5º DOMINGO
DA PÁSCOA 24/04/2016
1ª Leitura
Atos 14, 21b – 27
Salmo
responsorial 144(145) “Ó Meu Deus, meu Rei, eu vos glorificarei e bendirei o
vosso nome pelos séulos dos séculos”
2ª Leitura
Ap. 21, 1-5ª
Evangelho
João 13, 31-33ª.34-35
“A Glória e
o Amor”
Podemos trocar neste
evangelho, a palavra Glória por Sucesso, que significa ser bem sucedido em
algum empreendimento humano, obtendo o reconhecimento de todos, recebendo as
honras e os elogios, por ter sido o melhor, por ter sido um vencedor. É assim
em uma carreira profissional ou política, é assim no mundo das artes, da
ciência ou do esporte, onde o mais hágil, o mais forte, o mais bem dotado,
sempre vence. Uma vitória traz algo muito buscado por todos que é o poder, e
quem o alcança tem as pessoas á sua disposição, que irão manifestar sempre o
apoio, em uma clara submissão ao seu ídolo. É a glória! Como exclamam felizes,
os que a alcançaram. O ídolo se torna uma referência, uma marca, um estilo de
vida que irá servir de modelo a todos.
Alimenta-se assim uma
verdadeira veneração do Ego do vencedor, que pensa sempre em si mesmo, em seus
interesses, em suas conveniências, que planeja e arquiteta sempre o que lhe
favorece e lhe faz bem, ou em outras palavras; que tem um “mundo” girando ao
seu redor. Em um sistema egoísta que favorece um só ou alguns felizardos, basta
olharmos o modelo econômico corrompido pelo neoliberalismo, e que mantém na
ponta da pirâmide quem chegou lá, por merecimento ou por mecanismos escusos
porque sendo assim, cada irmão ou irmã torna-se um concorrente que deve e
precisa ser eliminado, quando se busca o sucesso e a fama. O sistema nos faz
pensar e agir desta forma e assim, simples adversários são transformados em
inimigos!
Entretanto, a glória para
Deus é o oposto do que é para os homens, porque não tem como fundamento o
egoísmo, mas sim a solidariedade e um modo de amar que o homem nunca tinha
visto ou experimentado antes. Um amor verdadeiro quer construir, renovar,
ajudar o outro a crescer, quer a vida e o bem do próximo, quer vê-lo livre para
tomar decisões sábias, para conquistar seus ideais, construir sua própria vida
e fazer a própria história. Mas tudo isso poderá ter um preço muito alto, que
nem sempre estamos dispostos a pagar, pois o sistema nos convence de que,
qualquer investimento deverá sempre ser feito para nós mesmos e não para os
outros, pois é perigoso ajudar as pessoas a crescerem em dignidade, amanhã elas
poderão ser mais um concorrente.
Esse modo de pensar e de
viver é sempre perigoso, pois pode representar a perda até da própria vida, é
melhor pensar e viver como todos os outros, pois somos condicionados a vencer,
ninguém quer perder, ninguém quer a derrota, ninguém deseja o fracasso. Não
vale a pena dar a vida pelos outros, ninguém irá reconhecer!
Pois essa é a glória para
Deus, quando pensamos e agimos diferente do mundo, por causa do evangelho, Deus
é glorificado, porque pensamos e agimos exatamente como o Filho Jesus. Por essa
razão que neste evangelho, exatamente quando começa a delinear-se um aparente
fracasso do ideal do reino, proposto por Jesus, com a traição de Judas, o
Mestre anuncia que o Filho do Homem foi glorificado e que Deus foi glorificado
nele. Ao ser glorificado pelo Filho, que não pensa e não age conforme o sistema
marcado pelo pecado do egoísmo, mas sim pelos valores do Reino, o Pai o
glorificará quando chegar a sua hora, a hora da cruz, que será aparente
fracasso para os homens, mas a gloria para Jesus, provavelmente é este o
sentido do ensinamento que ele faz aos seus discípulos na citação “quem perder
a sua vida por causa de mim, irá ganhá-la”.
Mas como
percorrer um itinerário tão desafiador, que vai na contra mão do sistema
opressor e explorador? Onde poderá o discípulo encontrar força para seguir o
Mestre e trilhar esse mesmo caminho? Na segunda parte deste evangelho Jesus
deixa\aos discípulos o seu legado e o seu testamento, que é dado na forma de um
mandamento novo “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei”. Esse amor é
muito mais que um sentimento, muito mais que uma virtude, esse amor é o próprio
Deus, que tem a força renovadora, única capaz de transformar a tudo e a todos,
dando-nos um novo céu e uma nova terra, levando o homem a seu destino glorioso
junto a ele. Quem ama como Cristo nos amou, e não tem medo de perder, já
antecipa em sua vida um pouco deste novo céu e desta nova terra! Que nossas
comunidades sejam assim! Amém. ( Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa Senhora
Consolata – Votorantim SP – E-mail cruzsm@uol.com.br)
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