quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

3º Domingo da Quaresma-Claretianos

Domingo, 28 de Fevereiro de 2016
Tema: 3º Domingo da Quaresma
Êxodo 3.1-8a. 13-15: O ?Eu sou? enviou-me a vós.
Salmo 102(103): O Senhor é bondoso e compassivo
1Coríntios: 10,1-6.10-12: a vida do povo com Moisés no deserto foi escrita para ser exemplo para nós.
Lucas 13,1-9: Se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo.
1Neste mesmo tempo contavam alguns o que tinha acontecido a certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com os seus sacrifícios.2Jesus toma a palavra e lhes pergunta: Pensais vós que estes galileus foram maiores pecadores do que todos os outros galileus, por terem sido tratados desse modo?3Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo.4Ou cuidais que aqueles dezoito homens, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os demais habitantes de Jerusalém? 5Não, digo-vos. Mas se não vos arrependerdes, perecereis todos do mesmo modo.6Disse-lhes também está comparação: Um homem havia plantado uma figueira na sua vinha, e, indo buscar fruto, não o achou.7Disse ao viticultor: - Eis que três anos há que venho procurando fruto nesta figueira e não o acho. Corta-a; para que ainda ocupa inutilmente o terreno? 8Mas o viticultor respondeu: - Senhor, deixa-a ainda este ano; eu lhe cavarei em redor e lhe deitarei adubo.9Talvez depois disto dê frutos. Caso contrário, cortá-la-ás.
Comentário
Jesus ensina, no texto de hoje, aprender a escutar a voz de Deus nos acontecimentos da história. De fato. Seus interlocutores também o faziam, e por isso vão contar os fatos, porém escutam mal, Deus não dizia o que eles entendiam. É verdade que Deus fala, porém é preciso aprender a escutá-lo. Deus não nos diz que os mortos desses acontecimentos drásticos eram pecadores, de fato todos o são. O que Deus nos diz é que por sê-lo, devemos converter-nos e dar frutos de conversão. Os frutos são uma palavra de Deus para esta etapa da história. Vivemos em uma sociedade chamada cristã. Dizia-se: "Ocidental e cristã", e os frutos foram torturas, desaparições, assassinatos, delações, medo, desesperança... e muito mais: fome, desocupação, analfabetismo, falta de saúde e moradia, desesperança... e "pelos frutos se conhece a árvore". Hoje muitos chamados cristãos continuam vivendo sua fé longe dos frutos do amor e da justiça que nos pede o evangelho: participam de mesas de dinheiro, da tirania do mercado, pagam salários "estritamente justos" e precisamente baixos, estão afiliados a partidos que nada tem que ver coma Doutrina Social da Igreja. E os frutos? Individualismo, fome, pobreza... Assim, por exemplo, vemos que um dos problemas na América Latina para o reconhecimento "oficial" de nossos mártires é que quem os mandou matar "eles mesmos se denominam cristãos" e isto desconcerta a muitos. Não bastam as palavras. De nada serve uma figueira estéril. Uma figueira deve dar figos já que para isso foi plantada. Um povo redimido por Cristo deve edificar com sua vida (e com sua morte, se for o caso) um reino que dê frutos de verdade, de justiça e de paz, de liberdade, de vida e de esperança ... Estamos longe, muito longe! És verdade que em dezenas de comunidades há também frutos muito vivos de solidariedade, de paz, de oração, de justiça e de vida, de celebração e de esperança... e poderíamos multiplicar os frutos que vemos nas comunidades; porém, tudo que vimos anteriormente também é certo. Faltam muitos frutos que podem ser produzidos, falta muita vida a colher e alegria a festejar. O continente da violência, da injustiça e da fome reclama frutos dos cristãos. E esses frutos devem ser dados na história. Os acontecimentos cotidianos, de dor e de morte, que tão frequentemente vivemos na América Latino são palavra de Deus, uma palavra que devemos aprender a escutar, que devemos compreender para não crer que Deus diz o que não está dizendo. Jesus nos ensina a "dinâmica do fruto" para aprender a reconhecer aí um Deus que continua falando e que continua chamando à conversão, não a uma conversão individual e pessoal, mas que dê frutos para os irmãos, para a história e para a vida. E a Quaresma é tempo oportuno para começar a produzir esses frutos.
Oração
Ó Deus, mistério insondável. Estamos acostumados a atribuir à tua ação tudo que não sabemos explicar, sobretudo o mal cujo sentido não conseguimos captar. Queremos expressar nossa vontade de ser adultos, de assumir nossas responsabilidades no mal e de preferir amadurecidamente o silêncio e a acolhida do mistério à resposta fácil de atribuir a ti os acontecimentos incompreensíveis ou nossos limites e deficiências. Nós aprendemos isto do exemplo de Jesus, nosso irmão, teu bem-amado.


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