Tempo do Advento – Novena do Natal –
Dia 21 Dezembro
21 Dezembro 2016
Tempo do Advento –
Novena do Natal – Dia 21 Dezembro
Lectio
Primeira leitura:
Cântico dos Cânticos 2,8-14
8Eis a voz de meu
amado! Ei-Io que chega, correndo pelos montes, saltando sobre as colinas. O meu
amado é semelhante a um gamo ou a um filhote de gazela. Ei-Io que espera, por
detrás do nosso muro, olhando pelas janelas, espreitando pelas frinchas.10Fa/a
o meu amado e diz-me: Levanta-te! Anda, vem daí, Ó minha bela amada! 11 Eis que
o ln vemo já passou, a chuva parou e foi-se embora; 12despontam as flores na
terra, chegou o tempo das canções, e a voz da rola já se ouve na nossa terra;
13*a figueira faz brotar os seus figos e as vinhas floridas exalam perfume.
Levanta-te! Anda, vem daí, Ó minha bela amada! 14Minha pomba, nas fendas do
rochedo, no escondido dos penhascos, deixa-me ver o teu rosto, deixa-me ouvir a
tua voz. Pois a tua voz é doce e o teu rosto, encantador.
o texto do Cântico dos
Cânticos celebra delicadamente o amor entre a esposa e o esposo. Esse amor,
descrito de forma tão ousada e inspirada, é considerado um dom de Deus. O nosso
texto descreve o regresso do esposo a casa, depois de prolongada ausência à
busca de pastagens para o rebanho, durante o Invemo. A alegria da esposa pelo
regresso do seu amado, e a grande ternura manifestada, são tão intensas que as
palavras utilizadas, cheias de inspiração poética, e as imagens primaveris tão
expressivas, parecem insuficientes para descrever a sua emoção.
Na tradição da Igreja,
a imagem do esposo e da esposa foi sempre entendida como símbolo da relação
entre Deus e o povo (cf. Os 1-3; Is 62, 4-5; Jer 3, 1-39) e entre Cristo e a
Igreja (cf. Mc 2, 19-20; Ef 5, 25-26; 2 Cor 11, 2; Apoc 21, 9). Deus é o esposo
do poema e Israel, a esposa. E, porque o amor de Deus pelo seu povo se prolonga
no amor de Cristo pela sua Igreja, o esposo é Cristo e a esposa é a Igreja. O
liturgia utiliza esta simbologia nupcial entre Cristo e Maria e entre Cristo e
o crente: a Virgem é figura da Igreja que vai alegre ao encontro de
Cristo-esposo que vem. O mesmo sucede com todo o membro da comunidade cristã
que vive na expectativa de acolher o Senhor para O deixar falar-lhe ao coração.
Evangelho: Lucas 1,
39-45
39*Por aqueles dias,
Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da
Judeia. 40Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41 *Quando Isabel ouviu a
saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia
do Espírito Santo. 42Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as
mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. 43*E donde me é dado que venha ter
comigo a mãe do meu Senhor? 44Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua
saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. 45Feliz de ti que
acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.»
A narrativa da
visitação de Maria à prima Isabel, que vivia em Ain Karin, nas montanhas da
Judeia, é uma página rica de referências bíblicas, de humanidade e de
espiritualidade. Maria percorre o caminho feito antes pela Arca da Aliança,
quando David a fez transportar para Jerusalém (cf. 2 Sam 6, 2-11). É o mesmo
caminho que Jesus fará quando se dirigir corajosamente para Jerusalém, a fim de
realizar a sua missão (cf. Lc 9, 51). É sempre Deus que, em diferentes momentos
da história, vai ao encontro do homem para o salvar.
A narrativa da
visitação está ligada ao da anunciação, não só pelo clima humano, cheio de
gestos de serviço, mas porque se torna a verificação do «sinal» dado pelo Anjo
a Maria (cf. Lc 1, 36-37). O salto de João no seio da mãe representa a
exultação de todo o Israel pela vinda do Salvador (vv. 41.44). As palavras de
bênção, inspiradas pelo Espírito, dirigidas por Isabel a Maria, são prova do
especial agrado de Deus pela Virgem. A salvação que leva no segredo da sua
maternidade é fruto da sua fé na palavra de Deus: «Feliz aquela que acreditou
no cumprimento das palavras do Senhor» (v.45; Lc 8, 19-21). É sempre Maria que
precede e que, solicitamente se dá a todos, em tudo: a maior faz-se dom para a
mais pequena, como Jesus para o Baptista.
Meditatio
O encontro de Maria e
Isabel, a mãe de Jesus e a mãe de João, é ocasião para um único cântico de
louvor e de acção de graças a Deus pela sua presença salvífica no meio dos
homens. Agora, cabe-nos a nós abrir os corações à iniciativa fecunda do
Espírito, corresponder ao dom de Deus e dar-lhe graças. O tempo de Natal é
tempo de alegria porque Deus se fez nosso companheiro ao dar-nos o seu Filho, e
porque nos tornámos todos irmãos e filhos do mesmo Pai.
É curioso e, em certo
sentido, até chocante que festejemos o nascimento de Jesus celebrando a
Eucaristia, memorial da sua paixão e morte. E todavia é uma prática
correctíssima porque é o dom da morte de Cristo, o mistério da sua morte e da
sua ressurreição que nos dá o sentido do seu nascimento. É também graças à sua
morte e ressurreição que podemos celebrar plenamente o seu nascimento.
É na Eucaristia que
podemos compreender plenamente o Antigo e o Novo Testamento e, portanto, o
sentido da vida terrena de Jesus, do seu nascimento e dos acontecimentos que o
precederam. A Visitação alcança significado pleno na Eucaristia porque,
contemplando o Menino do presépio, contemplamos o amor de Deus que se dá a nós:
«Um filho nos foi dado DUm Menino nasceu para nós ».
O nascimento de Jesus
está orientado para o dom de Si mesmo. É a doação que começa e será plena
quando Jesus der a sua vida por nós na cruz.
Pensando neste dom
total de Jesus, podemos celebrar melhor o seu nascimento, acolhê-lo como dom,
que se consumará na morte.
A Eucaristia também
nos permite celebrar o Natal, não como simples lembrança de um acontecimento
passado há dois mil anos, mas como uma realidade actual e presente a cada um de
nós. O Deus connosco, o Emanuel, é uma realidade actual, que podemos viver:
Jesus torna-se presente e vem a cada um de nós, graças à Eucaristia.
Ainda graças à
Eucaristia, podemos unir-nos à Virgem Mãe que leva em si o seu Menino; podemos
ir ao encontro dos outros, conscientes dessa presença em nós, que pode
despertar também neles a mesma presença.
A presença de Cristo,
pela Incarnação no seio de Maria, pô-Ia a caminho da casa de Isabel, para a
confortar e servir. A visitação foi ensejo para Deus encher de
Espírito Santo Isabel
e João. A Eucaristia, que torna presente Cristo em nós, lançanos
"incessantemente, pelos caminhos do mundo ao serviço do Evangelho"
(Cst. 82), para que haja Natal em todos os corações (Leão Dehon, OSP.
Oratio
Senhor Jesus, que por
nosso amor, assumiste carne humana no seio virginal de Maria, e, por amor, Te
fazes nosso alimento e companheiro de jornada na Euc
aristia, dá-nos de graça de Te acolhermos agradecidos e exultarmos de santa alegria. Concede-nos também a graça de, como Maria que e levou ao encontro de Isabel e de João, também nós Te levemos a todos quantos encontrarmos nos caminhos da nossa vida.
aristia, dá-nos de graça de Te acolhermos agradecidos e exultarmos de santa alegria. Concede-nos também a graça de, como Maria que e levou ao encontro de Isabel e de João, também nós Te levemos a todos quantos encontrarmos nos caminhos da nossa vida.
Faz-nos escutar a tua
voz, e concede-nos a graça de Te respondermos na oração. Sobretudo, faz com que
nos deixemos envolver na acção poderosa do Espírito que reza em nós. Assim,
renovados interiormente, exultantes de alegria e cheios de generosidade,
saberemos dar-te, e dar-nos contigo, aos irmãos, especialmente aos mais pobres
e desprotegidos. Amen.
Contemplatio
Maio seu pequeno
coração começou a bater Jesus quis provar o seu amor e expandir os seus
benefícios. João Baptista e toda a sua família são os primeiros que
experimentam este amor ardente de Jesus que Maria traz.
Cada pulsar do Coração
de Jesus tem, por assim dizer, o seu eco no de Maria, de modo que o amor nestes
dois corações torna-se o mesmo, toma o mesmo objecto, a mesma intensidade e
transborda sobre os homens.
Jesus já testemunhou o
seu amor ao seu Pai pelo seu acto de oblação; cumulou a sua mãe com dons
maravilhosos; santificou S. José, seu pai adoptivo. Quer levar graças de
eleição ao seu precursor S. João Baptista. Ele arrasta Maria nesta viagem
misteriosa. O amor dá asas aos dois. Maria, toda inebriada pelo zelo ardente e
diligente de Jesus, corre, voa através dos montes e dos vales: abiit in montana
cum festinatione. É uma caminhada de cem quilómetros que se faz provavelmente
em três dias.
Jesus deu-se ao seu
Pai e às almas, pelo seu acto de oblação. Ele arde de ardor por começar a redenção.
Incendeia Maria com o seu zelo. Os seus dois corações fazem um só. Que amor
eles nos testemunham, e que lição de zelo para nós!
Jesus e Maria levam
imensas bênçãos. João Baptista estremece no seio de sua mãe sob a bênção de
Jesus. É o estremecimento do amor e do zelo. Ele queria já anteceder os anos, e
pregar o amor de Deus e o arrependimento dos pecados cometidos.
Isabel e Zacarias
profetizam. Zacarias é curado do seu mutismo. Todas as graças estão reunidas:
santificação e vocação do precursor, cura miraculosa, dom de profecia. Que
munificência!
Jesus passa fazendo o
bem: transiit benefaciendo. Ah! Como a sua bondade é grande e como esta
primeira manifestação está cheia de promessas! Jesus veio, portanto, à terra
para abrir as fontes de todas as graças, e Maria é como o carro de fogo que
transporta o Messias.
A sua bondade não pede
uma imensa confiança e um imenso reconhecimento? (Leão Dehon, OSP 2, p. 208).
Actio
Repete frequentemente
e vive hoje a palavra: «Bendito é o fruto do teu ventre, Ó Maria»
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