Domingo- 20 de Agosto de 2017- Evangelho - Lc 1,39-56
Todo aquele
intercâmbio de vida, todo aquele diálogo de amor à luz do Espírito Santo, leva
Maria a um canto de ação de graças e de louvor, inspirado no canto de Ana, a
mãe de Samuel (cf. Sm 2,1-10). É que tanto lá como aqui, se realimenta a
esperança dos pobres por uma intervenção de Deus Salvador. Jesus, de fato,
significa – Deus Salva! A primeira parte do canto apresenta o louvor e a
santificação do nome de Deus por parte de Maria. Na verdade, Deus pôs seu olhar
sobre aquela humilde jovem de Nazaré, fazendo grandes coisas em seu favor. Deus
exalta sua humildade, de tal modo que todas as gerações têm a obrigação de
chamar a Mãe de Deus de Bem-Aventurada, ou seja, de Santa.
Assim, Jesus é
concebido como a misericórdia de Deus em ação, trazendo vida para todos,
restaurando a fraternidade entre os filhos de Deus.
Ao descrever a
visita de Maria a Isabel, Lucas quer mostrar Maria como um modelo de
solidariedade, da comunidade fiel que atende a todos os irmãos necessitados. O
serviço de Maria a Deus se concretiza no serviço aos irmãos e irmãs
necessitadas. Descrevendo a visita de Maria a Isabel, Lucas quer ensinar como
as pequenas comunidades devem fazer para transformar a visita de Deus em
serviço aos irmãos e irmãs. Nossa acolhida à Palavra de Deus concretiza-se no
serviço concreto às pessoas mais carentes.
Lucas acentua a
prontidão de Maria em atender ao apelo de Deus contido nas palavras do anjo. O
anjo tinha lhe falado da gravidez de Isabel. Imediatamente, Maria sai de sua
casa para se colocar a serviço de Isabel. De Nazaré até as montanhas de Judá
são mais de 100 quilômetros de caminhada. Tal atitude de Maria frente ao apelo
da Palavra quer nos ensinar que não devemos nos fechar sobre nós mesmos,
atendendo apenas as pessoas que nos são conhecidas ou que estão mais perto de
nós. Devemos sair de casa, e estar bem atentos e atentas às necessidades
concretas das pessoas e procurar ajudar na medida de nossas capacidades e
possibilidades.
Até pouco tempo
Maria levava uma vida “normal”; porém, depois do grande anúncio tudo muda; só
Deus sabe o que passou em seus pensamentos, talvez muitas preocupações diante
de um fato tão grandioso, do qual estava participando diretamente. Porém, uma
coisa é certa: ela confia no Senhor. Não ficou presa no fato em si, mas põe-se,
como nos diz a leitura, a caminho.
No diálogo que
teve com o anjo, ‘na anunciação’, Maria fica sabendo que também Isabel foi
agraciada milagrosamente: Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na
velhice, e este é o sexto mês para aquela que chamavam de estéril. Maria vai
visitar sua parenta e ao vê-la confirma-se o que anjo já lhe havia falado.
Quando Isabel
ouviu a saudação de Maria a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou
repleta do Espírito Santo.
Ao chegar na
casa de Isabel, após uma longa viagem de pouco mais de cem quilômetros, as duas
mulheres se encontram, e não só elas, também os frutos da bondade e do amor de
Deus. Aqui aproveito para abrir um pequeno parêntese: Maria estava com poucos
dias de gestação, e ainda assim o seu filho foi percebido por Isabel, e o ainda
não nascido João Batista. Como é que podem alguns ainda colocar em dúvida se o
feto não constitui ainda um ser humano, capaz de reconhecer as grandes
maravilhas de Deus, mesmo que estes sejam de poucos centímetros?
Maria foi a
primeira anunciadora da boa nova, junto com ela, leva a mesma alegria recebida
do anjo, leva também o Cristo e o Espírito Santo. Como não querer bem a uma
mulher que soube realizar a vontade do Pai? Maria é aquela que conduz Jesus até
aquela família, mais tarde será ela também que pede a Jesus para que ajude os
noivos nas bodas de Caná; e ainda hoje ela continua atenta as nossas
necessidades, com seu olhar materno.
Diante de tudo
que recebeu, ela não se exalta, mas bendiz o Senhor: Minha alma engrandece o
Senhor, e meu espírito exulta em Deus meu Salvador. Este canto, que Lucas
colocou nos lábios de Maria, relembra o que Deus fez em Maria, a Serva do
Senhor. Mas recorda também o que Deus fez pelos pobres através de Jesus. Ele
inverte as falsas situações humanas no campo religioso, político e social.
Pois Sua
misericórdia perdura para sempre para os que o temem. Aos que não o temem – os
orgulhosos – Ele dispersou com a força do seu braço. Ele derrubou do trono os
poderosos. Quanto aos humildes, submissos e oprimidos, Ele os exaltou. Ele
cumulou de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias. Deixemo-nos
visitar por Deus! Mas estejamos atentos com a mesma sensibilidade de Isabel e
João Batista. Que possamos reconhecê-lo, acolhê-lo e com Ele alegrar-se.
Pai conduza-me
pelos caminhos de Maria, tua fiel servidora, cuja vida se consumou, sendo
exaltada por ti. Que, como Maria, eu saiba me preparar para a comunhão plena
contigo.
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