domingo, 25 de outubro de 2015

Estou a expulsar demônios...-Dehonianos

29/10/2015
Tempo Comum - Anos Ímpares - XXX Semana - Quinta-feira
Lectio
Primeira leitura: Romanos 8, 31b-39
Irmãos: Se Deus está por nós, quem pode estar contra nós? 32Ele, que nem sequer poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não havia de nos oferecer tudo juntamente com Ele? 33Quem irá acusar os eleitos de Deus? Deus é quem nos justifica! 34Quem irá condená-los? Jesus Cristo, aquele que morreu, mais, que ressuscitou, que está à direita de Deus é quem intercede por nós. 35Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? 36De acordo com o que está escrito: Por causa de ti, estamos expostos à morte o dia inteiro, fomos tratados como ovelhas destinadas ao matadouro. 37Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores, graças àquele que nos amou. 38Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, 39nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, Senhor nosso.
Paulo, ao concluir o capítulo oitavo da carta aos Romanos, oferece-nos um hino ao amor de Deus revelado em Cristo Jesus. Foi a experiência desse amor que o transformou de perseguidor em apóstolo. Na sua reflexão, mais uma vez, o Apóstolo parte do mistério pascal de Cristo: «Ele, que nem sequer poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não havia de nos oferecer tudo juntamente com Ele», escreve Paulo (v. 32). Nestas palavras ecoa a narrativa do sacrifício de Isaac (Gn 22, 1-22), que ilumina o sacrifício de Cristo. O Apóstolo fez experiência desse amor. Também nós somos chamados a fazê-la. E, como ele, também nós poderemos exclamar «quem poderá separar-nos do amor de Cristo?» (v. 35). Esse amor justifica-nos diante de Deus e da parte de Deus; realiza a nossa comunhão com Deus em Cristo Jesus; leva-nos a vencer tudo quanto poderia separar-nos de Deus e de Cristo; dá-nos confiança para prosseguirmos o nosso caminho de fé, de esperança e de caridade; dá-nos a certeza de que a vitória de Deus já começou na nossa vida e que irá aperfeiçoar-se à medida que avançarmos para a meta. Daí a conclusão entusiasta de Paulo: «Em tudo isso saímos mais do que vencedores, graças àquele que nos amou» (v. 37). É a experiência de quem se confiou plenamente ao amor de Deus, manifestado e comunicado em Cristo Jesus.

Evangelho: Lucas 13, 31-35
Naquele dia, aproximaram se alguns fariseus, que disseram a Jesus: «Vai-te embora, sai daqui, porque Herodes quer matar-te.» 32Respondeu-lhes: «Ide dizer a essa raposa: Agora estou a expulsar demónios e a realizar curas, hoje e amanhã; ao terceiro dia, atinjo o meu termo. 33Mas hoje, amanhã e depois devo seguir o meu caminho, porque não se admite que um profeta morra fora de Jerusalém.»

Herodes, com os chefes religiosos de Israel, querem matar Jesus. O Senhor, alertado, com ou sem recta intenção, por alguns deles, reafirma a sua fidelidade ao mandato recebido do Pai: anunciar o tempo da salvação definitiva (cf. 2 Cor 6, 2). A expulsão dos demónios e as curas são sinais dessa salvação já presente (v. 32). Não há maldade humana capaz de mudar os desígnios de Deus.
Lucas nota como Jesus está consciente de que vai ao encontro da morte cruenta (cf. Lc 9, 22; 9, 44; 17, 25; 18, 31-33), sorte idêntica à dos profetas (vv. 33-34ª; cf. 6, 22s.). Tal irá acontecer exactamente em Jerusalém, cujo nome curiosamente significa «Cidade da paz». Jesus anuncia a ruína dessa cidade (v. 35ª), uma ruína material (será destruída pelos romanos), mas também uma ruína espiritual, pois, recusando Jesus, não acolhe a realização das promessas.
Mas o evangelista entrevê na aclamação triunfal de Jesus, ao entrar na cidade (cf. Lc 19, 28-39), o acolhimento do Salvador por Israel, no fim dos tempos, quando hebreus e pagãos, convertidos ao cristianismo, aclamarem juntos o Senhor. Verdadeiramente «os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis» (Rm 11, 29).

Meditatio
Para Paulo, a santidade não é um conjunto de virtudes, mas união com Deus, estar em comunhão com o Deus santo. Deus é santo, é o três vezes santo. «Vós, Senhor, sois verdadeiramente santo, sois a fonte de toda a santidade», reza a Igreja (Oração eucarística II). Deus santo é O totalmente Outro. Para chegar a Ele, precisamos de ser transformados à sua imagem, isto é, de tornar-nos santos. Mas, tornar-nos santos, não é resultado do nosso esforço moral, que jamais nos poderá erguer ao nível de Deus. Para que nos tornemos santos, é preciso que Deus actue e nos torne semelhantes a Ele. A santificação é, antes de mais nada, obra da misericórdia de Deus em nós. É o que diz Paulo. Deus tudo fez para nos levar para junto de Si, para nos pôr em comunhão com Ele, para sermos santos: «nem sequer poupou o seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós; como não havia de nos oferecer tudo juntamente com Ele?» (v. 32). É por isso que temos confiança, não em nós, mas no amor de Deus que nos ergue até Si, nos santifica, nos dá aquela santidade que nem poderíamos imaginar se, na sua bondade, não nos viesse dá-la. Paulo exclama: «Em tudo isso saímos mais do que vencedores, graças àquele que nos amou» (v. 27). A santidade é a maior das vitórias. No Apocalipse está escrito que o prémio é prometido àquele que tiver vencido. Nós somos mais do que vencedores, porque Cristo venceu e nos faz partilhar a sua vitória. Aceitou morrer, e o Pai reussuscitou-O, reconciliou-nos Consigo e deu-nos a possibilidade de nos aproximarmos d´Ele, de partilharmos a sua vida divina. O caminho para a santidade consiste em abrir-nos à acção santificante de Deus, ao seu amor maior que todo e qualquer obstáculo: «nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus que está em Cristo Jesus, Senhor nosso», escreve Paulo (v. 38-39). Para progredir na santidade devemos aprofundar constantemente a fé neste amor que Deus nos dá, que tem por nós, que infunde em nós. Os Santos acreditaram neste amor, reconheceram-no em todos os benefícios e em todas as exigências de Deus. As próprias provações, como «a tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada», de que fala Paulo (v. 35), foram transformados por Deus, por meio da cruz de Jesus, em manifestações do seu amor por nós, do nosso amor por Ele.

Oratio
Pai, que és verdadeiramente santo e fonte de toda a santidade, faz-me olhar de modo positivo tudo quanto me humilha, tudo quanto aparentemente se opõe aos meus projectos, porque tudo isso se pode tornar instrumento para aprofundar a comunhão Contigo e tornar-me santo. És Tu que tudo fazes. Que eu me abra ao amor que me dás, para, em tudo e sempre, ser mais que vencedor. Amen.

Contemplatio
A maior parte não tem coragem para se vencer nem fidelidade para bem administrar os dons de Deus. Quando entramos no caminho da virtude, caminhamos no princípio na obscuridade, mas se seguirmos constante e fielmente a graça, chegamos infalivelmente a uma grande luz quer para nós quer para os outros. Nós quereríamos ser santos num dia, e não temos a paciência de esperar o curso normal da graça. Isto vem do nosso orgulho e da nossa cobardia. Limitemo-nos a ser fiéis a cooperar nas graças que Deus nos apresenta; e ele não faltará em nos conduzir ao cumprimento dos seus desígnios. O principal ponto da vida espiritual consiste de tal modo em dispor-se à graça pela pureza de coração, que duas pessoas que se consagram ao mesmo tempo ao serviço de Deus, uma dando-se totalmente às boas obras, e a outra aplicando-se inteiramente a purificar o seu coração e a arrancar o que nela se opõe à graça, esta chegará duas vezes mais cedo à perfeição do que aquela. Assim o nosso maior cuidado deve ser, não tanto o de lermos livros espirituais, mas sim o de darmos muita atenção às inspirações divinas que bastam, com um pouco de leitura e com sermos extremamente fiéis a correspondermos às graças que nos são oferecidas. – Devemos ainda pedir muitas vezes a Deus que nos faça reparar antes da morte todas as perdas de graças que provocámos, e que nos faça chegar ao cume dos méritos aonde desejava conduzir-nos segundo a sua primeira intenção, que nós até agora frustrámos pelas nossas infidelidades: enfim que ele nos perdoe os pecados de outros dos quais fomos a causa, e que repare também nos outros as perdas de graças que sofreram por nossa falta (P. Luís Lallemant). (Leão Dehon, OSP 3, p. 544s.).

Actio
Repete muitas vezes e vive a palavra:
«Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?» (Rm 8, 35).



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