domingo, 31 de janeiro de 2016

Apresentação de Jesus-Dehonianos

02/02/2016
Apresentação do Senhor
Esta festa já era celebrada em Jerusalém, no século IV. Chamava-se festa do encontro, hypapántè , em grego. Em 534, a festa estendeu-se a Constantinopla e, no tempo do Papa Sérgio, chegou a Roma e ao Ocidente. Em Roma, a festa incluía uma procissão até à Basílica de S. Maria Maior. No século X, começaram a benzer-se as velas.
José e Maria levam o Menino Jesus ao templo, oferecendo-o ao Pai. Como toda a oferta implica renúncia, a Apresentação do Senhor é já o começo do mistério do sofrimento redentor de Jesus, que atingirá o seu ponto culminante no Calvário. Maria e José unem-se à oferta do seu divino Filho estando a seu lado e colaborando, cada um a seu modo, na obra da Redenção.


Lectio


Primeira Leitura: Malaquias 3, 1-4

Assim fala o Senhor: “Eis que Eu vou enviar o meu mensageiro, a fim de que ele prepare o caminho à minha frente. E imediatamente entrará no seu santuário o Senhor, que vós procurais, e o mensageiro da aliança, que vós desejais. Ei-lo que chega! - diz o Senhor do universo. 2Quem suportará o dia da sua chegada? Quem poderá resistir, quando ele aparecer?Porque ele é como o fogo do fundidor e como a barrela das lavadeiras.  3Ele sentar-se-á como fundidor e purificador. Purificará os filhos de Levi e os refinará, como se refinam o ouro e a prata. E assim eles serão para o Senhor os que apresentam a oferta legítima. 4Então, a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor como nos dias antigos, como nos anos de outrora”.

Os dois mensageiros anunciados pelo profeta introduzem-se mutuamente: um prepara a vinda do Senhor e outro realiza a Aliança, é o Esperado. Estas duas figuras perspetivam João Baptista e Cristo. Um é apenas precursor; o outro é o Messias esperado, de origem divina, o Redentor. O primeiro prepara o caminho; o segundo entra efetivamente no templo, santificando, pela oferta de si mesmo, o sacrifício da nova Aliança, os ministros e o culto.


Segunda leitura: Hebreus 2, 14-18

Uma vez que os filhos dos homens têm em comum a carne e o sangue, também Ele partilhou a condição deles, a fim de destruir, pela sua morte, aquele que tinha o poder da morte, isto é, o diabo, 15e libertar aqueles que, por medo da morte, passavam toda a vida dominados pela escravidão. 16Ele, de facto, não veio em auxílio dos anjos, mas veio em auxílio da descendência de Abraão. 17Por isso, Ele teve de assemelhar-se em tudo aos seus irmãos, para se tornar um Sumo Sacerdote misericordioso e fiel em relação a Deus, a fim de expiar os pecados do povo. 18É precisamente porque Ele mesmo sofreu e foi posto à prova, que pode socorrer os que são postos à prova.

A carne e o sangue, submetidos ao poder da morte pelo inimigo, são divinizados e libertados por Cristo, Deus feito homem. A descendência de Abraão é restituída à vida. O Filho de Deus apresenta-se como primeiro entre muitos irmãos e como sacerdote, mediador na sua divindade e humanidade, da fidelidade de Deus, Pai da vida.


Evangelho: Lucas 2, 22-40

Ao chegarem os dias da purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor, 23conforme está escrito na Lei do Senhor: «Todo o primogénito varão será consagrado ao Senhor» 24e para oferecerem em sacrifício, como se diz na Lei do Senhor, duas rolas ou duas pombas. 25Ora, vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão; era justo e piedoso e esperava a consolação de Israel. O Espírito Santo estava nele. 26Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não morreria antes de ter visto o Messias do Senhor.27Impelido pelo Espírito, veio ao templo, quando os pais trouxeram o menino Jesus, a fim de cumprirem o que ordenava a Lei a seu respeito.28Simeão tomou-o nos braços e bendisse a Deus, dizendo:  29«Agora, Senhor, segundo a tua palavra, deixarás ir em paz o teu servo, 30porque meus olhos viram a Salvação  31que ofereceste a todos os povos,  32Luz para se revelar às nações e glória de Israel, teu povo.»33Seu pai e sua mãe estavam admirados com o que se dizia dele.  34Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua mãe: «Este menino está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel e para ser sinal de contradição; 35uma espada trespassará a tua alma. Assim hão-de revelar-se os pensamentos de muitos corações.» 36Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, a qual era de idade muito avançada. Depois de ter vivido casada sete anos, após o seu tempo de donzela, 37ficou viúva até aos oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, participando no culto noite e dia, com jejuns e orações. 38Aparecendo nessa mesma ocasião, pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém. 39Depois de terem cumprido tudo o que a Lei do Senhor determinava, regressaram à Galileia, à sua cidade de Nazaré. 40Entretanto, o menino crescia e robustecia-se, enchendo-se de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele.

O Evangelho da Infância de Jesus tem o seu ponto alto no templo, lugar da plenitude do povo de Israel. É aí que Zacarias ouve a palavra que dirige a história para a sua meta (anúncio de João); é aí que o Menino é apresentado a Deus, revelado a Simeão e a Ana. É daí que regressa a Nazaré. Pano de fundo da cena da apresentação é lei judaica segundo a qual os primogénitos são sagrados e, por isso, devem ser apresentados a Deus. O Pai responde à apresentação e oferta de Jesus com o dom do Espírito ao velho Simeão, que profetiza. Israel pode estar descansado: a sua história não acaba em vão. Simeão viu o Salvador e sabe que a meta é agora o triunfo da vida.


Meditatio

Os pais de Jesus, de acordo com a lei mosaica, 40 dias depois do nascimento do primeiro filho, foram ao Templo de Jerusalém para oferecer o primogénito ao Senhor e para a mãe ser purificada. Mas este rito não foi exatamente igual aos outros. Nos ritos comuns, eram os pais que apresentavam os filhos a Deus em sinal de oferta e de pertença; neste rito é Deus que apresenta o seu Filho aos homens. Fá-lo pela boca do velho Simeão e da profetisa Ana. Simeão apresenta-O ao mundo como salvação para todos os povos, como luz que iluminará as gentes, mas também como sinal de contradição; como Aquele que revelará os pensamentos dos corações.
O encontro de Jesus com Simeão e Ana no Templo de Jerusalém é símbolo de uma realidade maior e universal: a Humanidade encontra o seu Senhor na Igreja. Malaquias preanunciava este encontro: «Eis que Eu vou enviar o meu mensageiro, a fim de que ele prepare o caminho à minha frente. E imediatamente entrará no seu santuário o Senhor, que vós procurais». No Templo, Simeão reconheceu Jesus como o Messias esperado e proclamou-o salvador e luz do mundo. Compreendeu que, doravante, o destino de cada homem se decidia pela atitude assumida perante Ele; Jesus será ruína ou salvação. Como dirá João Baptista: Ele tem na mão a joeira para separar o trigo bom da palha (cf. Mt 3, 12).
É o que acontece, a outra escala, também hoje: no novo templo de Deus que é a Igreja, os homens «encontram» Cristo, aprendem a conhecê-lo, recebem-no na Eucaristia, como Simeão o recebeu nos braços; a sua palavra torna-se, aí, para eles, luz e o seu corpo força e alimento. É a experiência que fazemos, sempre que vamos à missa. A comunhão é um verdadeiro encontro entre Deus e nós. Hoje, essa experiência é acentuada pelo simbolismo da festa: a procissão com que entramos na igreja com o sacerdote, levando a vela acesa e cantando, era, sinal deste ir ao encontro de Jesus que nos chama no interior da sua igreja, na esperança de irmos ao seu encontro um dia no Hypapante eterno, quando formos nós a ser apresentados por Ele ao Pai.
A Candelária é festa de luz. A luz da fé não nos foi dada apenas para iluminar o nosso caminho, desinteressando-nos dos outros… A luz da fé também não é para ter acesa apenas na igreja, ou em certos momentos, mas em todos os momentos e situações da nossa vida… A nossa fé há de ser luz que ilumina, fogo que aquece… É luz e fogo quem é compreensivo e bom com todos… quem sabe apoiar os pequenos esforços… os pequenos progressos… quem tem palavras de amizade, de estímulo, de apoio… quem sabe dizer uma boa palavra, dar uma ajuda… O amor cristão tem a sua origem em Deus que nos amou e nos enviou o seu Filho com quem nos encontramos em vários momentos da nossa vida, particularmente quando celebramos a Eucaristia. Esse é o nosso encontro, enquanto esperamos o encontro definitivo no Céu.


Oratio

Ó Jesus, eis-me aqui para fazer a vossa vontade. Quero estar atento e ouvir as vossas ordens, os vossos desejos, que me chegam através da vossa Palavra, das orientações dos vossos representantes na terra, dos acontecimentos da minha vida e da vida dos meus irmãos. Uno-me à oblação generosa do vosso divino Coração. Que quereis que vos faça? Dizei-mo, pelos meus pastores, pelas vossas inspirações, pela vossa providência. Falai, Senhor, que o vosso servo escuta. Iluminai-me com a vossa luz divina e refleti-la-ei nos meus irmãos. Ámen.


Contemplatio

«Eis-me aqui, meu Deus, para vos servir e para fazer a vossa vontade: Eis a serva do Senhor: faça-se em mim segundo a tua palavra». Esta é a regra, Maria obedece. Está escrito na lei, no Levítico e no Êxodo. A jovem mãe apresentar-se-á no templo para ser purificada, quarenta dias depois do nascimento de um filho e oitenta dias depois do nascimento de uma filha. Maria não costuma hesitar quando se trata da lei. Cumpre tudo à letra, segundo a Lei de Moisés. No quadragésimo dia, está em Jerusalém. Não examina se está dispensada pelo carácter sobrenatural da sua maternidade. A hesitação não lhe vem, é a lei. Como o seu divino Filho, renuncia a todo o privilégio e, contente com a sorte comum, obedece à lei. Jesus obedece e deixa-se levar, apresentar, resgatar, Maria obedece também e deixa-se purificar. Como Jesus, Maria leva no meio do seu Coração a lei de Deus, como sua regra de vida. Oh! Como esta obediência pontual, humilde, heroica, condena todas as nossas hesitações, toda a nossa procura de exceções e de dispensas! Maria podia dizer: Eis a serva do Senhor. E eu posso dizer: Ecce venio: eis que venho, Senhor, para obedecer, para fazer a vossa vontade. Eis o teu servo. (Leão Dehon, OSP 3, p. 120).


Actio

Repete muitas vezes e vive hoje a Palavra do Senhor:
Eu sou a luz do mundo” (Jo 8, 12).


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Apresentação do Senhor (02 Fevereiro)



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