12- Sábado - Evangelho - Lc 6,43-49
Lucas inicia o seu evangelho com a proclamação das bem-aventuranças que termina com as três parábolas sobre árvores e frutos, sobre o tesouro do coração e sobre as casas construídas. O pano de fundo desta parábola é a conversão, a renovação da vida pessoal. Deus não nos criou para a obediência cega, mas para a liberdade criativa, no empenho da renovação do mundo, com a implantação da justiça e tecendo a paz. Pela conversão, a pessoa abandona os falsos valores oferecidos pelo mundo dos poderosos e adere ao projeto de vida de Jesus.
Realmente não existe árvore boa que produza
frutos ruins, nem árvore má que dê frutos bons. Portanto, pelo fruto se conhece
a árvore. Que tipo de árvore és tu? É pelas suas ações e atitudes que se
conhece se alguém é bom ou mau. Quem tem a trave no olho é árvore má: não pode
dar bons frutos nem pode converter os outros, como nós ouvimos no texto de
ontem, senão somente escandalizá-los com seu mau procedimento. Ninguém pretende
colher figos de um espinheiro, nem se apanham uvas de urtigas. Da mesma forma, como
pretenderá alguém corrigir outros se ele mesmo leva uma vida desregrada? O
homem bom diz e tira sempre o bem do depósito de boas ações que constituem o
tesouro do seu coração como raiz de uma árvore. Mas o homem mau diz coisas más
porque há maldade em seu coração. Pois a boca fala daquilo de que está cheio o
coração.
Por que vocês invocam Senhor, Senhor, e não praticam o que lhes
peço? A fé deve ser comprovada pelas obras para
vocês não se tornarem guias cegos ou árvores infrutíferas. Vou mostrar-lhes a
quem é comparável todo homem que vem a mim crendo, escuta de coração aberto a
minha Palavra e a põe em prática. É semelhante a um homem que, ao construir sua
casa, cavou bem fundo e assentou os alicerces na rocha. Vieram as enchentes,
precipitaram-se contra aquela casa da vida, e ela não desabou por estar bem
construída sobre a Rocha. Assim, aquele que ouve as minhas palavras e as pratica
não abala sua estrutura religiosa interior com as tempestades e enchentes da
vida, porque tem seus alicerces em mim. Aquele, porém, que ouve as minhas
palavras e não as põe em prática na vida é semelhante ao homem que construiu
sua casa ao rés do chão, sem o devido alicerce. Quando as águas das enchentes
vieram contra essa casa, ela desabou. E sua ruína foi total. Assim, aquele que
não fundamenta sua vida em mim, quando lhe surgem problemas, cai no
desequilíbrio e na desgraça.
Neste texto Jesus se dirigiu e se dirige
especialmente à hipocrisia e à malícia interior dos fariseus e nossa que
nos julgamos perfeitos e seguimos somente para contradizê-lo e molestá-lo. E
que aplique a nós o ensinamento dessas duas casas. As casas representam a nossa
vida: só se constrói uma vez. Por isso, salvação ou condenação – isto é, casa
da vida sobre a rocha ou sem alicerce – se decide neste mundo pela vivência ou
não da Palavra do Senhor no Evangelho.
Quem apenas ouve, mas não segue, não terá
forças para resistir às enchentes dos problemas e sofrimentos da vida, e
sofrerá tremenda catástrofe no julgamento final. Todos os esquemas de vida que
não levam em consideração a realidade essencial que é Os professores da Lei
julgavam boa a ação se fosse conforme à Lei. Jesus exige que ela venha de um
bom interior. O coração é a fonte dos sentimentos, que geram pensamentos,
palavras, ações, e é a sede das decisões. Palavras e obras revelam o interior
da pessoa, desmascaram o coração como os frutos mostram a qualidade da planta.
Consciência em ordem e coração que transborda o bem são pressuposições para
quem exerce qualquer apostolado. Nosso tesouro interior será bom se a Palavra
de Jesus tomou posse do coração. Não podemos chamar Jesus de Senhor se não
vivermos a sua Palavra.
Então sua ação será fecunda e vivificante.
É a casa construída sobre a rocha. Uma vida colocada a serviço do próximo, com
seus frutos de amor e de misericórdia, permanece para toda a eternidade. Por
isso, daí-me Senhor a graça de ser uma boa árvore que produza bons frutos para
os meus irmãos e irmãs.
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