QUINTA FEIRA DA 19ª SEMANA DO
TC 11/08/2016
1Leitura Ezequiel 12, 1-12
Salmo 77/78 "Das obras do
Senhor não se esqueçam"
Evangelho Mateus 18, 21-19,1
Sempre que meditamos esse
evangelho, nosso coração certamente se questiona de maneira inquietante porque
se dá conta de que é perdoar sempre, sem nenhum limite ou condição, a quem nos
ofender, é algo quase impossível, pois a gente perdoa, mas quando a vê a pessoa
lá vem no coração um restinho da raiva que ali sobrou, pelo mal que ela nos
fez. E não adia ta querer disfarçar, pois isso acontece com todos nós, na
família, no trabalho e na comunidade.
A prática cristã deixada por Jesus
parece sempre tão fascinante mas quando chega nesse amor radical pelo próximo,
que ama sempre e perdoa sempre, a gente fica se lamentando, quando percebe que
não somos capazes de tal proeza. Será que Jesus, sendo nosso Deus e Senhor, não
sabe que teríamos dificuldade para por isso em prática? Se esse for um dos
critérios principais para demonstrarmos nossa total fidelidade á Jesus Cristo e
a seu evangelho, quem irá sobrar no final? Ou melhor, irá sobrar alguém?
Precisamos compreender esse
evangelho com muita clareza, para que o desânimo não nos faça desistir de ser
cristão, achando que o mesmo não é para nós, pois não somos perfeitos e santos
como Deus espera que sejamos. Então vamos para algumas observações importantes
nesse sentido. Em primeiro lugar, como membros da Igreja peregrina nesta terra,
na prática das virtudes morais e da relação com o nosso próximo, sem por cento
não conseguiremos atingir pois o amor é infinito e sempre há algo novo a ser
alcançado na experiência amorosa que fazemos com Deus e com o próximo. É como
se marcássemos uma montanha como a nossa referência do horizonte, e quando
chegamos lá, descortinamos outro horizonte mais á frente, a ser alcançado.
Foi esta lógica que levou o
apóstolo Pedro a descortinar um patamar bem acima das práticas judaicas do
perdão, que se limitava a três vezes, com as pessoas mais próximas, Pedro
descortinou um horizonte novo, que ao ser alcançado, estaria em concordância
com os ensinamentos do Mestre, ou seja, há um limite, um patamar que é a
referência, e que cada um deve esforçar-se em atingi-lo. Talvez isso possa se
aplicar a outras religiões como o próprio Judaísmo, Hinduísmo, Mulçumanos e
outras mais, onde a Divindade se deixa encontrar mas isso requer o esforço
humano de elevar-se a patamares mais altos, na virtude moral e na relação com o
outro. No cristianismo porém, isso cai por terra, pois a iniciativa é sempre de
Deus, é ele que nos atrai para a Salvação que ele mesmo oferece.
Esse evangelho não exige de nós que
da noite para o dia a gente saia por aí, á procura de quem nos ofendeu, ofereça
a ele o nosso perdão e tudo volte a ser como era antes. Isso seria uma grande
utopia. Exatamente por isso que a parábola nos mostra algo de grandioso... a
relação amorosa de Deus para com cada um de nós, tínhamos para com ele uma
dívida impagável ( o Devedor da parte 1 da parábola, aquele que implorou e
suplicou pedindo um prazo) o Credor sabia que jamais ele pagaria, e perdoou
totalmente toda a dívida. É aqui que vem a prática que Jesus ensinou aos
discípulos: ter pelo menos um coração que consiga perdoar o “pouco” que o
próximo nos deve e para isso, basta apenas sempre termos presente que a nossa
dívida era impagável e ele nos perdoou.
Fica como conclusão desta reflexão,
prestarmos muita atenção ao nosso dia a dia, onde as pequenas ofensas que
possamos receber, no trânsito, na família, no trabalho e até na comunidade,
possam ser relevadas, sinal de que há em nós uma misericórdia Cristã, que
sempre se exercita em pequenos gestos de perdão, estando assim preparados para
perdoar também uma grande ofensa, quantas vezes seja necessário. (Diácono José
da Cruz - Paróquia Nossa Senhora Consolata - Votorantim SP- E-mail
jotacruz3051@gmail.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário