Tempo do Natal – 4º dia da Oitava do
Natal
28 Dezembro 2016
Tempo do Natal – 4º
dia da Oitava do Natal
Lectio
Primeira leitura:
1João 1, 5-2, 2
Caríssimos:5*Eis a
mensagem que ouvimos de Jesus e vos anunciamos: Deus é luz e nele não há
nenhuma espécie de trevas. 6*Se dizemos que temos comunhão com Ele, mas
caminhamos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. 7*Pelo contrário,
se caminhamos na luz, do mesmo modo que Ele, que está na luz, então temos
comunhão uns com os outros e o sangue do seu Filho Jesus purifica-nos de todo o
pecado. 8*Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a
verdade não está em nós. 9*Se confessamos os nossos pecados, Deus é fiel e
justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a iniquidade. 10Se
dizemos que não somos pecadores, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está
em nós.
1*Filhinhos meus,
escrevo-vos estas coisas para que não pequeis; mas, se alguém pecar, temos
junto do Pai um advogado, Jesus Cristo, o Justo, 2*pois Ele é a vítima que
expia os nossos pecados, e não somente os nossos, mas também os de todo o
mundo.
A festa dos Santos
Inocentes, colocada tão perto do Natal, realça não só o dom do martírio, mas
também a grande verdade que a morte do inocente revela: a maldade do pecador,
como Herodes, semeia ódio e morte, enquanto o amor do justo inocente, como
Jesus, traz frutos de vida e salvação. S. João também nos apresenta o mundo
divido em duas partes: a luz, o mundo de Deus, e as trevas, o mundo de Satanás.
Quem caminha na luz e pratica a verdade (cf. vv. 7-8), vive em comunhão com
Deus e com os irmãos, e é purificado de todo o pecado pelo sangue de Jesus
derramado na cruz. Quem, pelo contrário, caminhas nas trevas e não pratica a
verdade (cf. vv. 6.8), engana-se a si mesmo, não vive em comunhão com Cristo
nem com os irmãos, está longe da salvação. Os verdadeiros crentes reconhecem,
diante de Deus, o seu pecado, confessam-nos e confiam no Senhor «fiel e justo»
(v. 9), são salvos. Os maus, pelo contrário, que não reconhecem os seus
pecados, tornam vão o sacrifício de Cristo, e a sua Palavra de vida não os pode
transformar interiormente.
Ao terminar, João
exorta os cristãos a recorrerem a Jesus como advogado junto do Pai (cf. v. 1),
porque é Ele que expia os pecados dos fiéis e os da humanidade inteira. O
cristão não deve pecar, mas, se pecar, o melhor que tem a fazer é reconhecer o
seu pecado e confiar na misericórdia d´Aquele que o pode livrar da pobreza
moral e restituí-lo à comunhão com Deus.
Evangelho: Mateus 2,
13-18
13*Depois de os Magos
partirem, o anjo do Senhor apareceu, em sonhos, a José e disse-lhe:
«Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egipto e fica lá até que eu
te avise, pois Herodes procurará o menino para o matar.» 14*E ele levantou-se,
de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egipto, 15*permanecendo ali
até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciou pelo profeta:
Do Egipto chamei o meu filho. 16*Então Herodes, ao ver que tinha sido enganado
pelos magos, ficou muito irado e mandou matar todos os meninos de Belém e de
todo o seu território, da idade de dois anos para baixo, conforme o tempo que,
diligentemente, tinha inquirido dos magos. 17Cumpriu-se, então, o que o profeta
Jeremias dissera: 18*Ouviu-se uma voz em Ramá, uma lamentação e
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do Natal 28|Dezembro > Festa dos Santos Inocentes
um grande pranto: É Raquel que chora os seus filhos e não quer ser consolada, porque já não existem.
um grande pranto: É Raquel que chora os seus filhos e não quer ser consolada, porque já não existem.
Mateus narra uma das
provações da família de Nazaré. Depois de os Magos partirem, advertidos pelo
Anjo do Senhor, José e Maria tiveram de fugir com o Menino para o Egipto, para
escaparem ao ódio de Herodes. Na sua loucura, tinha decidido matar todos os
recém- nascidos em Belém (cf. vv. 14-16). A Sagrada Família vive uma dolorosa
perseguição, que a leva a fugir da sua terra e a lança numa aventura cheia de
incertezas.
Mateus sugere que a
Sagrada Família não goza de qualquer privilégio em relação às outras. Jesus é
um Deus no meio de nós, mas a sua glória esconde-se numa aparente derrota. Não
O buscam apenas os Magos. Também Herodes O procura. Mas suas intenções são
diferentes: os Magos querem adorá-lo; Herodes quer matá-lo. Jesus é sinal de
contradição desde o seu nascimento.
Na realidade, a
narrativa evangélica evidencia um outro tema: a aventura humana de Jesus, desde
a sua infância, é lida à luz da história de Moisés e do seu povo. Tanto o
nascimento de Moisés, como o de Jesus, coincidem com a matança de meninos
hebreus inocentes (Ex 1, 8-2,10 e Mt 2, 13-14); ambos se dirigem para o Egipto
(Ex 3, 10; 4, 19 e Mt 2, 13-14); ambos realizam a palavra: «do Egipto chamei o
meu filho» (Ex 4, 22; Os 11, 1 e Mt 2, 15). Finalmente a profecia de Raquel que
chora os seus filhos (Jer 31, 15) recorda-nos que Jesus permanece o Messias
procurado e recusado, em quem se realizam as promessas de Deus e as esperanças
dos homens.
Meditatio
Causa-nos um certo
choque celebrar o martírio dos Inocentes apenas três dias depois do Natal,
festa da família, da alegria e da paz. Mas esta festa ajuda-nos a compreender
mais profundamente o Natal de Cristo.
Contemplámos o Menino
do presépio, que, como sabemos não é um menino qualquer. Pretende tornar-se rei
de todos os corações; por isso, não pode deixar de encontrar resistência e
oposição. Apresenta-se como Luz do mundo, mas as trevas não se deixam iluminar,
sem luta, sem sofrimento. A festa dos Inocentes mostra-nos que essa luta começa
muito cedo.
Essa luta começa
dentro de nós, como vemos na primeira leitura. Porque somos pecadores, estamos
de algum modo do lado de Herodes, recusamos o Salvador e precisamos de
conversão para acolhe
r a luz que nos perturba. «Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós», escreve S. João. Hoje começa a obra da nossa salvação e a primeira coisa a fazer é reconhecer que precisamos de ser salvos.
r a luz que nos perturba. «Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós», escreve S. João. Hoje começa a obra da nossa salvação e a primeira coisa a fazer é reconhecer que precisamos de ser salvos.
O evangelho narra
precisamente a fuga da Sagrada Família para o Egipto e a matança dos Inocentes.
Mateus, partindo dos dados históricos, recompõe-os, lendo-os na fé e
transfigurando-os à luz do mistério que encerram: o Menino Jesus, que se
entrega nas mãos dos homens, não é alguém que foge do inimigo por medo, mas é o
verdadeiro vencedor, porque é na sua obediência livre que revela ao homem o
rosto do Pai e o amor gratuito com que se entregou a nós. Se o mundo recusa a
Cristo, o derrotado não é Cristo, mas o mesmo mundo. Se a recusa de Cristo e a
sua marginalização são momentos de humilhação que revelam a sua fraqueza
humana, são também o início do seu triunfo, por causa da glorificação que dará
ao Pai.
Também nós podemos
recusar Cristo e ser culpados de pecado, renegando o amor de Deus. Mas
acreditamos que, apesar de tudo, os nossos pecados não são um obstáculo
permanente à comunhão com Deus, graças à sua misericórdia a que podemos
recorrer.
Sigamos o convite do
Pe. Dehon: «Sigamos os pastores e vamos ao presépio beber uma vida nova, uma
força nova para doravante seguirmos com coração a direcção da graça… Lancemos
um olhar também para as pequenas vítimas imoladas por Herodes, os santos
Inocentes. Deixemo-nos imolar pela espada do sacrifício, da obediência e da
abnegação» (OSP 4, p. 598-599).
Oratio
Senhor Jesus, que por
nós Te fizeste homem, que por nós morreste e ressuscitaste, Tu és o nosso único
advogado junto do Pai quando pecamos e nos afastamos de Ti. Muitas vezes
quebramos a Aliança contigo, e outras tantas a restabeleceste, sem Te cansar,
manifestando a riqueza da tua bondade e do teu perdão. Não deixes de ser o
nosso defensor. Sê também o defensor da nossa humanidade que massacra tantos
inocentes, crianças, jovens, adultos e idosos, homens e mulheres.
Tu, que experimentaste
a situação dos refugiados, tem compaixão dos milhões de homens e mulheres que,
ainda nos nossos dias, têm que abandonar as suas terras, os seus países, para
escaparam às diferentes formas de perseguição, às guerras, aos massacres, aos
genocídios.
Pela tua Incarnação,
pela tua Morte e Ressurreição, concede ao nosso mundo a graça de encontrar o
caminho da justiça e da paz. Amen.
Contemplatio
Jesus menino quis
distribuir as suas primeiras palmas a crianças. É um ramo de mártires em flores
que ele colheu para si, quase no dia seguinte ao seu nascimento.
O Coração de Jesus ama
as crianças. Ele devia manifestá-lo solenemente mais tarde ao chamar para junto
de si numerosas crianças para as abençoar, apesar da repugnância dos seus
apóstolos. «Deixai vir a mim as criancinhas, devia dizer-lhes. Eu amo as
crianças e aqueles que se lhes assemelham, e amaldiçoo aqueles que as
escandalizam.
Mas o Coração de Jesus
tem modos de amor que a natureza não compreende sem o socorro da graça. Jesus
menino sabe que a palma do martírio será uma das maios belas recompensas do seu
céu. Ele entrevê antecipadamente esta guarda de honra cantada por S. João, e
que estará vestida de branco com uma palma na mão e que há-de seguir por toda a
parte o Cordeiro divino, o Rei dos mártires no céu. Ele quer inserir aí
crianças, porque as ama, e permite a perseguição de Herodes e o massacre dos
inocentes de Belém. É o primeiro grupo de santos do Novo Testamento, que vai
esperar no Limbo a ressurreição de Jesus e a abertura do céu. As gotas de
sangue da Circuncisão e as lágrimas do presépio fizeram germinar e florir este
ramo de mártires.
Oh! Como nós devemos
amar sobrenaturalmente as crianças! Como as devemos amar para as formar na
virtude e sobretudo para lhes ensinar a conhecer o Sagrado Coração de Jesus!
(Pe. Dehon, OSP 2, p. 223).
Actio
Repete frequentemente
e vive hoje a palavra:
«O sangue de Jesus purifica-nos de todo o pecado» (1 Jo 1, 7).
«O sangue de Jesus purifica-nos de todo o pecado» (1 Jo 1, 7).
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