22 de Novembro - Terça
- Evangelho - Lc 21,5-11
Alexandre Soledade
Bom dia!
Quantas pessoas que conhecemos vivem uma visão apocalíptica da
vida? Quantos parecem ter desistido de lutar em vida e passado a esperar o fim como
salvação. Sim! Parece que seja esse o grande motivo de se desejar tanto o fim
do mundo – um fruto amargo chamado insatisfação pessoal.
Estranhamente, vemos nessas pessoas, irmãos e irmãos de longa
caminhada, a descrença quanto ao futuro em vista do seu ATUAL presente. Sei que
é duro de falar nisso, mas todo aquele que se apega ao apocalipse esquece-se de
viver a Páscoa. Como pode alguém convencer outro sobre a vida, a cura, de um
milagre se no fundo deseja fugir?
Pensar no fim pode ser sim uma fuga da realidade. É querer como os
apóstolos no monte Tabor, esquecer de voltar à realidade e ali montar suas
tendas. É tentar “apressar” a volta de Jesus para enfim morar no paraíso. Todos
queremos um dia sermos dignos do paraíso, mas creio que não é fugindo que o
alcança.
Jeremias vivia exilado na Babilônia, Deus se fez revelar assim:
“(…) Sei muito bem do projeto que tenho em relação a vós — oráculo
do SENHOR! É um projeto de felicidade, não de sofrimento: dar-vos um futuro,
uma esperança! Quando me invocardes, ireis em frente, quando orardes a mim, eu
vos ouvirei. Quando me procurardes, vós me encontrareis, quando me seguirdes de
todo coração, eu me deixarei encontrar por vós — oráculo do SENHOR. Mudarei
vosso destino, vou reunir-vos de todos as terras e lugares por onde vos
dispersei — oráculo do SENHOR —, e trazer de volta para este lugar do qual vos
exilei”. (Jeremias 29, 11-14)
Esse pensamento apocalíptico é tão evidente em algumas pessoas que
até se dão ao luxo de escolher datas como 2000, 2012, 2023, (…) ou quando vêem
doenças novas surgir a anunciar o fim dos tempos. Lembro recentemente da gripe
suína, conheço gente que não saia de casa esperando o fim do mundo (hunf). Isso
não é brincadeira e sim fanatismo religioso baseado na imaturidade pessoal.
Não vejo Deus preocupado em destruir aquilo que pacientemente
edificou. Jesus nesse evangelho profetisa o que realmente veio acontecer com
Jerusalém e fatalmente aconteceria a todas as nações que assim se comportassem.
Se cada um de nós não levantar a bandeira de defesa do meio ambiente, com
certeza, um dia teremos problemas, pois isso é um fato; se não levantarmos a
bandeira da defesa das famílias, do emprego, da dignidade humana, (…) também
teremos problemas, mas as nossas dificuldades atuais não podem nos impor um
regime de medo e tão pouco o direito de amedrontar as pessoas.
Deus anda conosco e sempre andará. Atitudes mudadas no presente
podem nos garantir um futuro melhor. Não nos exilemos ou nos encarceremos pelo
medo. “(…) Pois Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de força, de amor
e de moderação”. (II Timóteo 1, 7)
Como nosso frei Alceu diz: “fuja desse povo que vê o fim do mundo
toda hora”.
Um imenso abraço fraterno.
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