Domingo, 23 de
abril de 2017.
Evangelho de São
João 20, 19-31
A notícia do
sepulcro vazio e a calúnia de que o corpo havia sido roubado pelos discípulos
de Jesus já deviam estar circulando por Jerusalém. Por isso os discípulos
estavam com medo e se escondiam “as portas fechadas”. Estão com medo de serem
perseguidos por serem discípulos de Jesus. Os trágicos acontecimentos estão
muito presentes nos seus corações. Seus corações também estão fechados para
entenderem a ressurreição de Jesus. Quando a porta do coração se fecha fica
muito difícil de alguém passar. Mas Jesus entra, mesmo com as portas fechadas e
ele conhecia a entrada secreta do coração de cada um. Jesus se coloca no meio
deles, o que significa de agora em diante Jesus será o centro de suas vidas e
de suas pregações. Agora a missão do Mestre passa para os seus discípulos, a
missão de abrir as portas de corações fechados, isto é, perdoar pecados e ligar
e desligar as coisas entre o céu e a terra.
Quando Jesus se
coloca no meio deles, deseja-lhes a paz. Era a saudação usada entre os judeus.
Jesus usa as mesmas palavras que dissera antes de morrer: “Deixo-vos a paz, a
minha paz vos dou” (Jo 14, 27). O primeiro fruto da morte redentora do Senhor foi
trazer a paz aos corações angustiados. Jesus transmite a grande mensagem
pascal. O Senhor é o Deus da Paz, é o Rei pacífico. A paz do Senhor é superior
a toda alegria e felicidade terrena. Sua paz satisfaz plenamente o coração do
homem porque o aproxima do modelo supremo que é Deus. E a Palavra de Cristo,
por ser Palavra de Deus, faz sempre o que diz e produz a paz mesmo entre as
maiores aflições e dores.
Jesus deseja-lhes a
paz e os envia em missão, assim como o Pai o enviou. Soprou sobre eles, comunicando-lhes a graça invisível dos dons do
Espírito Santo. Soprou, é símbolo com
o qual se comunica a vida que Deus concede.
Deus lhes comunica seu poder e sua virtude para uma finalidade concreta:
perdoar os pecados, promover a vida.
Acontece que
naquele dia não estavam todos presentes. Faltava Tomé. Quando os outros
contaram que Jesus havia estado com eles, Tomé não acreditou e quis provas para
poder acreditar. Quantas vezes nós também exigimos de Deus provas concretas
para acreditar. Quando agimos assim demonstramos pouca fé. É o que diz Jesus a
Tomé quando volta a se mostrar para os discípulos, oito dias depois. Entra,
coloca-se no meio deles, deseja-lhes a paz e se dirige a Tomé pedindo que
coloque o dedo nas suas chagas e não seja mais incrédulo, mas tenha fé. Tomé,
então professa sua fé, reconhecendo Jesus ressuscitado, “Meu Senhor e meu
Deus”. E Jesus disse: “Tomé, você acreditou porque me viu; felizes aqueles que
acreditaram sem ter visto!”
Esse é o apelo para
nós hoje que não vimos Jesus em pessoa, mas acreditamos que Ele vive e faz
muitos sinais em nosso meio, mesmo que não percebemos. Somente os
contemporâneos de Jesus puderam vê-Lo. Mas todas as pessoas de todos os tempos
terão a mesma felicidade dos Apóstolos, pois existem os escritos inspirados e o
ensino da Igreja que dão conhecimento da vida e das obras de Jesus. E pelo dom
da fé todos poderão acreditar que Ele é o Messias Salvador, filho de Deus. Não
o vimos pessoalmente, mas podemos tê-Lo no nosso coração por meio da fé. Só
podemos dizer que cremos se colocarmos em prática aquilo que cremos.
Quem acredita vive
como Jesus ensinou, formando comunidade de fé, de união, de verdadeira
partilha. Uns ajudando os outros a caminhar na fé, no amor, na partilha da
Palavra, dos dons e dos bens materiais. Quem acredita na ressurreição é
perseverante, quer cada vez mais aprender a Palavra de Deus e comunicá-la aos
irmãos, vive em comunidade, vive uma vida de comunhão fraterna, é generoso,
partilha o pão, reza junto, respeita e teme a Deus, e acima de tudo é sinal de
ressurreição para os irmãos. Abraça a fé, celebra junto, faz memória de Jesus
por meio da santa Ceia, da Eucaristia. Quem age assim é sinal e inspiração para
outros fazer o mesmo.
A ressurreição de
Cristo nos faz pessoas novas, renascidas para a graça, para o amor de Deus.
Amar e viver no amor são os melhores testemunhos da ressurreição, faz com que o
nosso coração se encha da paz de Jesus, a paz verdadeira. A paz do Ressuscitado
nos liberta, para construirmos um mundo reconciliado de amor, justiça e
fraternidade.
Que o Espírito de
Cristo ressuscitado nos ilumine e nos fortaleça, para anunciarmos o seu perdão,
a sua misericórdia nos desafios da nossa missão no nosso dia-a-dia.
Abraços em
Cristo!!!
Maria de Lourdes
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