quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Aproxima-se a sua libertação-Claretianos

Domingo, 29 de Novembro de 2015

Tema: Primeiro Domingo do Advento (Ano C)

Jeremias 33,14-16: Suscitarei a Davi um descendente legítimo
Salmo 24: A ti, Senhor, elevo a minha alma
1Tessalonicenses 3,12?4,2: Que o Senhor os fortaleça internamente, para quando volte Jesus
Lucas 21,25-28.34-36: Aproxima-se a sua libertação.
25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas.26Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas.27Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade.28Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação. 34Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso.35Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra.36Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem

Comentário

Este primeiro domingo do advento serve de ponte entre o tempo comum e o tempo do advento. O tempo comum termina com a reflexão sobre a segunda vinda de Jesus e os acontecimentos do fim dos tempos. Nesta medida, o primeiro domingo do advento continua a reflexão com o tema do fim dos tempos e vai nos introduzindo no tempo da espera e da esperança, o tempo propriamente do advento.
A leitura do livro de Jeremias nos situa no tempo imediatamente posterior à destruição de Jerusalém, no ano 587 a. C. O povo está desolado e começa a tomar consciência de sua situação. Jeremias dirige a palavra profética a seu povo para dizer-lhe que Deus não o abandonou, que fará regressar os cativos e os perdoará, novas cidades serão construídas, os campos voltarão a produzir e o gado a pastar. Nesses dias o Senhor fará brotar um rei justo, não como os reis que levaram o povo ao desterro. Ele será chamado “Deus é nossa justiça”. Virá um rei justo para restaurar o povo de Israel.
Segundo o salmo responsorial a esperança não ficará defraudada, pois quem espera e quem é fiel ao Senhor não fica defraudado. Javé sempre leva ao cumprimento sua palavra. Por essa razão o salmo enfatiza a ideia de Jeremias, o rei da justiça que esperamos sim chegará. Esse rei esperado é para nós cristãos o Senhor Jesus.
O Segundo Testamento, a partir da novidade de Jesus, nos introduz em outro tipo de espera e esperança. Supõe claramente que o rei esperado do Primeiro Testamento é Jesus, porém abre a porta a uma espera no esperado, para o final dos tempos. Jesus veio em humildade, como o camponês de Nazaré que foi obediente ao Pai e que por essa obediência foi morto e ressuscitado. Porém, ao final dos tempos, ele retornará e manifestará sua glória. Por isso na carta aos Tessalonicenses, Paulo exorta a comunidade a manter-se fiel a Jesus e preparar-se para a segunda vinda. O evangelho de Lucas descreve de maneira metafórica, os acontecimentos que precederiam essa segunda vinda de Jesus. Por este acontecimento final é que Lucas convida os irmãos e irmãs a manterem-se fiéis e vigilantes, em pé (fiéis) ante o Filho do Homem.
O texto do evangelho de hoje é difícil: a libertação chega. Nos versículos anteriores Lucas nos falava do cerco a Jerusalém (21,20-23). Agora alude à segunda vinda de Jesus, a parusia.  O discurso de Jesus é apocalíptico e adaptado à cultura de seu tempo (apocalipse não significa catástrofe, como tendemos a pensar, mas revelação), e nós temos que reler esses sinais do mundo natural no mundo da história que é o lugar onde o Espírito se manifesta. A segunda vinda do Senhor vai revelar a história a si mesma. A verdade que estava oculta aparecerá à plena luz. Todos nos conheceremos melhor como somos (1Cor 13,12b).
Em nós existe a angústia, o medo e o espanto, não causados pelos sinais do sol, da lua e das estrelas. Nossas angústias e inseguranças são causadas pelas crises econômicas, por conflitos sociais, pelo abuso de poder, pela falta de pão e trabalho, pela frustração... de tantas estruturas injustas, que somente poderão ser removidas pela passagem do amor de Deus e de sua justiça, no coração do ser humano.
A mensagem de Jesus não evita os problemas e a insegurança, mas nos ensina como enfrenta-los. O discípulo de Jesus tem as mesmas angústias do não crente, porém o cristão tem atitudes e reações diferentes: mantém viva a esperança na fé, nas promessas de Deus libertador e permite descobrir a passagem desse Deus no drama da história. A atitude de vigilância a que nos leva o advento é estar alerta e descobrir o “Cristo que vem” nas circunstâncias atuais e a enfrenta-las como processo necessário de uma libertação total que passa pela cruz.
Por isso o evangelho nos chama a estar sempre alertas, a ter o coração livre de vícios e dos ídolos da vida (a conversão), para tornar-nos dóceis ao Espírito de Cristo que habita as situações que vivemos em nosso tempo. Ele nos chama a estar acordados e orando, pois este Espírito é vivenciado com uma esperança viva, ponto de encontro entre as promessas da fé o os sinais precários de hoje e que evoluem a cada momento da história. A esperança é uma memória que tende a esquecer, se nutre com a oração, adere às promessas da fé e nos inspira, a cada dia, à busca de seus passos nos sinais dos tempos. A esperança cristã se faz por nossa entrega ao trabalho para que as promessas se verifiquem em nossas vidas.
O advento é tempo de preparação, de espera. Jesus cumpriu as promessas do Antigo Testamento com sua vida e pregação. Não esperamos seu novo nascimento. Esperamos que ele volte a julgar a criação. Nesse momento esperamos na justiça; que a igualdade, a solidariedade vão se impor.
Duas esperas marcaram a história de nossa fé desde o nosso pai Abraão até nossos dias. A primeira espera, a espera do Antigo Testamento, é a espera do Messias, do rei que restauraria o esplendor do povo de Israel, uma vez destruído pela Assíria e Babilônia. Para que este messias aparecesse era necessária uma vida nova e transparente, o cumprimento da aliança do povo com Javé, e, enfim, a fidelidade a Deus. Essa espera chegou a seu cumprimento em Jesus de Nazaré.
A segunda espera, a do Novo Testamento, é a espera da parusia, do retorno do Senhor em glória para reinar sobre seu povo, quando ele seja tudo em todos e em todas as coisas. Esta parusia está associada à ideia do juízo universal das nações que o Senhor virá julgar. Essa escatologia iminente foi o suporte para a Igreja primitiva para enfatizar na preparação moral para esse momento. Nós hoje continuamos cheios de esperança esperando a parusia. Estamos a caminho. Por isso, perguntamos:
Nas situações de morte que o mundo vive (guerra, epidemias, fome, injustiça, crises econômicas e políticas que descarregam sua crueldade sobre os que não provocaram a crise)… E nós nos perguntamos: qual o sentido destas tragédias: sinais apocalípticos ou situações de injustiça que merecem ser rejeitadas? Em minha vida pessoal, em meio à situação de crise do mundo atual, qual é o ideal que me anima a continuar lutando em direção ao futuro?

Oração


Ó Deus, Pai e Mãe, força e origem, fundamento misterioso do ser, que chamas à existência e semeias os impulsos e os rebentos, e suscitas sempre a criatividade gratuita. Ao começar este novo advento, acolhe nossas limitações e temores e liberta toda tua energia em nós, para que possamos renascer para uma nova esperança. Tu que vives e fazes viver, pelos séculos dos séculos.

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