Domingo, 8 de
outubro de 2017.
Evangelho de Mt 21,
33-43.
A parábola de hoje, que Jesus contou, está baseada no texto
do profeta Isaías 5,1-7. Isaías, mais ou menos 700 anos antes de Cristo, escreveu
esse texto que pode ser considerado um dos mais bonitos do Antigo Testamento. Nesse texto ele conta a decepção e a não
correspondência por parte de quem se esperava uma resposta de amor. Este texto
de Isaías lembra a vida na roça e fala da frustração do agricultor diante do
fracasso no cultivo de parreiras.
Ele conta que o agricultor pensou e agiu do melhor modo
possível para plantar sua vinha: escolheu um terreno numa fértil encosta, pois
ela é o lugar mais adequado para o cultivo de videiras; tirou as pedras e
escolheu cepas (mudas) da melhor qualidade; levantou ao redor da plantação um
muro de pedras para que os animais não entrassem nela e causassem danos (ainda
hoje, na Palestina, podem ser vistas parreiras se espalhando pelo chão; daí a
necessidade de cerca); ergueu no centro do parreiral uma torre de vigia a fim
de que seus frutos não fossem roubados, e até cavou um lagar para pisar as
uvas. Investiu ao máximo para que desse bom resultado. Agora era só esperar que
produzisse frutos; mas, para sua surpresa, o parreiral deu uvas azedas.
Percebemos então que este trecho não fala de um agricultor
qualquer, desanimado com a roça, mas da frustração de Deus em relação ao seu
povo eleito, o povo hebreu, o povo da Bíblia. Esse trecho de Isaías mostra um
Deus extremamente zeloso, amoroso, cuidadoso com sua vinha, que é seu povo
eleito. O povo de Deus é a vinha do Senhor, do qual cuida com amor e carinho e
espera que os dirigentes a tratem da mesma forma.
O que foi que Deus
fez para o seu povo? Quais os cuidados que teve com ele? Libertou-os da
Escravidão do Egito, abriu o mar para eles passarem, alimentou-os no deserto, matou-lhes
a sede, conduziu-os à Terra prometida, aquela terra que Deus dera a Abraão. Lá,
eles eram gente livre e responsável, não mais escravos, e podiam construir uma
sociedade justa, fraterna, solidária..., onde o direito fosse base dessa
sociedade. Tudo o que era da parte de Deus ele fez, agora ele tinha que esperar
que os homens correspondessem, produzindo frutos de qualidade. Mas não
aconteceu assim, o direito, a justiça, a fraternidade não ocorreram. Ocorreu o
desrespeito e o não cumprimento ao direito; no lugar da justiça só se ouvem os
gritos dos injustiçados e oprimidos.
Jesus contou esta
parábola aproveitando um fato da vida do povo para falar de conflito, da falta
de entendimento, do confronto, que estava havendo entre Jesus, que é o Mestre
da justiça e os chefes dos sacerdotes que representavam o poder religioso, político
e econômico. Na parábola de hoje eles são os vinhateiros. Além de não produzir
frutos de justiça e direito, ainda impedem que os mensageiros do proprietário
(os profetas) despertem no povo esses frutos. O profeta Jeremias foi ferido,
Isaías foi morto, Zacarias foi lapidado, João Batista foi decapitado. Esses são
os criados enviados por Deus, que o povo judeu desprezou, injuriou e matou
alguns.
Jesus perguntou aos ouvintes da parábola, isto é, aos chefes
dos sacerdotes e anciãos do Sinédrio, o
que o dono da vinha deveria fazer com aqueles empregados maus, que mataram os
empregados e até o próprio filho do proprietário. E a resposta que dão é
a sentença contra eles próprios (v 41). Os sumos sacerdotes e os anciãos do
povo responderam: “Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e
arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo
certo”.
Aqui nós podemos ver que o povo, que Deus preparou com todo
o cuidado, zelo, amor, dedicação, não aceitou Deus, nem seu filho, não aceitou,
mas os pagãos aceitaram e receberam a Boa Nova de Jesus. Na conclusão da parábola Jesus diz: “O
Reino de Deus será tirado de vocês e será entregue a um povo que produzirá seus
frutos”.
O povo escolhido tornou-se indigno.
O Reino de Deus irá constituir-se principalmente de outros povos, que
corresponderão melhor à grande bondade de Deus. Deus queria salvar os homens em
um povo. Rejeitaram os profetas e até o Filho de Deus, foram maus lavradores.
Hoje, esse Evangelho quer nos ensinar, lembrar a todos os cristãos de
todos os tempos, que existe para todos nós o perigo de repetir o mesmo erro dos
príncipes dos sacerdotes e dos guias espirituais do povo de Israel. Essa
parábola é dirigida para nós também, que temos o dever e o compromisso de construir
uma sociedade fraterna, justa, solidária. Cada
um de nós deve se considerar um
operário da vinha. De nós são exigidos os frutos. Precisamos olhar para Jesus e
assumir, como Ele, a condição de servo. Ele, que é o herdeiro da vinha, se fez
servo obediente ao Pai. Jesus é o caminho que devemos seguir, não só as lideranças,
mas todos nós cristãos que queremos ser discípulos missionários de Jesus.
Se não soubermos produzir bons frutos, seremos condenados como os
agricultores da parábola. Nessa parábola Jesus não fala que vai destruir a vinha, mas
substituirá os trabalhadores.
Nós já paramos para pensar: quais são os frutos que
produzimos? Será que não participamos das missas, terços, encontros somente com
palavras e gestos desligados da vida? Não somos semelhantes ao povo de Israel,
videira que não produziu frutos doces, que não fez o que Deus pediu? Amamos e
respeitamos nossos irmãos? Cuidamos da natureza bela que Deus criou para nós?
Vivemos o mandamento do amor?
Abraços em Cristo!
Maria de Lourdes
Maria de Lourdes; bela reflexão. Tenha um bom fim de semana na paz com Deus.
ResponderExcluirMaria de Lourdes; bela reflexão. Tenha um bom fim de semana na paz com Deus.
ResponderExcluir