Domingo, 24 de Julho
de 2016
Tema: 17º Domingo do Tempo Comum
Genesis 18,20-32 Que o meu Senhor não se irrite, se
eu falar.
Salmo 137(138) Naquele dia em que gritei me
escutastes, ó Senhor!
Colossenses 2,12-14 Deus vos trouxe para a vida,
junto com Cristo, e a todos nós perdoou os pecados.
Lucas 11,1-13 Pedi e recebereis.
1Um dia, num certo lugar, estava Jesus a rezar.
Terminando a oração, disse-lhe um de seus discípulos: Senhor, ensina-nos a
rezar, como também João ensinou a seus discípulos.2Disse-lhes ele, então:
Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso
Reino;3dai-nos hoje o pão necessário ao nosso sustento;4perdoai-nos os nossos
pecados, pois também nós perdoamos àqueles que nos ofenderam; e não nos deixeis
cair em tentação.5Em seguida, ele continuou: Se alguém de vós tiver um amigo e
for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,6pois
um amigo meu acaba de chegar à minha casa, de uma viagem, e não tenho nada para
lhe oferecer;7e se ele responder lá de dentro: Não me incomodes; a porta já
está fechada, meus filhos e eu estamos deitados; não posso levantar-me para te
dar os pães;8eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por
ser seu amigo, certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará
quantos pães necessitar.9E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e
achareis; batei, e abrir-se-vos-á.10Pois todo aquele que pede, recebe; aquele
que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá.11Se um filho pedir um pão,
qual o pai entre vós que lhe dará uma pedra? Se ele pedir um peixe, acaso lhe
dará uma serpente?12Ou se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á porventura um
escorpião?13Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos,
quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem.
Comentário
Primeira Leitura Este texto, continuação do que foi lido no domingo
passado, mostra Abrãao, pai da fé e antepassado de Israel, como grande
intercessor ante os habitantes destas cidades. Mostra uma atitude a imitar:
abertura e ajuda aos demais. A negociação entre o intercessor e Deus, lembra o
estilo oriental (e muito latino-americano, também) de regatear. Busca-se
acentuar a insistência intercessora de Abraão e a magnitude do pecado de Sodoma
e Gomorra. O texto é o melhor exemplo de oração como diálogo audaz e
comprometido com Deus, no qual vemos a Abraão falar com o Senhor e tratar de
convencê-lo a partir de sua bondade e justiça, porém, aparentemente, abusando
de sua confiança. O estilo e modo de proceder é, óbvio, de uma mentalidade
semítica: colocar em jogo a honra de Deus, sua reputação de justiça, porém que
mostram a confiança em Deus e a proximidade dos homens com ele. Por outra
parte, este texto pode ser modelo para o tema da hospitalidade: ao narrar como
estes “três seres” escutam a Abraão atentamente. Esta “atenção” lhe permite
entrar no mistério. Um se revela como o Senhor (18, 10.13.20) e os outros
dois como seus anjos (19,1). A narrativa, que a princípio falava de três
homens, adquire aqui um caráter teofânico e manifesta o sentido profundo da
hospitalidade.
Segunda
Leitura A partir deste texto,
os cristãos consideravam a pia batismal como um sepulcro no qual somos
sepultados com Cristo; por outra parte, é também como a mãe que engendra a
vida; daí o expressivo ritual da imersão. Porém, o ritual que representa a
morte e a ressurreição somente tem eficácia se corresponde à fé em Deus que
ressuscitou Jesus dentre os mortos. Este expressa o vínculo entre batismo e fé.
Pecado e morte, fé e batismo são correlatos. A inserção ao mistério de Cristo
acontece no batismo, porém se funda na fé. Ressuscitar significa realmente
viver em Cristo, como consequência do perdo dos pecados, como resultado da
morte do Senhor. Sendo coerente, Paulo diz que “o perdão do pecado é libertação
da lei e de sua observância, porque existe uma correspondência entre Lei, morte
e pecado” (cf. Rm 7,7-9). A melhor expressão paulina a respeito se encontra
aqui como imagem. A Lei foi cravada na cruz.
Evangelho
A oração faz parte da vida do povo
judaico. Os piedosos voltavam seu espírito a Deus várias vezes por dia. Jesus
aprende a orar a partir do povo e sua tradição. Como bom judeu, aprendeu a
rezar em família e na sinagoga. Em seu ministério, sua oração adquire uma
particularidade: sua aproximação a Deus, “seu Abbá”. Lucas o descreve em oração
em várias ocasiões (3,21; 5,16; 6,12; 9,29). Os exegetas reconhecem em Lucas a
transmissão mais fiel da oração do Pai nosso e que é a mais breve. Do aramaico
passou ao grego e assim a incluiu Lucas em sua narrativa.
Pai,
santificado seja o teu nome: ou
seja, que Deus seja conhecido, dado a conhecer, louvado, amado, abençoado,
glorificado e agradecido por todas as pessoas do mundo. Que o nome do Senhor,
ou seja, o mesmo Deus, receba estima, amor, veneração e piedosa adoração por
todos e cada vez mais. É preciso observar a ordem da oração no Pai nosso.
Primeiro, que Deus seja reverenciado e amado.
Venha
o teu reino: é uma oração
missionária. É o que buscam os missionários: fazer com que Deus reine nas
pessoas e nas terras que eles estão missionando a partir de suas culturas e
idiossincrasias. E é o que devemos desejar e pedir e buscar em todos os tempos:
que Deus reine. Que venha seu reino. Sim, primeiro buscamos o Reino de Deus e
tudo o mais virá por acréscimo. É o desejo de que Deus reine em nossa mente, em
nosso coração, em nossa casa, na sociedade, na nação e no mundo inteiro. E
pensar em quantas pessoas e nações Deus ainda não reina!
Dá-nos
o pão de cada dia. Pedimos o pão para
cada dia, sem ansiedade pelo futuro, porque Deus estará também no futuro e ele
proverá. Como o Maná do deserto, o pão de cada dia é um dom maravilhoso da
bondade do Senhor. Com este pedido do pão diário estamos pedindo que nos livre
do desemprego e da demasiada carestia e das inundações e secas que acabam com
as culturas e das guerrilhas que impedem os agricultores recolher suas
colheitas, emprego para o esposo que tem que manter uma família, ajuda
econômica para a mãe abandonada, proteção para o ancião deixado de lado pela
sociedade. O corporal e o espiritual. Todos os dias necessitamos desse pão, por
isso temos que fazer o mesmo pedido diariamente.
Perdoa-nos
as nossas ofensas, como nós perdoamos a quem nos ofendeu: O perdão é uma arte que se consegue com infinitos
exercícios. Santo Agostinho ensina que a alguns Deus não escuta a oração que
fazem porque antes não perdoam os que os desafetos, ou não pedem perdão ao
Senhor por seus pecados. Sem pedir exclusas pelos desgostos que proporcionamos,
como queremos que nos conceda a graça que estamos suplicando? É uma lembrança
muito oportuna para que não ocorra nunca a mentirosa ideia de crer que somos
bons. Deus coloca uma condição para perdoar-nos: não podemos obter perdão do
céu se não perdoarmos na terra. No dia do juízo ninguém terá desculpas: seremos
julgados da mesma forma que julgamos. Seremos condenados se o perdão não esteve
na nossa ordem do dia em relação aos demais e seremos absolvidos se soubermos
perdoar sempre (São Cipriano): O Pai Celestial dará o Espírito Santo aos que o
pedirem.
Ele
lhes dará o Espírito Santo: O
objetivo final e o conteúdo da oração cristã é chegar a receber o Espírito
Santo que é capaz de renovar a face da terra, incluindo a nós todos. O Espírito
Santo é a força que vem do alto com poder avassalador e afasta os vícios e nos
traz muitos e bons pensamentos e desejos. O Espírito Santo quer ser nosso
hóspede e é enviado pelo Pai celestial se o pedimos com fé e perseverança. O
Espírito Santo é o que nos faz compreender a Sagrada Escritura. Ele vem até nós
e nos possibilita: orar melhor, arrependimento de nossos pecados e desejo de
nos dedicar e agradar a Deus.
Oração
Pai santo, que através de teu Filho nos
ensinaste a pedir, buscar e chamar com insistência, escuta nossa oração e
concede-nos a alegria de saber que somos escutados. Por nosso Senhor Jesus
Cristo...
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