12/11/2015
Tempo Comum -
Anos Ímpares - XXXII Semana - Quinta-feira
Lectio
Primeira leitura: Sabedoria 7, 22 – 8, 1
Na sabedoria há um espírito inteligente e
santo, único, múltiplo e subtil, ágil, penetrante e puro, límpido,
invulnerável, amigo do bem e perspicaz, 23livre, benéfico e amigo dos homens,
estável, firme e sereno, que tudo pode e tudo vê, que penetra todos os
espíritos, os inteligentes, os puros e os mais subtis. 24A sabedoria é mais
ágil que todo o movimento e por sua pureza tudo atravessa e penetra. 25Ela é um
sopro do poder de Deus, uma irradiação pura da glória do Omnipotente, pelo que
nada de impuro entra nela. 26Ela é um reflexo da luz eterna, um espelho
imaculado da actividade de Deus e uma imagem da sua bondade. 27Sendo uma só,
tudo pode; permanecendo em si mesma, tudo renova; e, derramando-se nas almas santas
de cada geração, ela forma amigos de Deus e profetas, 28pois Deus só ama quem
vive com a sabedoria. 29Ela é mais radiante que o sol, e supera todas as
constelações; comparada com a luz, sai vencedora, 30pois a luz dá lugar à
noite, mas sobre a sabedoria não prevalece o mal. 1Ela estende-se com vigor de
uma extremidade à outra e tudo governa com bondade.
O autor desenvolve a personificação da
Sabedoria, tecendo o seu elogio. Descreve-a servindo-se da sucessão de vinte e
um atributos (vv. 22s.), número simbólico que exprime a perfeição absoluta,
enquanto é obtido pela multiplicação de sete (número da perfeição) por três
(número da plenitude). No Novo Testamento, alguns releram essas
características, atribuindo-as a Cristo. Pensemos, por exemplo, na perspicácia
(Ap 1, 16), no poder de bem (Act 10, 38), na filantropia ( Tt 3, 4).
O autor evidencia a origem e a natureza divinas da Sabedoria, utilizando, quer a terminologia bíblica, quer a terminologia filosófica (vv. 25s.). Os termos sopro, irradiação, reflexo exprimem, mesmo que com diferentes acentuações, a origem e a consubstancialidade a Deus, enquanto os termos espelho e imagem indicam a identidade da natureza, na distinção. Finalmente trata-se da actividade da Sabedoria, seja na formação de «amigos de Deus e profetas» (v. 27), seja na criação, renovação e governo de tudo «com bondade» (8, 1).
O «espírito de sabedoria» (Is 11, 2), na teologia posterior, informará a acção de Cristo, cujo primado na criação (Cl 1, 15-29) será lido com as mesmas funções aqui indicadas. A nossa própria existência, iluminada pelo escândalo da cruz, será apontada como «sabedoria de Deus» (cf. 1 Cor 1, 24.30).
O autor evidencia a origem e a natureza divinas da Sabedoria, utilizando, quer a terminologia bíblica, quer a terminologia filosófica (vv. 25s.). Os termos sopro, irradiação, reflexo exprimem, mesmo que com diferentes acentuações, a origem e a consubstancialidade a Deus, enquanto os termos espelho e imagem indicam a identidade da natureza, na distinção. Finalmente trata-se da actividade da Sabedoria, seja na formação de «amigos de Deus e profetas» (v. 27), seja na criação, renovação e governo de tudo «com bondade» (8, 1).
O «espírito de sabedoria» (Is 11, 2), na teologia posterior, informará a acção de Cristo, cujo primado na criação (Cl 1, 15-29) será lido com as mesmas funções aqui indicadas. A nossa própria existência, iluminada pelo escândalo da cruz, será apontada como «sabedoria de Deus» (cf. 1 Cor 1, 24.30).
Evangelho: Lucas 17, 20-25
Naquele tempo: Interrogado pelos fariseus
sobre quando chegaria o Reino de Deus, Jesus respondeu-lhes:«O Reino de Deus
não vem de maneira ostensiva. 21Ninguém poderá afirmar: ‘Ei-lo aqui’ ou ‘Ei-lo
ali’, pois o Reino de Deus está entre vós.» 22Depois, disse aos discípulos:
«Tempo virá em que desejareis ver um dos dias do Filho do Homem e não o vereis.
23Vão dizer-vos: ‘Ei-lo ali’, ou então: ‘Ei-lo aqui.’ Não queirais ir lá nem os
sigais. 24Porque, como o relâmpago, ao faiscar, brilha de um extremo ao outro
do céu, assim será o Filho do Homem no seu dia. 25Mas, primeiramente, Ele tem
de sofrer muito e ser rejeitado por esta geração.
Escutamos hoje o chamado “Pequeno discurso
escatológico” do evangelho de Lucas (cf. Lc 21, onde encontramos o “Grande
discurso escatológico”). Trata-se de um breve mas intenso ensinamento de Jesus,
provocado por uma pergunta dos fariseus acerca do tempo em que há-de vir o
Reino de Deus. Jesus não condescende com a miopia espiritual nem com interesses
egoístas. Por isso, não dá uma resposta exacta. Não veio para satisfazer
curiosidades. Começa por se exprimir de modo negativo, para que não caiamos em
ilusões, mas aprendamos a discernir situações e pessoas que possam hipnotizar a
nossa atenção ou desviar a nossa fé. Como verdadeiro mestre, alerta-nos para
possíveis desvios, e indica o caminho que devemos seguir.
Mas há duas afirmações positivas neste discurso de Jesus, que devemos notar. Primeiro, fala do desejo do crente em «ver um dos dias do Filho do Homem» (v. 22), que todos havemos de sentir e que Ele quer satisfazer; depois, afirma a necessidade de «primeiramente, ter de sofrer muito e ser rejeitado» (v. 25). Antes da escatologia, tem se realizar-se a Páscoa de Jesus. Quem aceitar ir com Ele até Jerusalém e partilhar a sua Páscoa, prepara-se para ir ao encontro final com o Salvador.
Mas há duas afirmações positivas neste discurso de Jesus, que devemos notar. Primeiro, fala do desejo do crente em «ver um dos dias do Filho do Homem» (v. 22), que todos havemos de sentir e que Ele quer satisfazer; depois, afirma a necessidade de «primeiramente, ter de sofrer muito e ser rejeitado» (v. 25). Antes da escatologia, tem se realizar-se a Páscoa de Jesus. Quem aceitar ir com Ele até Jerusalém e partilhar a sua Páscoa, prepara-se para ir ao encontro final com o Salvador.
Meditatio
Os sábios do Antigo Testamento reconheceram
que a sabedoria não é dos homens, mas tem algo de divino: «um espírito
inteligente e santo, único, múltiplo e subtil, ágil, penetrante e puro,
límpido, invulnerável, amigo do bem e perspicaz, livre, benéfico e amigo dos
homens, estável, firme e sereno, que tudo pode e tudo vê, que penetra todos os
espíritos, os inteligentes, os puros e os mais subtis» (vv. 22s.). Mais ainda:
«Ela é um sopro do poder de Deus, uma irradiação pura da glória do Omnipotente»
(v. 25). A sabedoria é, pois, uma luz intelectual, que penetra todas as coisas,
mas também luz espiritual, que é muito mais, pois dá conhecimento às pessoas,
as põe em relação com o próprio Deus e, «forma amigos de Deus e profetas» (v.
27). Esta revelação do Antigo Testamento já é muito preciosa: a nossa vida
intelectual é uma certa participação na vida divina. Mas, no Novo Testamento, é
completada e ultrapassada pela revelação de Jesus, Sabedoria divina que ilumina
todas as circunstâncias da vida humana e os faz viver em total relação com Deus.
A Sabedoria não é somente «um sopro do poder de Deus» (v. 25), mas, como lemos
na carta aos Hebreus, é «resplendor da sua glória e imagem fiel da sua
substância e que tudo sustenta com a sua palavra» (1, 3). É o Verbo Incarnado.
Sendo assim, o dom de Deus, o reino de Deus, no meio de nós, é Jesus: «O Reino
de Deus não vem de maneira ostensiva… o Reino de Deus está entre vós.» (vv.
20-22). É, pois, preciso acolher Jesus dentro de nós, cumprindo o seu ardente
desejo expresso na oração ao Pai, antes da Paixão: «Eu neles e Tu em mim, para
que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me
enviaste e que os amaste a eles como a mim» (Jo 17, 23). Para reconhecer a luz
e o amor de Deus na vida de cada dia, é preciso estar vigilantes. Jesus, que
era o Reino de Deus em pessoa, aparentemente era um homem como os outros, não
manifestava habitualmente a sua glória de Filho de Deus. E todavia veio do Pai
para nos ensinar o caminho da sabedoria. A Sabedoria é Ele mesmo.
Oratio
Senhor, dai-me esta água a beber, a água da
vossa sabedoria, que brota do vosso divino Coração. Tenho sede dela, desejo-a,
peço-a. Dai-me esta sabedoria, quero preparar-me para ela, tanto quanto está em
mim, pela pureza do coração e pela vigilância. Quero evitar o pecado venial e a
tibieza, que vos afastam do meu coração. Perdoai-me o passado, ajudai-me no
futuro. Amen (Leão Dehon, OSP 3, p. 552).
Contemplatio
A sabedoria divina refere tudo ao nosso fim
soberano, que é a glória de Deus. A sabedoria humana, que é loucura, toma por
fim e por primeiro princípio, ou a honra, ou o prazer, ou qualquer outro bem
temporal, nada mais apreciando senão isso e a isso referindo tudo, nada mais
procurando nem estimando do que isso e desprezando todo o resto. O verdadeiro
sábio, diz S. Tomás, julga bem das coisas que dizem respeito à sua conduta,
porque as julga em relação ao primeiro princípio e ao fim último, que é Deus; e
o outro julga mal porque não toma esta causa soberana por regra dos seus
sentimentos e das suas acções. O mundo está cheio desta espécie de loucura. A
maior parte dos homens têm o gosto depravado, porque metem o seu fim, ao menos
em prática, na criatura e não em Deus. Cada qual tem algum objecto ao qual se
prende e ao qual refere tudo e isto é uma loucura. O mundo chama loucura ao que
é a verdadeira sabedoria diante de Deus. O Sagrado Coração de Jesus amou a
humildade, a pobreza, a cruz e a abjecção, como meios de reparar as nossas
faltas. As almas dotadas com o dom da sabedoria sentem um sabor delicioso
nestes objectos que Nosso Senhor amou, mas poucas almas têm os sentidos
suficientemente apurados para sentirem este odor e para apreciarem este sabor
que são todos sobrenaturais. Os santos correram atrás do odor destes perfumes.
Os apóstolos estavam alegres por levarem a cruz por Jesus. (Leão Dehon, OSP 3,
p.551s.)
Actio
Repete frequentemente e vive hoje a palavra:
«A sabedoria forma amigos de Deus e profetas» (Sb 7, 27).
«A sabedoria forma amigos de Deus e profetas» (Sb 7, 27).
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