Domingo, 18 de junho de 2017.
Evangelho de Mt 6, 22-34.
A lâmpada do corpo é
olho, disse Jesus, que sabedoria infinita. Santo Agostinho explica que o olho
significa a intenção. Se a intenção é boa, as obras também serão boas. Se é má
a intenção, por melhor que seja, as ações serão más. Jesus se refere ao olho,
isto é, ao coração, a inteligência, a consciência, a intenção, a alma iluminada
pela fé.
Jesus nos adverte que é impossível servir a dois senhores que indicam caminhos opostos. De um lado, há
os caminhos de Deus, ensinando o desapego das riquezas, a renúncia, a
humildade, a abnegação. De outro, o mundo atraindo para o egoísmo, para a
conquista, a dominação pela força, a grandeza. Jesus não condena a posse de
riquezas, mas o apego exagerado a elas.
Quando a pessoa só pensa em ter mais, cada vez mais, o seu coração endurece
para as necessidades do outro. Quando o “culto ao dinheiro” toma conta do
coração, “tornamo-nos incapazes de nos compadecer do clamor dos outros, já não
choramos diante do drama dos demais” (Papa Francisco).
O
que Jesus condena é a idolatria do dinheiro quando toma o lugar de Deus. Assim
o dinheiro passa a ser o “senhor” da nossa vida, e a ele passamos a servir, nos
tornando escravos dele. Quem é escravo do dinheiro se torna uma pessoa dura,
mesquinha, insensível e insaciável, encaminhando suas energias apenas para os
bens materiais. Quando isso acontece o dinheiro torna o maior inimigo do mundo
desejado por Jesus, um mundo fraterno e solidário, preocupado com a justiça.
Jesus
não questiona tanto a preocupação com o dia de amanhã, mas em quem depositamos
a confiança. O ser humano necessita de alimentos, roupas, remédios, lazer, tudo
isso faz parte do nosso existir, Jesus questiona ao que damos maior valor, às
coisas materiais ou em construir o Reino de Deus. Jesus nos ensina confiar na
providência divina, façamos a nossa parte, Deus a seu tempo fará a sua parte. Jesus
não manda que procuremos exclusivamente o Reino de Deus, desprezando as
necessidades materiais. Mas ele pede que coloquemos em primeiro lugar as
preocupações espirituais, sem desprezar as outras. Insiste que não vivamos como
se tudo conseguíssemos sem Deus. O Reino de Deus consiste na justiça e
santidade de vida. O cristão deve trabalhar guiado pela fé, reconhecendo que
tudo vem de Deus, e que o ser humano nada é sem a bênção divina.
Jesus quer nos alertar que essa vida terrena é passageira e por isso
não temos que nos preocupar tanto com ela, pois os bens temporais acabam. Ele
nos exorta a preocuparmos com a vida espiritual que não acaba nunca, que é
eterna. Quem vive neste mundo preocupado com as coisas de Deus pode dizer-se
rico, rico para o Reino do céu.
Jesus chama a nossa atenção para as aves do céu e para os lírios do
campo, querendo nos mostrar o cuidado com que Deus conserva tudo quanto criou.
Os pássaros são simples, pequenos, frágeis e só têm a vida terrestre. No
entanto Deus os sustenta a todos. Se Deus cuida assim dos pequeninos, muito
mais cuidará do ser humano, que criou e escolheu para ser seu filho. Por isso
Ele nos alerta para observamos a nossa volta, se Ele cuida com tanto carinho da
erva do campo, das suas criaturinhas, quanto mais de nós seres criados `a sua
imagem e semelhança.
Eles não têm celeiros abarrotados de comida, cada dia eles buscam o
seu sustento. Com isso Jesus quer nos ensinar que não adianta ter muito
dinheiro, ser milionário, porque a riqueza não garante quanto tempo de vida
teremos. O fim é igual para todos, as doenças, as dores, a morte e o juízo
particular. As riquezas deste mundo não nos acompanharão. A virtude, as boas
obras é a única coisa que nos acompanhará quando partirmos desta vida. Não
devemos acumular bens só para nós, mas devemos partilhar com os irmãos
os bens que conseguimos ganhar honestamente.
Jesus nos ensina que não
podemos ser avarentos, egoístas, preocupados demais com as coisas passageiras
deste mundo. Isso não quer dizer que não devemos trabalhar e nem poupar para o
futuro. Não
significa que deveremos ficar de braços cruzados, sem fazer nada, aguardando
que as coisas caiam do céu. Significa, como diz Jesus, ao fim do Evangelho de
hoje, que deveremos trabalhar buscando o Reino de Deus e sua justiça em
primeiro lugar e, consequentemente, Deus nos dará todas as coisas em acréscimo.
Trabalhar pelo Reino e por sua justiça é trabalhar para que todos tenham
emprego, assistência médica, escola, lazer, enfim, tudo aquilo de que o ser
humano necessita para viver sua dignidade de filho de Deus. Infelizmente milhões
de pessoas vivem em situações miseráveis, abandonadas pelas autoridades que
vivem os valores do mundo e não o do Reino. É o que estamos assistindo todos os
dias na televisão, nos jornais.
Em
qualquer situação de nossa vida, devemos confiar na Providência divina. Na vida
e na morte, nas necessidades de bens materiais confiemos no amor de Deus. Ele
nos socorre por meio de um irmão, de um conhecido, até por desconhecidos. Podemos
confiar sempre em Deus, porque ele não nos desampara, ele nos ajudará através
de nosso esforço, de nosso trabalho e de outras pessoas generosas que sempre
estão prontas para socorrer quem precisa.
Jesus
nos fala das aves e das plantas para mostrar que devemos ter confiança na
Providência Divina. Se Deus cuida das aves e dos lírios do campo, não cuidará
dos homens, criaturas racionais, criadas à sua imagem e semelhança?
Abraços
em Cristo!!!
Maria
de Lourdes
Bela reflexão!
ResponderExcluirJosiane
gostei muito da explicação do evangelho.Confiar na Providência Divina ficou bem evidenciado.
ResponderExcluirErmeni