quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Não sejamos reféns do ID-Alexandre Soledade

27- DOMINGO - Evangelho - Lc 2,22-40

Bom dia!
Os evangelhos diários geralmente seguem uma sequência de acontecimentos cronológicos e quando por ventura mudam, podem significar um dia especifico, festivo ou crucial da história de Jesus. Hoje, lembramos a apresentação do Senhor.
Repare o encanto no louvor feito por Simeão: “(…) Agora, Senhor, cumpriste a promessa que fizeste e já podes deixar este teu servo partir em paz. Pois eu já vi com os meus próprios olhos a tua salvação”.
Gostaria de trazer na lembrança um comentário e o exemplo dado num dos evangelhos dessa semana: um jovem que pedia que fosse acorrentado pelos próprios pais para não mais usar drogas e o homem que era atormentado por vários demônios. Jesus atravessa o mar da Galileia ao encontro de seu sofrimento. Ele já o conhece e o tinha convicção do quanto lutava; sabia das vezes que precisou se acorrentar para evitar que acontecesse.
Jesus, no caso do evangelho que trata do possesso, se apresenta como Senhor sobre tudo que assolava aquele que nem correntes o prendiam e o liberta. Hoje, neste evangelho, nos braços de Maria, Deus apresenta Jesus a um servo fiel e também o liberta das dúvidas que o acorrentavam. Quantos travam batalhas ha muitos anos para que aconteça a libertação de suas famílias, dos medos, dos preconceitos… A paciência e a fé do servo foram vistas por Deus e no momento mais oportuno, foi contemplada.
“(…) Se é só para esta vida que pusemos a nossa esperança em Cristo, somos, dentre todos os homens, os mais dignos de compaixão“. (I Coríntios 15, 19)
A psicologia define que temos três esferas ou estruturas psíquicas – o Id, o ego e o superego. A grosso modo, o ID é nosso estado mais inconsciente, é o que representa nossas vontades de realização imediata. O superego é apresentado pelos nossos valores pessoais, crenças… Ele nos apresenta a razão. O Ego, que avalia nosso querer mediante o que o superego o subsidia tomando assim a decisão. Quanto mais tempo pensamos, mais usamos a razão, os valores, … Respostas imediatas geralmente têm mais influencia do ID. Quando compro um carro, sem pensar como pagá-lo; quando respondo a uma ofensa com outra ainda maior, quando leio ou escuto algo já procurando os erros para rebater (…)
Por que estou apresentando esse conteúdo? Deus apresenta Jesus em nossas vidas quando Ele acha que chegou o momento. Esses dias mencionei uma citação do padre Joãozinho sobre a idéia que o Paulo que escreveu a primeira carta de Coríntios é bem diferente daquele que escreveu a segunda. Ele escreve a derradeira carta bem mais sofrido e amadurecido pelas vitórias e derrotas e de forma humilde.
Sim! Muitos de nós como o apóstolo, precisamos cair do cavalo para termos a primeira apresentação do Senhor. Quebrar a cara, tropeçar, cair, as vezes nos trazem ao real que não posso viver refém do ID de nossas vontades que as vezes são intempestivas. Jesus não abandonou Paulo após o episodio de Damasco, espera seu servo amadurecer pelo caminho para novamente se apresentar a ele e confirmar sua missão.
“(…) Na noite seguinte, o Senhor apresentou-se a Paulo e lhe disse: ‘Tem confiança. Assim como deste testemunho de mim em Jerusalém, é preciso que sejas minha testemunha também em Roma’“. (Atos 23, 11)
O evangelho não fala por quantos anos Simeão esperou por essa apresentação, mas deixa claro, que possivelmente como nós, a “trancos e barrancos” tentamos nos manter fieis e esperar. Sim, é duro ir para um lado e ver entes queridos preferirem ir para outro, mas o Deus que é fiel ouvirá nossos clamores e Jesus também atravessará qualquer mar para nos libertar.
Não sejamos reféns do ID e nem inertes justificados pelo superego. Tenhamos fé!
Senhor! Se apresente a nós!
Um Imenso abraço fraterno!



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