11- DOMINGO
- Evangelho - Mc 10,17-30
Vende
tudo o que tens e segue-me!
Neste
Evangelho, Jesus nos ensina que a pobreza voluntária é necessária para entrar
no Reino de Deus. O Evangelho tem três partes:
1ª)
Um homem rico quer seguir a Jesus, mas Jesus coloca como condição que ele venda
todos os seus bens e dê aos pobres. Claro que pode acontecer que os próprios
pobres digam ao homem: “Está bem, seus bens agora são nossos. Mas nós lhe
pedimos que os administre para nós”. Assim, o homem deixa de ser rico e se
torna administrador de bens que não são dele. Muitos e muitas hoje fazem isso e
continuam aparentemente donos dos bens que antes possuíam.
2ª)
Jesus instrui os discípulos sobre a questão da riqueza. Ela é tão arraigada na
pessoa rica, que é mais fácil um camelo (animal) passar pelo buraquinho de uma
agulha (dessas agulhas normais, com as quais as costureiras remendam roupa). Quer
dizer: é impossível. Mas para Deus tudo é possível. O que Jesus não aceita é
segui-lo pela metade.
3ª)
A recompensa de Deus para quem se desprende dos bens materiais por amor a
Cristo é generosa: A pessoa ganha cem vezes mais tudo o que renunciou.
O
Evangelho começa dizendo que Jesus saiu a caminhar. Ele estava sempre
caminhando, indo atrás das ovelhas. Não ficava parado, esperando que elas o
procurassem.
Quando
o homem rico de aproximou, “Jesus olhou para ele com amor”. Jesus sempre nos
olha com amor. Entretanto, se alguém quer segui-lo, aí ele é exigente e, antes
que a pessoa dê o primeiro passo, Jesus já coloca a condição mais importante:
renunciar ao outro “deus” que são os bens materiais. Isso porque não podemos
levar uma vida dupla, servindo a dois senhores (Cf Lc 16,13).
O
amor é por si mesmo totalizante. Os namorados, por exemplo, não aceitam que seu
parceiro ou parceira divida o amor com outra pessoa.
O
Evangelho diz que o homem “foi embora cheio de tristeza, porque era muito
rico”. A riqueza trás uma felicidade ilusória, que leva sempre à tristeza.
Não
é Deus que fecha a porta do Céu ao rico; é ele que não quer entrar. A
felicidade ilusória e o apego levam o rico até a matar pessoas por causa de
alguns centavos. Ele se torna tão auto-suficiente, que pensa não precisar nem
de Deus.
A
riqueza tira o gosto pelas coisas de Deus, cega os olhos, ensurdece os ouvidos
e torna o coração duro como pedra. “Onde estiver o teu tesouro, aí estará
também o teu coração” (Mt 6,21). O rico passa inevitavelmente da posse de bens
para a posse de pessoas. Ser dono de bens pode, mas ser dono de pessoas Deus
não aceita!
Muitos
acham que a questão do uso dos bens materiais não faz parte da vida cristã. Mas
faz sim, e de cheio. Todas as vezes que Jesus falou do juízo final, ele colocou
como ponto central do julgamento a partilha dos nossos bens materiais com os
necessitados.
“Enquanto
houver um pobre em vosso meio, a vossa Missa foi mal rezada” (Um santo padre da
Igreja primitiva). Mais do que pobres, eles são empobrecidos, isto é, a
sociedade é que os fez pobres. “Os pobres não precisam de esmola, precisam de
justiça” (Madre Teresa de Calcutá).
“...
e terás um tesouro no Céu.” Seguir a Jesus integralmente é o melhor tesouro que
podemos adquirir. É uma riqueza que “a traça não corrói e o ladrão não rouba”.
O resto é tudo vaidade. “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade” (Ecl 12,8),
exceto amar a Deus e só a ele servir. “Tudo para mim é lixo, exceto o
seguimento de Jesus Cristo” (S. Paulo). “Buscai os bens do alto...” (S. Paulo).
Havia,
certa vez, um sitiante que tinha em seu sítio dois cavalos. De longe, pareciam
cavalos normais, mas, quando se olhava bem, percebia-se que um deles era cego.
Contudo, o dono não se desfez dele e arrumou-lhe um companheiro, um cavalo mais
jovem.
Quando
alguém fica observando, logo ouve o barulho de um sino que está amarrado no
pescoço do cavalo mais novo. Assim, o cavalo cego sabe onde está seu
companheiro e vai até ele. Ambos passam o dia comendo e no fim do dia o cavalo
cego segue o companheiro até o estábulo.
Quem
observa, logo percebe que o cavalo que tem o sino está sempre olhando se o
outro o acompanha. Às vezes para à esperá-lo. E o cavalo cego guia-se pelo som
do sino, confiante que o outro o está levando para o caminho certo.
Como
colocou no instinto dos animais, Deus não se desfaz de nós, quando temos alguma
deficiência ou limitação. A pobreza é uma limitação, e Deus quer amparar os
pobres, através daqueles que têm um pouquinho mais de recursos, que somos nós.
O
Anjo Gabriel saudou Maria Santíssima com a expressão “cheia de graça”. Esta é a
sua riqueza. Que ela nos ajude a ter a coragem de renunciar a tudo, a fim de
ganhar as riquezas do céu.
Vende
tudo o que tens e segue-me!
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