17 de julho -- Segunda - Evangelho - Mt 10,34-11,1
Bom
dia!
O
convite feito aos apóstolos se estendia a todos, e após alertá-los do mundo de
lobos que enfrentariam para levar a Boa Nova, Jesus deixa claro o “rastro de
graças” a todos que cooperassem com a prática do “caminho”.
Um
antigo e conhecido conto narra as idas e vidas de um homem que levava água em
potes de barro da fonte até sua casa. O conto narra que um dos potes estava rachado
e no transitar a água caía pelo caminho. Após tantas idas e vindas nota que o
caminho se tornara florido, lado que correspondia ao lado do pote rachado (…)
Acredito
que todos conhecem essa história, mas por que a trouxe para essa reflexão?
Creio
que muito mais que água fresca, um local para dormir, um cobertor, uma cesta
básica, (…) as pessoas para continuarem no caminho precisam ser ouvidas. Na
verdade o grande mal do mundo, que dizem ser a depressão, é a indiferença
humana
A
indiferença faz brotar no coração a semente do ódio e não estou exagerando
nesse argumento. É preciso deixar bem claro que abandoná-la é tão difícil
quanto oferecer a outra face a quem nos agrediu
Posso
me atrever a dizer que existe a indiferença ativa e a passiva, sendo que a primeira
é movida exclusivamente pela raiva, pela dor, pelo rancor, pela falta de
perdão, pela auto defesa, e todos os sentimentos que voluntariamente
expressamos contra outra pessoa ou situação, mas o que de fato preocupa é a
passiva.
A
indiferença passiva “mata” a flor que torce para que nosso vaso esteja quebrado
e assim receber a água fresca que cairá sem perceber. Percebi, num retiro, o
poder que tem quinze minutos de atenção para quem sofre ou esta agoniado. E
como não perceber também a falta que faz nossa atenção a muitos outros irmãos e
irmãs que desapareceram do nosso olhar e nunca mais foram procurados
“(…)
Tomai precaução, meus irmãos, para que ninguém de vós venha a perder
interiormente a fé, a ponto de abandonar o Deus vivo. Antes, animai-vos mutuamente
cada dia durante todo o tempo compreendido na palavra hoje, para não acontecer
que alguém se torne empedernido com a sedução do pecado. Porque somos
incorporados a Cristo, mas sob a condição de conservarmos firme até o fim nossa
fé dos primeiros dias“. (Hebreus 3, 12-14)
Todo
dia, ao sair para o trabalho, vejo uma jovem senhora que fez seminário de vida.
Lembro o quanto ela foi tocada por Deus naquele encontro, mas hoje noto que ao
passar por mim ela abaixa a cabeça, meio que se esconde. O que será que ela
pensa? Será que ela pensa que eu a esqueci, que tudo que foi pregado ou
ensinado foi da boca pra fora? E quantos como ela também estão por ai,
abaixando a cabeça ou atravessando a rua para não nos olhar nos olhos?
Sim,
às vezes alguns temem nossos pré-julgamentos por voltarem a vida que tinham
antes (quem somos nós para julgá-los); outros têm a impressão que os esquecemos
(e de fato é meio que verdade); outros porém acreditam que “nos achamos” (as
vezes sim, infelizmente); outros que o encanto acabou (a semente encontrou um
solo pedregoso), (…), mas independente disso somos convidados a levar á água
fresca; somos convidados a não nos importar de fazermos trabalho dobrado por
nosso vaso estar quebrado…
Talvez
o “nosso pai e nossa mãe” do evangelho de hoje sejam nosso orgulho e nossa
vaidade. Talvez seja o medo de atravessar a rua e falar bom dia; a preguiça de
pegar o telefone e ligar… Ao irmos às pessoas, abrimos as portas para um
segundo encontro com Deus “(…) Quem recebe vocês está recebendo a mim; e quem
me recebe está recebendo aquele que me enviou”.
Por
fim
“(…)
Pode-se pecar de diversas maneiras contra o amor de Deus: a indiferença
negligencia ou recusa a consideração da caridade divina, menospreza a
iniciativa (de Deus em nos amar) e nega sua força. A ingratidão omite ou se
recusa a reconhecer a caridade divina e a pagar amor com amor”. (Catecismo da
Igreja Católica § 2094)
Um
imenso abraço fraterno.
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