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de Outubro de 2016- Segunda - Evangelho - Lc 10,25-37
E
quem é o meu próximo?
Este
Evangelho começa com duas perguntas de um mestre da Lei a Jesus, pra pô-lo em
dificuldade. São pontos sobre os quais não havia acordo nas escolas rabínicas.
Jesus, na sua sabedoria, faz com que o próprio mestre da Lei responda as duas.
A
primeira é: “Que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” O próprio
mestre da Lei responde: “Amarás o Senhor teu Deus...”
Entretanto,
o mestre da Lei não se dá por vencido e faz outra pergunta: “E quem é o meu
próximo?” Também sobre esta questão eles se dividiam. Para uns, eram os amigos.
Para outros, eram os parentes. Para outros, eram os da mesma nação ou raça...
O
mestre da Lei quer saber quais são os limites do amor. Jesus fala que não tem
limites. São todos e todas que encontrarmos pelos caminhos da vida, como o
samaritano, que cuidou de um judeu, povo rival.
Todo
homem e toda mulher que encontrarmos pela vida, e estão em situação de
necessidade, são nossos próximos.
Dos
três viajantes que, no caminho, se encontraram com o ferido, os dois primeiros
são membros ativos e líderes da religião: o sacerdote, e o levita que tinha uma
função parecida com os nossos líderes cristãos. Com isso, Jesus deixa claro que
o que vale para entrar no céu não são títulos ou cargos importantes na Igreja,
mas a prática da caridade.
Já
o amor do samaritano foi bonito: espontâneo, desinteressado, generoso, terno,
serviçal, eficaz e gratuito.
Após
terminar a parábola, Jesus devolve a segunda pergunta ao seu interlocutor, mas
a inverte. Ele não focaliza o destinatário (quem é o meu próximo?), e sim o seu
sujeito: “Qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos
assaltantes?” E o mestre da Lei respondeu corretamente, usando inclusive uma
expressão bíblica: “Foi aquele que usou de misericórdia para com ele”.
A
conclusão de Jesus – “Vai e faze a mesma coisa” – é dirigida a todos nós. O
amor verdadeiro sempre coloca como centro o outro, não eu. A pergunta correta
que devemos nos fazer hoje é: “Quem espera ajuda de mim?” Vemos que o amor não
tem limites, pois ele parte das necessidades do outro.
O
sacerdote e o levita viram o ferido, mas seguiram adiante pelo outro lado do
caminho. Eles se colocaram propositalmente à distância do necessitado.
Corresponde um pouco aos nossos condomínios fechados, muros altos, vidros fumê
nos carros... são estratégias atuais de seguir em frente pelo outro lado. Já
quem ama faz o contrário: quer estar no meio dos necessitados.
Como
vemos, a parábola é atual, e toca no núcleo da nossa vida cristã, que é o amor
ao próximo. É o que Jesus, como Juiz, vai cobrar de nós no Juízo final: “Vinde,
benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que meu Pai vos preparou desde
a criação do mundo!... Pois eu estava doente, e cuidastes de mim”(Mt 25,34ss).
Ser
o próximo do outro é não apenas estar perto, mas estar perto de coração,
aproximar-se afetiva e efetivamente dele. Quem tem o coração duro, fica
distante de quem está próximo em situação de necessidade. Isso pode acontecer
dentro das famílias e até das comunidades religiosas.
O
capitalismo interessa-se pelo próximo, mas apenas por uma parte dele: o seu
bolso. Até no caso de doença, ou de acidente como foi este da parábola, o
capitalista vê como oportunidade de ganhar dinheiro.
“Este
mandamento que hoje te dou não é difícil demais, nem está fora do teu
alcance... Está em teu coração, para que o possas cumprir” (Dt 30,10-14). De
fato esta lei do amor ao próximo já está escrita em nosso coração desde que
nascemos. Se alguém não a cumprir, não terá desculpas.
Uma
maneira frutuosa de meditar sobre esta parábola é tentar descobrir com qual dos
personagens que aparecem nela nós mais nos parecemos. Claro que o nosso desejo
é nos parecer com o samaritano, e até com Jesus. Mas a resposta verdadeira nós
a damos com a nossa vida concreta do dia a dia. Será que nos parecemos com o
dono da pensão: fazemos o bem quando somos remunerados? Ou somos como o
sacerdote e o levita: vivemos tão preocupados com os nossos afazeres que “nem
vemos” quem está em necessidade ao nosso lado? Ou, pior ainda, somos
assaltantes disfarçados do nosso próximo? A sociedade atual que construímos
mostra claro que os “bons samaritanos” não passam de uns 5%. Claro que cada um
de nós se julga entre esses 5%. No entanto, o resultado está aí.
Certa
vez, numa grande região, faltou chuva e a colheita foi pobre. Entretanto, uma
grande fazenda, que tinha irrigação artificial, teve uma colheita abundante. O
administrador encheu os celeiros, depois disse para o dono da fazenda: “A
colheita ruim aumentou o preço dos cereais. Agora é o tempo propício para
vender e ganhar muito dinheiro”. O fazendeiro respondeu: “Eu penso nos pobres
lavradores que não colheram nada e estão com as suas despensas vazias. Agora é
tempo propício para dar”.
O
amor é assim, freqüentemente ele inverte o pensamento cego dos capitalistas,
baseado na sede de lucro.
Existem
pessoas que disfarçam o seu egoísmo, como aquele que disse: “Os homens são
maus. Só pensam em si. Só eu penso em mim!” Quem falou isso não percebe que a
primeira pessoa má do mundo é ele mesmo!
É
próprio das mães perceber as necessidades dos filhos e colocar-se ao lado
deles. Vamos pedir à nossa querida Mãe Maria Santíssima que nos ajude a ser
bons samaritanos, socorrendo o nosso próximo em suas necessidades, e assim
“recebendo como herança a vida eterna” Mãe do amor, rogai por nós.
E
quem é o meu próximo?
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