqueles que tiram do lixo o sustento de suas famílias e
também chama de bem-aventurados os pais desempregados, as vítimas da
globalização, os índios expulsos de suas terras, os favelados, os aposentados,
os sem terra e sem teto. Todos serão consolados e receberão uma grande
recompensa no céu. O pobre Lázaro (Lc 16,19-31) é um bom exemplo dessa verdade.
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jorge.lorente@miliciadaimaculada.org.br – 05/novembro/2017
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