QUARTA FEIRA DA SEMANA SANTA
23/03/2016
1ª Leitura Isaias 50, 4-9
Salmo 68/69 “Na vossa imensa
bondade, escutai-me, na hora da vossa misericórdia, óh Deus”
Evangelho Mateus 26, 14 - 25
" Um de Vós vai me
trair..."
É o mesmo relato de ontem, mas
agora do jeito de MATEUS. No evangelho de ontem, quando Jesus vai anunciar que
será traído, o texto fala que ele está angustiado e perturbado em seu espirito,
lembram-se? Podem conferir o texto de João.... Pois no evangelho de hoje, essa
angústia e aflição muda de lado, são os discípulos que ficam angustiados e
aflitos, e começam a indagar "Senhor, por acaso serei eu?". E Pedro,
logo ele, dá uma cutucada a João, que estava perto do Mestre, quer saber quem é
o desavergonhado, quem sabe, para tomar uma providência...
O Jesus de Mateus, que escreve para
a comunidade Cristão Judaica, é firme e não demonstra nenhuma perturbação
quando anuncia a traição. É que Mateus apresenta um Jesus fiel á missão, e
que cumpre toda a Vontade do Pai, com firmeza e determinação.
Entretanto, há algo que o leitor fica se perguntando, "Se ele cumpre a
vontade do Pai, porque demonstrou sua indignação ao dizer "Ai daquele que
irá trair o Filho do Homem, melhor seria que não tivesse nascido....".Ora,
se era vontade do Pai, então Judas estava fazendo o seu papel, e estava, por
assim dizer "Colaborando" para que tudo acontecesse, conforme o
previsto....Jesus até poderia trata-lo bem, era preciso que alguém o traísse
para que ele fosse condenado à morte, e Judas aceitou o papel de traidor....
Esta seria uma leitura ingênua
desse evangelho, pois facilmente podemos cair no fatalismo, "Deus quiz
assim....foi feita sua vontade". Coitado do nosso Deus, quantas desgraças
e tragédias jogamos em suas costas....Aliás, tem gente que se safa de situações
apertadas jogando a culpa em Deus ou no Diabo.
Com toda certeza, muitas vêzes
Jesus conversou com Judas, expos sua missão, exortou-o a não entrar pelo
caminho errado, disse-lhe do perigo que corria, ao confundir o seu Messianismo com alguma
ideologia política e ali á mesa, deu-lhe a última dica...uma oportunidade para
Judas pensar no assunto, rever a sua atitude, quem sabe, usar o seu livre
arbítrio e mudar de vida, por fidelidade a Jesus, mesmo que não compreendesse
bem o seu messianismo, pois Pedro também não entendia, mas o aceitou como ele
era.
Portanto, não se trata do anuncio
de uma fatalidade, mas um jogo de palavras, mostrando que a questão estava em
aberto e Judas ainda poderia dar outro rumo á sua vida. Assim que Judas saiu de cena, rompendo portanto com
a comunidade, Pedro, querendo amenizar o mal entendido, e melhorar o clima do
jantar, já no Horto das Oliveiras, quando Jesus anuncia que ele será motivo de
queda para todos eles, vai apresentar-se
como diferente, o melhor e o mais fiel de todos, "Para mim jamais serás
motivo de queda, Senhor". Com essas palavras Pedro estava dizendo que
Jesus podia contar com ele sempre...Pobre Pedro, que ducha de água fria levou
na cabeça, quando Jesus diz que ele irá
negá-lo por três vêzes, antes que o galo cantasse...
Nossas mãos não tocam no mesmo
prato, o pão com Jesus, mas tocam em Jesus que é o Pão da Eucaristia, somos tão
íntimos dele como Judas o era, e todos os discípulos. Seria um erro pensarmos
que o nosso pecado é bem menor que o de Judas e de Pedro, na própria comunidade
caímos em contradição, quem dirá quando estamos fora dela. E por que agirmos
dessa maneira, ao estilo de Pedro ou de Judas? Por que diferente de Jesus de
Mateus, buscamos a nossa vontade, que coincide com a vontade de Pedro e de
Judas: vencer pelo caminho mais fácil, chegar à glória da ressurreição, sem ter
de passar pelo triste trajeto do calvário, que nos assusta e
amedronta....(Diácono José da Cruz – Paróquia Nossa Senhora Consolata –
Votorantim SP – E-mail cruzsm@uol.com.br)
"Nós vos adoramos Senhor
Jesus, e vos bendizemos, porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo"
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