segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O fariseu e o publicano--Canção Nova

05 de Março - Sábado - Evangelho - Lc 18,9-14


O Evangelho de hoje nos mostra com clareza qual é o pensamento que Jesus tem a respeito da nossa oração, e não somente no que se relaciona ao nosso vínculo com os outros, mas especialmente diante de Deus, que nos conhece mais do que nós mesmos.
Lendo o evangelho de hoje eu fiquei muito feliz porque acredito que essa mensagem seja capaz de mudar de forma concreta a minha vida e a tua, uma vez que passamos a compreender o sentido real e concreto do ato de ser humilde e não apenas do conceito de humildade, podemos ser transformados interiormente e executar gestos no nosso cotidiano que irá nos proporcionar sentimentos bons e alegres.
É interessante verificar os dois tipos de oração! O Fariseu nomeia todas as suas observâncias, tudo que ele faz, conforme manda o a Lei! Ele não conta nenhuma mentira – ele faz isso mesmo. Só que ele confia absolutamente no poder da sua prática para garantir a salvação. Assim dispensa a graça de Deus, pois se a Lei é capaz de salvar, não precisamos da graça! E ainda se dá o luxo de desprezar os que não viviam como ele – ou porque não queriam, ou porque não conseguiam!: Ó Deus, eu te agradeço, porque não sou como os outros homens, que são ladrões, desonestos, adúlteros, nem como esse cobrador de impostos.
O publicano também não mente quando reza! Longe do altar, nem se atrevia a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito em sinal de arrependimento de dizia: Meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador. E era a verdade mesmo – ele era vigarista, ladrão opressor do seu povo, traidor da sua raça – mas ele tem consciência disso, e não só disso, mas do fato de que por ele mesmo é incapaz de mudar a sua situação moral. A sua única esperança é jogar-se diante da misericórdia de Deus. Para o espanto dos seus ouvintes, Jesus afirma que o desprezado publicano voltou para a casa “justificado” por Deus, e não o outro. Pois é Deus que nos torna justos por pura gratuidade, e não em recompensa por termos observado as minúcias duma Lei.
E como entrou o farisaísmo nas nossas tradições de espiritualidade! Como as nossas pregações reduziam a fé e o seguimento de Jesus à uma observância externa duma lista de Leis! Como reduzimos Deus a um mero “banqueiro”, que no fim da vida faz as contas e nos dá o que nós “merecemos”, segundo uma teologia de retribuição! Quem tem a conta em haver com Ele, ganhará o céu, e quem está em dívida irá para o inferno! E a graça de Deus? E a cruz de Cristo? Paulo mudou de vida quando descobriu que a Lei, por tão importante que fosse como “pedagogo”, não era capaz de salvar, mas que é Deus que nos salva, sem mérito algum nosso, através de Jesus Cristo! Com esta descoberta, se libertou! E defendia este seu “evangelho” a ferro e fogo! O texto de hoje nos convida para que examinemos até que ponto deixamos o farisaísmo entrar em nossas vidas; até que ponto confiamos em nós mesmos como agentes da nossa salvação; até que ponto nos damos o direito de julgar os outros, conforme os nossos critérios. Uma advertência saudável e oportuna que alerta contra uma mentalidade “elitista” e “excludente”, que pode insinuar-se na nossa espiritualidade, como fez na dos fariseu, sem que tomemos consciência disso!
Portanto, esse evangelho é transformador, ele vem ensinar para nós que a nossa oração é um meio de comunicação eficaz com o Pai, mas só subirá aos céus se nascer de um coração humilde, simples e puro! Se quisermos ser justificados e elevados diante de Deus, precisamos diminuir para que Deus cresça em nós! Meu Deus, é preciso que eu diminua e que Cristo cresça em mim. Dai-me Senhor um coração puro e humilde e assim como aquele cobrador de impostos clamou a ti eu também Te peço agora: tende piedade de mim que sou pecador.


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