Até quando seremos noivas que apenas esperam...-Alexandre Soledade
DOMINGO – DIA 12 Evangelho - Mt 25,1-13
Bom dia! Contei uma história no ano passado
que serve bem para iniciar essa reflexão.
Era uma vez (…)
Certa vez uma jovem moça cansou de acreditar.
Preferia a racionalidade a viver da fé naquilo que não podia entender ou ver.
Dedicou-se, portanto a focar nas coisas palpáveis e que considerava segura (carreira,
financeiro, bens imóveis e moveis) e de certa forma era feliz. Tinha amigos,
colegas, reconhecimento, prestigio, (…). Aos seus olhos, nada faltava.
Analisava sua vida como forma de revide para
as dificuldades que teve na infância e adolescência. Uma família difícil, pais
imaturos e ausentes, dificuldades financeiras, (…); para ela era difícil ver a
pessoa de Deus em meio a tamanho sofrimento. Sonhava acordada vendo a vida boa
de seus colegas e dessa forma disfarçava a inveja que corria no seu peito e no
seu olhar. “Serei grande e rica”! – pensava ela. Não quis casar. Preferiu
manter a individualidade e rédeas da sua vida a ter que dividir com alguém suas
alegrias, suas memórias, suas dúvidas, (…); não desejava alguém que lhe
ajudasse a conduzir sua vida ou a aconselhá-la.
A vida, depois de estabilizada, não mais deu
reviravoltas para essa moça. Nunca mais passou por tribulações que não pudessem
ser superadas. Progrediu profissionalmente, cresceu, ganhou status e uma
promoção. Um dia então, saiu para comemorar com seu carro importado e recém
comprado, parou num semáforo e de súbito uma menina bateu-lhe o vidro chamando
sua atenção. Algo naquela garota lhe incomodava. Perguntou-lhe então seu nome e
surpreendentemente era o mesmo que o seu.
Foi um flashback! Um rio de lágrimas lhe
descia aos olhos, imaginava-se naquela criança. Lembrou das dificuldades de
criança. O clima nostálgico tomou conta daquele carro ao ponto de desistir de
comemorar, preferindo voltar para casa. Lá, abriu a gaveta do armário e
escondida entre meias, estava um livro empoeirado e de folhas amareladas. Suas
mãos tremiam e por mais que tentasse não conseguia fazê-las parar.
- Quanto tempo não te leio! – Disse ela
chorando. Abriu, pois a bíblia e lá numa pagina marcada leu:
“(…) Neste momento os discípulos
aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: Quem é o maior no Reino dos céus?
Jesus chamou uma criancinha, colocou-a no meio deles e disse: Em verdade vos
declaro: se não vos transformardes e vos tornardes como criancinhas, não
entrareis no Reino dos céus. Aquele que se fizer humilde como esta criança será
maior no Reino dos céus. E o que recebe em meu nome a um menino como este, é a
mim que recebe”. (Mateus 18, 1-5)
Descobriu então o quanto era preciosa desde a
sua infância. Questionou-se imediatamente o que fizera para mudar a realidade
de outras tantas crianças que não tiveram a mesma sorte ou competência que ela.
Não sabia ela que acabava de entender o que é compromisso social.
Saibam que de fato tememos também em conflitar
o que fizemos para mudar o nosso redor. Vivemos então uma vida fracionada e não
como um todo, O mundo que de fato me preocupo é o que gravita ao redor do meu
umbigo. Quem já trabalhou como voluntário em um asilo, num hospital, numa ação
social ou para os outros em sua pastoral tem a real noção que NÃO TEMOS
PROBLEMA ALGUM se compararmos com esses que REALMENTE precisam de ajuda.
É preciso refletir também um outro lado dessa
parábola: “(…) O óleo que nós temos não dá para nós e para vocês. Se vocês
querem óleo, vão comprar!”
É obvio que Jesus aqui não apregoava a
individualidade ou a famosa frase “o problema não é meu”, mas faço a seguinte
pergunta: O que eu tenho haver com aquele que prefere errar a acertar? O que
fiz de concreto para mudar a realidade ao meu redor? De que vale ganhar o mundo
inteiro e perder a vida eterna? Claro que não temos como por juízo na cabeça de
tantos desajuizados por ai, mas o que posso fazer além de fechar os olhos a
eles?
Não somente os alcoolizados, viciados, mas
todos aqueles que partem para o mundo sem medir as conseqüências de seus atos,
aqui incluímos os que fazem barbeiragens no trânsito, que vão brigar nos
estádios, que acham “lindo” filmar duas colegas brigando na escola e postar no
facebook, Orkut, (…). Essa “noiva” que não pensa o que faz podemos dizer que
também se apegou ao imediato, ao fútil, ao prazer temporário, mas agora, ou
podemos chamar de hedonismo.
“(…) É complicado competir com o
hedonismo, ou seja, pela busca desenfreada por algo que nos dê prazer. Como o
encarregado da propriedade do evangelho de hoje passamos pouco a pouco a
esfriar na crença ou na esperança do que acreditamos. Vendemo-nos ou nos
permitimos conquistar facilmente pelas coisas que me façam feliz hoje,
agora,…”.
Tudo bem que a história que contamos no
começo é um conto criado e não um testemunho, mas por que não aprender com a
mensagem que transmite o conto? Até quando seremos noivas que apenas esperam e
não planejam ou tem ações proativas para melhor recebê-lo?
No mês de Setembro provavelmente refletiremos
muito sobre compromisso, ação e omissão quanto ao anúncio da Boa Nova e quanto
estou conservando-a dentro de mim através da fé, da esperança e da caridade.
Um imenso abraço fraterno.
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