14
Outubro 2017
Lectio
Primeira leitura: Joel
4, 12-21
Nações, levantai-vos e
vinde ao Vale de Josafat; aí me sentarei para julgar as nações vindas de toda a
parte. 13Metei a foice porque a messe está madura, vinde pisar porque o lagar
está cheio, as cubas transbordam porque a malícia deles é muito grande.
14Multidões e multidões, no Vale do Julgamento, porque o Dia do Senhor está
perto, no Vale do Julgamento. 15O Sol e a Lua obscurecem-se, as estrelas perdem
o seu brilho.» 16«O Senhor rugirá de Sião! Trovejará de Jerusalém! Então os
céus e a terra serão abalados. Mas para o seu povo, o Senhor será um refúgio,
uma fortaleza para os filhos de Israel! 17Sabereis então que Eu sou o Senhor,
vosso Deus, que habito em Sião, minha montanha santa. Jerusalém será um lugar
sagrado, onde os estrangeiros não tornarão mais a passar. 18Acontecerá naquele
dia que os montes destilarão vinho novo, o leite manará das colinas, as águas
jorrarão em todas as ribeiras de Judá. Uma fonte sairá do templo do Senhor para
irrigar o Vale das Acácias. 19O Egipto será a desolação e Edom será um deserto
desolado pois trataram com crueldade os filhos de Judá e derramaram, no seu
país, o sangue inocente. 20Mas Judá será habitada para sempre e Jerusalém, de
geração em geração. 21Eu vingarei o seu sangue, não os deixarei impunes. E o
Senhor habitará em Sião.»
Dos capítulos 3 e 4 do
livro de Joel, nitidamente escatológicos e apocalípticos, apenas este texto foi
conservado na liturgia. Apresenta-nos o «dia do Senhor», o dia do embate final
entre o povo de Deus e os pagãos coligados. A descrição é viva e aterradora. Os
pagãos são convidados a apresentar-se no vale de Josafat, «no Vale do
Julgamento», contíguo à torrente do Cedron e ao antiquíssimo cemitério judeu.
Aí serão ceifados como seara madura e exprimidos como uvas no lagar, enquanto o
cosmos participa do «rugido» do Senhor, sofrendo enormes convulsões, como é
próprio da literatura apocalíptica. Bem diferente será a sorte do povo de Deus,
que finalmente experimentará o poder do Senhor, que entregará definitivamente
Jerusalém aos seus fiéis e fará justiça contra todas as opressões e abusos
sofridos.
Assim se anuncia o castigo dos maus e a salvação do povo do Senhor: «para o seu povo, o Senhor será um refúgio, uma fortaleza para os filhos de Israel!» (v. 16). Israel e Judá triunfarão definitivamente, e a terra recuperará a fertilidade, a do Paraíso perdido e a do Messias esperado.
Assim se anuncia o castigo dos maus e a salvação do povo do Senhor: «para o seu povo, o Senhor será um refúgio, uma fortaleza para os filhos de Israel!» (v. 16). Israel e Judá triunfarão definitivamente, e a terra recuperará a fertilidade, a do Paraíso perdido e a do Messias esperado.
Evangelho: Lucas 11,
27-28
Naquele tempo,
27Enquanto Jesus falava, uma mulher, levantando a voz do meio da multidão,
disse: «Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!»
28Ele, porém, retorquiu: «Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a
põem em prática.»
Depois do discurso sobre
o Demónio, Lucas insere a “bem-aventurança” pronunciada por uma ouvinte
desconhecida e que se podia resumir assim: «Bem-aventurada a mãe que tem um
filho como Jesus». A ouvinte pensaria certamente na força da sua palavra que
introduzia no mistério das realidades espirituais. Mas, para Jesus,
“bem-aventurado” é aquele que escuta a palavra de Deus e a põe em prática. O
“antes” parece contradizer as palavras da mulher, e relegar Maria para a sombra.
Mas, se aprofundarmos esta perícopa, lendo-a à luz de outras, damo-nos conta de que é exactamente o contrário. De facto, a Mãe de Jesus, em Lc 1, 42-45, é proclamada “feliz” porque acreditou e obedeceu à Palavra (cf. 1, 38). No Magnificat, a própria Virgem profetiza que todas as gerações a proclamarão “bem-aventurada” por se ter rendido totalmente à Palavra que compromete a sua fé e a sua vida.
Por outro lado, já noutra ocasião, Jesus aproveitara o facto de sua mãe e os seus parentes terem ido à procura d´Ele para proclamar que sua mãe e seus irmãos são aqueles «que escutam a palavra de Deus e a vivem» (cf. Lc 8, 19-21). Esta é, portanto, a identidade profunda de Maria que também a nós é proposta. Escutar a palavra de Jesus, que é o Verbo, a substancial palavra do Deus vivo, é o segredo para ser bem-aventurado.
Mas, se aprofundarmos esta perícopa, lendo-a à luz de outras, damo-nos conta de que é exactamente o contrário. De facto, a Mãe de Jesus, em Lc 1, 42-45, é proclamada “feliz” porque acreditou e obedeceu à Palavra (cf. 1, 38). No Magnificat, a própria Virgem profetiza que todas as gerações a proclamarão “bem-aventurada” por se ter rendido totalmente à Palavra que compromete a sua fé e a sua vida.
Por outro lado, já noutra ocasião, Jesus aproveitara o facto de sua mãe e os seus parentes terem ido à procura d´Ele para proclamar que sua mãe e seus irmãos são aqueles «que escutam a palavra de Deus e a vivem» (cf. Lc 8, 19-21). Esta é, portanto, a identidade profunda de Maria que também a nós é proposta. Escutar a palavra de Jesus, que é o Verbo, a substancial palavra do Deus vivo, é o segredo para ser bem-aventurado.
Meditatio
«Felizes as entranhas
que te trouxeram e os seios que te amamentaram!» (v. 27b ), gritou uma mulher,
do meio da multidão, para Jesus. «Ele, porém, retorquiu: «Felizes, antes, os
que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática». (v. 28). À primeira vista,
Jesus parece recusar o elogio de sua Mãe. Na verdade, proclama a
bem-aventurança que Lhe vem da escuta da Palavra e da sua vida de fé. E isto é
muito mais importante que os laços de sangue que Os unem. Para Maria, foi uma
enorme alegria ser Mãe do Salvador. Mas a condição de serva, que sabe escutar e
guardar a Palavra, provoca n´Ela uma felicidade maior. Para acolher os
projectos de Deus, Maria até renunciou duas vezes à maternidade. A primeira,
quando do anúncio do Anjo; a segunda, no Calvário, quando aceitou o sacrifício
do Filho. Ao pedir-Lhe estes sacrifícios, Deus deu-lhe muito mais: uniu-a a Si,
revelou-lhe os seus projectos e fez d´Ela colaboradora desses mesmos projectos,
num grau muitíssimo elevado.
Em todos os chamamentos de Deus há diversos aspectos. Mas é importante apegar-se ao mais autêntico. O mesmo acontece nas diversas situações, em que podemos descobrir vantagens humanas e vantagens espirituais. Corremos o risco de nos apegarmos aos aspectos humanos e de ficarmos em crise quando eles nos faltam. Se, pelo contrário, nos fixarmos no aspecto mais profundo, estamos defendidos de certas crises, porque, se for necessário fazer alguns sacrifícios, sabemos que não se altera a nossa relação com Deus, a nossa vida de intimidade com Ele. Há pessoas que justamente se sentem felizes por viver perto de um determinado santuário, neste ou naquela situação privilegiada, a exercer este ou aquele cargo na Igreja. Mas, mais importante que isso, é a relação que mantêm com Deus. Se assim pensarem e viverem, aceitarão tranquilamente as mudanças que as circunstâncias ou a obediência lhes impuserem. Saberão apegar-se ao essencial, a sua relação com Deus, e não ao secundário, o lugar onde vivem, a situação em que vivem o cargo ou a missão que exercem. A bem-aventurança das “entranhas e do seio” é, sem dúvida grande; mas a “bem-aventurança da fé” é ainda maior: «Bem-aventurados, antes, os que escutam a palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11, 28). É essa bem-aventurança mais preciosa que somos chamados a descobrir em Maria: «Bem-aventurada aquela que acreditou» (Lc 1, 45) e meditou a fundo no mistério do seu filho, Jesus. «Maria… guardava todas estas coisas,
meditando-as no seu coração» (Lc 2, 19; 2, 51).
Em todos os chamamentos de Deus há diversos aspectos. Mas é importante apegar-se ao mais autêntico. O mesmo acontece nas diversas situações, em que podemos descobrir vantagens humanas e vantagens espirituais. Corremos o risco de nos apegarmos aos aspectos humanos e de ficarmos em crise quando eles nos faltam. Se, pelo contrário, nos fixarmos no aspecto mais profundo, estamos defendidos de certas crises, porque, se for necessário fazer alguns sacrifícios, sabemos que não se altera a nossa relação com Deus, a nossa vida de intimidade com Ele. Há pessoas que justamente se sentem felizes por viver perto de um determinado santuário, neste ou naquela situação privilegiada, a exercer este ou aquele cargo na Igreja. Mas, mais importante que isso, é a relação que mantêm com Deus. Se assim pensarem e viverem, aceitarão tranquilamente as mudanças que as circunstâncias ou a obediência lhes impuserem. Saberão apegar-se ao essencial, a sua relação com Deus, e não ao secundário, o lugar onde vivem, a situação em que vivem o cargo ou a missão que exercem. A bem-aventurança das “entranhas e do seio” é, sem dúvida grande; mas a “bem-aventurança da fé” é ainda maior: «Bem-aventurados, antes, os que escutam a palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11, 28). É essa bem-aventurança mais preciosa que somos chamados a descobrir em Maria: «Bem-aventurada aquela que acreditou» (Lc 1, 45) e meditou a fundo no mistério do seu filho, Jesus. «Maria… guardava todas estas coisas,
meditando-as no seu coração» (Lc 2, 19; 2, 51).
Oratio
Senhor Jesus, Tu
disseste: «Bem-aventurados os que escutam a palavra de Deus e a põem em
prática». Bem-aventurados, porque essa Palavra nos revela o teu mistério, o
projecto de amor do Pai, a sua vontade, e nos alimenta a alma como alimentou a
tua durante a vida terrena que partilhaste connosco. Dá-me a graça de
permanecer apegado ao que, na verdade, é essencial, para ser livre de oferecer
com alegria ao Pai o sacrifício de tudo quanto me queira pedir. Amen.
Contemplatio
Ecce ancilla Domini,
regra de vida de Maria. O abandono a Deus e à vontade divina é também a regra
de vida de Maria e nós vemo-la na perturbação e na dúvida fixar-se nesta
disposição: «Eis a serva do Senhor, que me seja feito como quereis». Estas
palavras exprimem o abandono, a docilidade à graça, a conformidade à vontade
divina, o sacrifício e a imolação. Com esta resposta, com o seu consentimento,
Maria aceitava a dignidade e a honra da maternidade divina, mas ao mesmo tempo
também os sofrimentos, os sacrifícios que lhe estavam ligados. Declarava-se
pronta a cumprir a vontade de Deus em tudo como sua serva. Era como um voto de
vítima e de abandono. Esta disposição é a mais perfeita, é a fonte dos maiores
méritos e das melhores graças. Maria proclamou-o mesmo no seu Magnificat: A
minha alma louva o Senhor, porque olhou com favor a humildade da sua serva. –
Deus encontrou muita alegria nesta disposição de Maria. Ela acrescentava: Todas
as gerações me hão-de proclamar bem-aventurada. Durante a sua vida mortal,
poucas pessoas a proclamaram bem-aventurada, excepto Isabel e aquela mulher que
ergueu a voz no meio do povo, e à qual Jesus respondeu: Bem-aventurados são
aqueles que escutam a minha palavra e que a praticam. A felicidade de Maria
durante a sua vida mortal era o sacrifício com Jesus, por Jesus e pelas almas.
Ela não era, como o seu Filho, senão um objecto de desprezo, de humilhação e de
ignomínia da parte dos inimigos de Deus. Para aqueles que estavam bem
dispostos, era um objecto de compaixão e de piedade. O ecce Ancilla era a
disposição do seu coração em todos os sacrifícios que teve de fazer: quando da
Apresentação no Templo, quando ofereceu o seu Filho em sacrifício e escutou a
profecia do velho Simeão; na fuga para o Egipto e assim por diante, em todas as
ocasiões, até debaixo da cruz do seu Filho moribundo. Do mesmo modo para o resto
da sua vida, consentiu em ser a mãe da Igreja nova fundada no sangue do seu
Filho. A sua graça e os seus méritos aumentavam sempre pela sua fiel
cooperação, pela sua pureza, pelo santo e perfeito amor com o qual cumpria a
missão que se tornara a sua. (Leão Dehon, OSP 3, p.328s.)
Actio
Repete muitas vezes e
vive hoje a palavra:
«Felizes os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11, 28).
«Felizes os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática» (Lc 11, 28).
cadê as outras reflexões?
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