24 de Janeiro - Evangelho - Lc 1,1-4;4,14-21
O Evangelho é uma narração global de vários aspectos da actividade de
Jesus nos começos do Seu ministério: contactos humanos, curas, pregação.
Como membros da Igreja, somos associados à obra de Cristo, continuadores
da Sua Missão. A nossa vida deve manifestar um desejo e esforço contínuos de
conversão própria e ajuda através da palavra, contacto e testemunho de vida em
Cristo aos nossos irmãos. Só assim poderemos ser verdadeiramente luz de Cristo.
Jesus começou seu ministério na Galiléia, agora passamos a destacar o
conteúdo de sua mensagem. A expressão “o tempo está cumprido” se relaciona ao
que já mencionamos acima, a respeito do cumprimento das antigas profecias.
Todos os três evangelhos sinópticos indicam que Jesus começou seu ministério
com esta mensagem, a passagem de Lucas 4, ilustra bem isto. Jesus visita a
sinagoga de Nazaré, onde ele lê a famosa escritura de Isaias 61 a respeito do
Messias, ele choca seus conterrâneos nazarenos, ao dizer que a tão esperada
profecia se cumpriu, e que ele era o Ungido, sob o qual o Espírito do Senhor
repousava.
A chegada do Reino, não vem para cumprir as promessas de Deus em termos
políticos, como era o pensamento geral na época de Jesus. Seu exorcismo de demônios
é um sinal de que, em antecipação à destruição final de Satanás e suas hostes
no fogo eterno, Deus invadiu a esfera de ação de Satanás, como quem entra na
casa do homem forte e o amarra antes de saquear os bens,(Mc 3:27). Seus milages
de cura são sinais que apontam para a vinda do fim, quando a morte vai ser
absorvida pela imortalidade.
A presença do Reino é bem expressada na Igreja quando ela confessa o
senhorio de Cristo. Dizer que Cristo é Senhor hoje, não soa como soava no
primeiro século, onde os mártires cristãos forjavam o crescimento da Igreja. A
palavra Senhor, no grego kyrius, era usada para se referir ao Imperador. Dizer
que Cristo é o Senhor, é dizer que ele reina no lugar do Imperador. Esta é uma
frase subversiva, e tinha duras implicações para os primeiros crentes. A
perseguição era inevitável para aqueles que obedeciam ao senhorio de Cristo.
A expectativa da Segunda Vinda anima os crentes deste século, ao ponto
de muitos marcarem datas para a volta de Jesus, causando confusão e engano. Mas
isto não deveria nos espantar, pois Jeus se referiu a estes falsos sinais, bem
como a falsos cristos que apareceriam, querendo enganar, se possível, até os
eleitos.
Essa afirmação esta no mesmo contexto de outra, que o Reino demoraria a
chegar. Jesus se refere ao sofrimento que guerras e rumores de guerra trarão
aos seus seguidores, no versículo 9, Jesus afirma quer os discípulos seriam
levados aos tribunais, por causa do seu nome. Mas é necessário que o evangelho
seja pregado a todas as nações, e aí virá o fim.
Jesus afirma que nem mesmo ele sabia quando viria o Reino. Jesus ensina
a necessidade de vigiar, contando a parábola da figueira. “A incerteza quanto
ao tempo da parousia significa que os homens devem estar espiritualmente
despertos e prontos para encontrar o Senhor em qualquer ocasião que ele venha”.
Não podemos esquecer que a proclamação de Jesus é arrependei-vos e crede
no evangelho. A proclamação do evangelho é inseparável do chamado ao
arrependimento à fé.
Arrepender-se, no grego metanoia, significa mudança de pensamento,
mentalidade. Aponta para uma mudança radical de vida. Não quer dizer contrição
em conseqüência do pecado, mas algo muito mais profundo.
A mensagem de arrependimento foi proclamada por João Batista, Marcos
indica que Jesus chamava os homens para que se arrependessem, já que lhes
estava sendo oferecido o Reino de Deus como um dom presente, colocado a
deposição de todos em antecipação ao fim do tempo.
O arrependimento é um dom de Deus, mas antes de tudo um mandamento. Só a
graça de Deus, seu dom, nos capacita a receber o Reino, mas Jesus deixa clara a
ordem, arrependam-se. Recebemos a graça de Deus, quando o obedecemos.
O arrependimento é inseparável da fé, “arrependei-vos e crede no
evangelho”. Não existe base para a tese, segundo alguns, que o chamado ao
arrependimento é para os judeus, e a chamada a fé, para os gentios, com base de
uma dispensação antiga, que se dizia que o requisito era a salvação pelas
obras, e que nós vivemos a era da graça, salvação pela fé. Já no Antigo Testamento,
Abraão foi justificado pela sua fé, como diz Gênesis 15:6.
A mensagem de Jesus a respeito de Reino de Deus é a proclamação por
palavras e atos de que Deus está agindo e manifestando dinamicamente sua
vontade redentora na história. Deus está buscando os pecadores: ele os está
convidando a entrar no Reino e participar da benção messiânica; ele está
solicitando deles uma resposta favorável à sua oferta graciosa. Por isso chama
Pedro, André, Tiago e João seu irmão e fâ-los já participar da Sua missão. E eles
deixando tudo, aderiram à mensagem do Mestre e o seguiram. O Pedro, André,
Tiago e João sou eu, és. Cristo passando pelas nossas ruas e cidades, continua
chamando homens e mulheres à conversão e ao arrependimento, porque na verdade “
o Reino de Deus está próximo”.
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