4 de fevereiro
S. João de Brito, Presbítero e Mártir
S. João de Brito, Presbítero e Mártir
4 Fevereiro 2017
João de Brito nasceu
em Lisboa, a 1 de Março de 1647. Ainda criança, perdeu o pai, que fora mandado
governar o Brasil por D. João IV, e lá faleceu. Aos 16 anos, João entrou no
Noviciado da Companhia de Jesus em Lisboa. Foi ordenado sacerdote em 1673.
Anelando conquistar almas para Jesus Cristo e sacrificar-se a exemplo de S.
Francisco Xavier, partiu, pouco depois, para a Índias, onde trabalhou com ardor
na missão do Maduré. A 4 de Fevereiro de 1693, sofreu o martírio, por
decapitação, em Urgur. Foi canonizado em 1947.
Lectio
Primeira leitura: da
féria (ou tempo Comum)
Evangelho: Marcos 6,
7-17
Naquele tempo, Jesus
percorria as aldeias vizinhas a ensinar. 7Chamou os Doze, começou a enviá-los
dois a dois e deu-lhes poder sobre os espíritos malignos. 8Ordenou-lhes que
nada levassem para o caminho, a não ser um cajado: nem pão, nem alforge, nem
dinheiro no cinto;9que fossem calçados com sandálias e não levassem duas
túnicas. 10E disse-lhes também: «Em qualquer casa em que entrardes, ficai nela
até partirdes dali. 11E se não fordes recebidos numa localidade, se os seus
habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés, em
testemunho contra eles.» 12Eles partiram e pregavam o arrependimento,
13expulsavam numerosos demónios, ungiam com óleo muitos doentes e curavam-nos.
4O rei Herodes ouviu falar de Jesus, pois o seu nome se tornara célebre; e
dizia-se: «Este é João Baptista, que ressuscitou de entre os mortos e, por
isso, manifesta-se nele o poder de fazer milagres»;15outros diziam: «É Elias»;
outros afirmavam: «É um profeta como um dos outros profetas.»16Mas Herodes,
ouvindo isto, dizia: «É João, a quem eu degolei, que ressuscitou.» 17Na
verdade, tinha sido Herodes quem mandara prender João e pô-lo a ferros na
prisão, por causa de Herodíade, mulher de Filipe, seu irmão, que ele desposara.
Marcos apresenta-nos
uma das facetas essenciais da eclesiologia do Novo Testamento: a proclamação do
Reino não é feita ao acaso; há uma “instituição” que põe em movimento e
planifica o anúncio da Boa Nova.
Pregar o Reino implica ser enviado por Jesus. Da pregação faz parte um conteúdo intelectual, mas também uma dimensão prática. Por isso, Jesus deu aos Doze “poder sobre os espíritos impuros” (v. 7). Estes “espíritos impuros” ou “alienações” são tudo o que ameaça exteriormente o homem, não o deixando realizar-se como ser humano. A Boa Nova não é apenas uma determinada interpretação do mundo e da história, mas uma indicação de transformação desse mundo e dessa história, uma dinâmica desalienante.
Os discípulos são enviados “dois a dois”: o anúncio faz-se sempre de forma comunitária. Os discípulos não podem levar consigo senão o estritamente necessário: nada de exageros, nem de triunfalismos. Mas, mais que a pobreza dos missionários, o nosso texto acentua a pobreza da missão: o missionário é enviado por Aquele que é o único responsável pelo êxito da missão. No cumprimento da missão, o apóstolo há-de estar pronto a dar própria vida. João de Brito deu-a como supremo testemunho da Verdade que anunciava.
Pregar o Reino implica ser enviado por Jesus. Da pregação faz parte um conteúdo intelectual, mas também uma dimensão prática. Por isso, Jesus deu aos Doze “poder sobre os espíritos impuros” (v. 7). Estes “espíritos impuros” ou “alienações” são tudo o que ameaça exteriormente o homem, não o deixando realizar-se como ser humano. A Boa Nova não é apenas uma determinada interpretação do mundo e da história, mas uma indicação de transformação desse mundo e dessa história, uma dinâmica desalienante.
Os discípulos são enviados “dois a dois”: o anúncio faz-se sempre de forma comunitária. Os discípulos não podem levar consigo senão o estritamente necessário: nada de exageros, nem de triunfalismos. Mas, mais que a pobreza dos missionários, o nosso texto acentua a pobreza da missão: o missionário é enviado por Aquele que é o único responsável pelo êxito da missão. No cumprimento da missão, o apóstolo há-de estar pronto a dar própria vida. João de Brito deu-a como supremo testemunho da Verdade que anunciava.
Meditatio
Marcos, ao falar da
escolha dos Doze, diz que Jesus os chamou “para estarem com ele” e para “os
enviar”. Não se trata de contradição, mas de complementaridade: chamou-os para
estarem em intimidade com Ele e serem enviados a propagar a sua mensagem.
S. João de Brito viveu este mistério. Educado piedosamente pela sua mãe, desde muito novo sonhou com o sacrifício e a imolação de si mesmo a Deus, por amor. A coerência e o fervor com que vivia a sua fé provocavam a mofa de alguns dos seus colegas pajens da corte. Por isso, bem cedo, começou a ser apelidado de mártir. Tendo entrado na Companhia de Jesus, em breve se distinguiu pela sua piedade e observância religiosa. A sua vida eucarística, a sua devoção a Nossa Senhora eram notáveis. Nesta vida de intimidade com Deus, sonhou partir para a Índia, e imitar o zelo de S. Francisco Xavier no anúncio da Boa Nova. E foi enviado pelos seus superiores com mais 17 missionários, em Março de 1673. Foi destinado à missão do Maduré, uma das mais difíceis por causa do clima ardente, das viagens longas pelas areias, pelos pântanos, pelas florestas. Mas havia dificuldades ainda maiores por causa da condição dos hindus e pelas suas ideias a respeito dos europeus. Tinham-nos como párias por verem que tratavam com estes “fora de castas”. Por isso, não lhes consentiam que morassem nas suas aldeias. Mas a caridade inspirou aos missionários o modo de vencer tais dificuldades: adotaram os trajes, os costumes e o modo de viver dos brâmanes saniássis, espécie de religiosos letrados. Assim puderam prosseguir o seu apostolado. Em 1686, João de Brito esteve a ponto de perder a vida para socorrer os cristãos do Maravá sobre os quais se desencadeara tremenda tempestade. Saiu-lhe ao encontro o comandante das tropas do maravá que o prendeu com um grupo de catequistas e os mandou açoitar a todos, pretendendo que invocassem o deus Xivá. Resistiram, passando por muitos tormentos físicos e psicológicos. Dezoito dias depois, o rei condenava o padre à morte: seria espetado, depois de lhe cortarem os pés e as mãos. Seguiram-se novas tribulações, até que o rei, ouvindo João de Brito expor-lhe a doutrina cristã, ficou tão admirado com ela que acabou por declarar que os cristãos são justos e santos. Pouco depois, o P. João de Brito foi chamado à Europa pelo Provincial. Assim, a 8 de Setembro de 1688, chegou a Lisboa, sendo recebido por todos com grande admiração e com a benevolência do rei D. Pedro II, a quem expôs os seus trabalhos. Depois de percorrer os colégios da Companhia, João de Brito regressou à Índia, apesar das súplicas que muitos lhe fizeram para que não voltasse. O seu trabalho missionário produziu tais frutos, que se levantou contra ele nova perseguição, que acabou por levá-lo ao martírio, a 4 de Fevereiro de 1693. Na véspera da sua morte, o santo escrevia do cárcere: “Agora espero padecer a morte por meu Deus e meu Senhor… A culpa de que me acusam vem a ser que ensino a Lei de Deus Nosso Senhor… Quando a culpa é virtude, o padecer é glória”. João de Brito continuava, na missão, a vida de intimidade com Deus, iniciada na sua infância e juventude. Se queremos relacionar-nos positivamente com os outros, se queremos ser missionários, precisamos de uma relação íntima, profunda e amorosa com Deus. Sem ela, a nossa vida não é verdadeira, a nossa entrega é vazia. Mas também não podemos viver a intimidade com Ele, fechando-nos aos outros. O egoísmo não conduz à adesão ao Senhor, à comunhão com Ele. Para ser vida de amor, a vida do cristão, particularmente a vida do dehoniano, deve ter o mesmo dinamismo que a de Cristo: ser um movimento de amor para Deus e para os irmãos.
S. João de Brito viveu este mistério. Educado piedosamente pela sua mãe, desde muito novo sonhou com o sacrifício e a imolação de si mesmo a Deus, por amor. A coerência e o fervor com que vivia a sua fé provocavam a mofa de alguns dos seus colegas pajens da corte. Por isso, bem cedo, começou a ser apelidado de mártir. Tendo entrado na Companhia de Jesus, em breve se distinguiu pela sua piedade e observância religiosa. A sua vida eucarística, a sua devoção a Nossa Senhora eram notáveis. Nesta vida de intimidade com Deus, sonhou partir para a Índia, e imitar o zelo de S. Francisco Xavier no anúncio da Boa Nova. E foi enviado pelos seus superiores com mais 17 missionários, em Março de 1673. Foi destinado à missão do Maduré, uma das mais difíceis por causa do clima ardente, das viagens longas pelas areias, pelos pântanos, pelas florestas. Mas havia dificuldades ainda maiores por causa da condição dos hindus e pelas suas ideias a respeito dos europeus. Tinham-nos como párias por verem que tratavam com estes “fora de castas”. Por isso, não lhes consentiam que morassem nas suas aldeias. Mas a caridade inspirou aos missionários o modo de vencer tais dificuldades: adotaram os trajes, os costumes e o modo de viver dos brâmanes saniássis, espécie de religiosos letrados. Assim puderam prosseguir o seu apostolado. Em 1686, João de Brito esteve a ponto de perder a vida para socorrer os cristãos do Maravá sobre os quais se desencadeara tremenda tempestade. Saiu-lhe ao encontro o comandante das tropas do maravá que o prendeu com um grupo de catequistas e os mandou açoitar a todos, pretendendo que invocassem o deus Xivá. Resistiram, passando por muitos tormentos físicos e psicológicos. Dezoito dias depois, o rei condenava o padre à morte: seria espetado, depois de lhe cortarem os pés e as mãos. Seguiram-se novas tribulações, até que o rei, ouvindo João de Brito expor-lhe a doutrina cristã, ficou tão admirado com ela que acabou por declarar que os cristãos são justos e santos. Pouco depois, o P. João de Brito foi chamado à Europa pelo Provincial. Assim, a 8 de Setembro de 1688, chegou a Lisboa, sendo recebido por todos com grande admiração e com a benevolência do rei D. Pedro II, a quem expôs os seus trabalhos. Depois de percorrer os colégios da Companhia, João de Brito regressou à Índia, apesar das súplicas que muitos lhe fizeram para que não voltasse. O seu trabalho missionário produziu tais frutos, que se levantou contra ele nova perseguição, que acabou por levá-lo ao martírio, a 4 de Fevereiro de 1693. Na véspera da sua morte, o santo escrevia do cárcere: “Agora espero padecer a morte por meu Deus e meu Senhor… A culpa de que me acusam vem a ser que ensino a Lei de Deus Nosso Senhor… Quando a culpa é virtude, o padecer é glória”. João de Brito continuava, na missão, a vida de intimidade com Deus, iniciada na sua infância e juventude. Se queremos relacionar-nos positivamente com os outros, se queremos ser missionários, precisamos de uma relação íntima, profunda e amorosa com Deus. Sem ela, a nossa vida não é verdadeira, a nossa entrega é vazia. Mas também não podemos viver a intimidade com Ele, fechando-nos aos outros. O egoísmo não conduz à adesão ao Senhor, à comunhão com Ele. Para ser vida de amor, a vida do cristão, particularmente a vida do dehoniano, deve ter o mesmo dinamismo que a de Cristo: ser um movimento de amor para Deus e para os irmãos.
Oratio
Senhor, que fortalecestes
com invencível constância o mártir São João de Brito para pregar a fé entre os
povos da Índia, concedei-nos, por seus méritos e intercessão, que, celebrando a
memória do seu triunfo, imitemos os exemplos da sua fé. Por Cristo, nosso
Senhor. Ámen. (Coleta da missa).
Contemplatio
Nosso Senhor não
responde (a Herodes). O momento é grave. Cumpre o seu sacrifício para a
redenção do mundo. Não tem tempo para dar às questões frívolas e curiosas de
Herodes. Aqui está para nós uma grande lição de vida interior, de gravidade, de
dignidade. Nosso Senhor vive unido ao seu Pai, e não condescende em conversar
com os homens a não ser que algum motivo de caridade ou de justiça o exija. O
silêncio tem as suas preferências. Assim devia ser também para nós. É o que diz
S. Paulo aos Filipenses: «Que a vossa modéstia seja manifesta a todos os
homens!». A modéstia é aqui a moderação nas palavras e nas ações. “Guardai a
calma, acrescenta S. Paulo, ocupai o vosso coração a louvar a Deus, a dar-lhe
graças, a rezar. Se for preciso conversar com os homens, que seja sobre temas
de edificação, de piedade ou de necessidade” (Fil 4,5)… Paulo recomendava a
todos os seus discípulos esta modéstia de Cristo: «Revesti-vos, diz aos
Colossenses, da doçura, da modéstia, da paciência de Jesus Cristo» (Col 3,12).
A paciência infinita do bom Mestre manifesta-se também com brilho em casa de
Herodes. O príncipe e a sua corte tratam Jesus como um louco. Zombam dele,
insultam-no. Não lhe batem como os criados do Templo, mas gozam dele. É uma
outra prova, não menos cruel para o Filho de Deus. (L. Dehon, OSP 3, p. 325s.).
Actio
Repete muitas vezes e
vive hoje a palavra:
“Quando a culpa é virtude, o padecer é glória.” (S. João de Brito)
“Quando a culpa é virtude, o padecer é glória.” (S. João de Brito)
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S. João de Brito, Presbítero e Mártir (04 Fevereiro)
S. João de Brito, Presbítero e Mártir (04 Fevereiro)
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