17 de Março - Quinta - Evangelho
- Jo 8,51-59
Vosso
pai Abraão exultou, por ver o meu dia.
Neste
Evangelho, Jesus, numa argumentação judicial com as autoridades da seu país,
prova que é o Messias. Ao esperar o nascimento do seu filho Isac, Abraão
esperava com alegria, uma descendência bendita de Deus, que é o Cristo. Abraão
viu em Isac o cumprimento da promessa de Deus de que o Messias nasceria da sua
descendência.
E
mais: o nascimento de Isac era mais uma vinda da Sabedoria ou do Verbo de Deus,
que séculos mais tarde se encarnaria. Diz o livro dos Provérbios: “O Senhor me
gerou no início de suas obras, antes de ter feito coisa alguma, no princípio;
desde a eternidade... Eu estava brincando no globo terrestre, e alegrando-me em
estar com os filhos dos homens” (Prov 8,22-31). Abraão não viu Jesus como
homem. Mas Jesus é uma Pessoa com o Verbo eterno, e Abraão viu a manifestação
desse Verbo. Por isso que Jesus fala: “Vosso pai Abraão exultou, por ver o meu
dia”.
“Antes
que Abraão existisse, eu sou”. Mais uma vez, Jesus declara a sua divindade. Ele
é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade que se encarnou, conforme diz J
1,1-5: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era
Deus. Ele existia, no princípio, junto de Deus. Tudo foi feito por meio dele, e
sem ele nada foi feito de tudo o que existe. Nele estava a vida, e a vida era a
luz dos homens. E a luz brilha nas trevas, e as travas não conseguiram
dominá-la”.
Na
pessoa de Jesus, as duas naturezas, a humana e a divina, eram estanques, isto
é, não se comunicavam uma com a outra, a não ser que quisessem. A natureza
divina só se comunicava com a humana quando era necessário e útil à missão de
Jesus. Fora isso, Jesus agia apenas com os recursos humanos. Era homem como nós
em tudo, exceto no pecado.
Só
assim a gente entende todo o sofrimento que Jesus teve, no corpo e no espírito
(Cf Hb 4-7). Entendemos também por que ele disse que não sabia a data do fim do
mundo: “Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do
céu, nem o Filho. Somente o Pai é quem sabe” (Mt 24,36).
A
natureza divina deixava a natureza humana se virar, com os recursos e as
limitações humanas. Esse é o mistério da união hipostática.
Entretanto,
nós sabemos que “em Cristo habita, de forma corporal, toda a plenitude da
divindade” (Cl 2,9).
“O
que é da terra, pertence à terra e fala das coisas da terra. Aquele que vem do
céu está acima de todos” (Jo 3,31). Só quem era do céu podia reabrir a porta do
céu para a humanidade, porta que fora fechada após o pecado de Adão e Eva..
Quem não veio do céu não tem credencial nem competência para isso. Os
fundadores de religiões, por exemplo, são, como nós, da terra, pertencem à
terra. Portanto, eles não têm nenhuma competência para fundar uma religião. Com
exceção, é claro, de Jesus que veio do céu e fundou a Igreja. “Eu e o Pai somos
um” (Jo 10,30).
Justamente
devido à sua condição divina, Jesus fala e garante: “Se alguém guardar a minha
palavra, jamais verá a morte”. Morre fisicamente, mas permanece vivo em Deus,
na vida eterna.
Como
é importante nós ouvirmos e guardarmos a Palavra de Jesus, sendo aquela terra
fértil, onde a semente cai e produz fruto!
Havia,
certa vez, um rapaz, que tinha a memória um pouco fraca. Esquecia facilmente as
coisas. Como na quaresma ele queria se confessar, começou logo a marcar em um
pau os seus pecados. Cada vez que ele fazia um pecado, fazia um pique no pau.
Numa
tarde em que o padre estava de plantão para atender as confissões, ele foi para
a igreja. Chegando lá, colocou o pau atrás da porta e ajoelhou-se no banco a
fim de se preparar para a confissão.
Depois
foi para a salinha onde estava o padre, e se esqueceu de levar o pau. Ele era
um rapaz bem forte. Ao chegar lá, o padre lhe disse: “Fale os seus pecados”.
Ele falou: “Espere aí, padre, eu vou buscar o pau ali atrás da porta”. O padre
disse: “Não, não precisa não, moço! Já está tudo perdoado. Pode ir tranqüilo”
Já pensou, um rapaz daquele querendo ir pegar pau!
Quaresma
é tempo de fazermos uma boa confissão. Nós não precisamos ter medo do padre nem
o padre de nós, pois o que prevalece ali é a misericórdia de Deus. Não
precisamos também anotar os pecados. Na hora, nós falamos aquilo de que nos
lembramos e o resto fica tudo perdoado. O principal na confissão não é falar
pecados, pois na confissão comunitária nós nem falamos os pecados. O principal
é o perdão de Deus e, da nossa parte, o arrependimento.
Maria
Santíssima é Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus que é Deus. Que ela interceda
por nós, já que tem tanto credencial junto da Santíssima Trindade.
Vosso
pai Abraão exultou, por ver o meu dia.
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