terça-feira, 22 de setembro de 2015

-CORTAR O QUE NOS LEVA A PECAR-José Salviano

26º DOMINGO TEMPO COMUM
27 de Setembro de 2015
Ano  B

Evangelho - Mc 9,38-43.45.47-48



PRIMEIRA LEITURA
         Precisamos tomar cuidado com o nosso ciúmes de outros irmãos e irmãs que se apresentam para catequizar.  Pois como disse Moisés, quem dera que todo o povo do Senhor fosse profeta, fosse catequista, e que o Senhor lhe concedesse o seu Espírito.
SALMO
         A perfeição da Lei do Senhor é tão perfeita que é impossível de ser igualada com outra. Ela conforta a nossa alma, e estimula os nossos pensamentos dominantes, nos guia na caminhada rumo ao Céu.

SEGUNDA LEITURA
                Tiago, inspirado pelo Espírito Santo, faz uma severa advertência aos ricos. Àqueles que confiam pura e simplesmente no dinheiro e em tudo que com ele podem comprar.
         De que adianta passar a vida inteira amontoando tesouros aqui, se na hora de partir, não levaremos nada?  Tiago fala do salário dos trabalhadores que os ricos deixaram de pagar, para poder aumentar a sua riqueza.
Caríssimos.  Hoje a história se repete. Quantos conseguem aumentar a sua fortuna, pagando salários de fome àqueles que constroem o seu patrimônio com o suor dos seus rostos! Deus irá ouvir o clamor desses trabalhadores mal pagos, é um grito por justiça, pois eles, miseráveis, que são, e sem amigos influentes, não têm para onde correr, e por isso se submetem aos baixos salários sob  pena de ficarem desempregados.
É o caso dos  jovens que tem de trabalhar duro para ganhar um salário que não lhes garante uma sobrevivência decente. É essa a realidade da juventude atual, que vive na era da informática e da internet, da era da máquina, da terceirização, do pegue e pague, e de tudo o mais que lhes tira o emprego. E para complicar mais a vida da atual geração, a contribuição previdenciária fica reduzida a uma migalha. Isso é o mesmo que dizer que o seu futuro será ainda mais precário do que o lastimável presente.
         Tiago acrescenta que os patrões vivem luxuosamente, entregues a uma boa vida, às custas do trabalho que poderíamos chamar de praticamente escravo. 
         É, meus irmãos! E viva a lei do mais forte. A lei da vida, a lei feita pelos homens, a lei que lhes autoriza explorar os sem terra, os sem tetos, os que moram de aluguel, os que não têm para onde correr, senão aceitar uma miséria como pagamento pela entrega de suas últimas forças, em muitas horas de trabalho quase forçado, essa é a lei que não combina com a Lei de Deus.
         Não seja você um desses. São suba na vida às custas da exploração do seu irmão! Pois Aquele que vê tudo, está anotando, e irá cobrar de você no dia do Juízo Final.

EVANGELHO

         Jesus nos ordena a CORTAR tudo o que nos arrasta para o pecado. Tudo o que nos afasta de Deus e da salvação. É verdade que a vida eterna é mais importante do que ter dois olhos, duas mãos, etc. Porém, ousemos a não tomarmos suas palavras ao pé da letra, mas sim, entendemos que Jesus usou de palavras FORTES para que acordássemos enquanto é tempo.
Quando Jesus nos diz:  "Se tua mão te leva a pecar..." A primeira coisa que vem à nossa mente, a primeira coisa em que pensamos, é na masturbação. Embora sabemos que com as mãos podemos pecar de várias maneiras.
O catecismo da Igreja Católica, aborda esse problema de forma sucinta, explicando que se trata de um ato gravemente desordenado. Portanto, fora da ordem moral, ou seja, é a busca do prazer fora do casamento consistindo portanto em pecado. E em seguida coloca as possíveis atenuantes para esse pecado moral.  Veja:
§2352 Por masturbação se deve entender a excitação voluntária dos órgãos genitais, a fim de conseguir um prazer venéreo. "Na linha de uma tradição constante, tanto o magistério da Igreja como o senso moral dos fiéis afirmaram sem hesitação que a masturbação é um ato intrínseca e gravemente desordenado." Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade. Aí o prazer sexual é buscado fora da "relação sexual exigida pela ordem moral, que realiza, no contexto de um amor verdadeiro, o sentido integral da doação mútua e da procriação humana".
Atenuantes:
Para formar um justo juízo sobre a responsabilidade moral dos sujeitos e orientar a ação pastoral, dever-se-á levar em conta a imaturidade afetiva, a força dos hábitos contraídos, o estado de angústia ou outros fatores psíquicos ou sociais que minoram ou deixam mesmo extremamente atenuada a culpabilidade moral.
         Façamos pois uma reflexão mais apurada a respeito da atenuação da culpabilidade moral pela busca do prazer fora das relações conjugais normais, ou seja, a masturbação. É bom lembrar, que esse comentário não é recomendado para a missa das crianças. E ainda que não pretendemos aqui, nos fazer passar por dono da verdade. E por isso, somos conscientes de que estamos passíveis de toda forma de antítese, de toda crítica construtiva, é claro.
QUANDO A MASTURBAÇÃO PODE NÃO SER PECADO?
         Digamos que você é viúvo, largado da mulher por algum motivo alheio a sua vontade, (impotência, traição ), ou que sua esposa está com alguma doença nas partes íntimas, ou outra enfermidade que dificulta ou impede a relação, ou você é solteiro que por algum motivo ( feiura, obesidade), não conseguiu encontrar ou permanecer com a sua cara metade. 
         Mas você é um homem devoto, seguidor de Cristo, e contrito a Deus. Você luta contra as tentações, evita as ocasiões de pecar, reza bastante, vive ou procura viver na presença de Deus, amando a Deus e ao próximo.
Durante o dia você luta e consegue manter-se de pé diante do Salvador. Porém, depois de muitos dias de extenuado esforço, eis que uma certa noite, lá pelas tantas, quando os freios morais que estão no consciente se relaxaram pelo entorpecimento do sono, e aí você tem um sonho, no qual está em uma aventura sexual, e o organismo não chegou a descarregar aquela energia acumulada, ou seja, não aconteceu uma POLUÇÃO NOTURNA. Você acorda transtornado, vai ao banheiro urinar. E antes  ou depois disso, não resistindo aquela pressão orgânica, você termina o que no sonho não aconteceu...
A pergunta é: Você pecou?  Poderá comungar amanhã? Teve a intenção deliberada de pecar? De ofender frontalmente a Deus?  Ou simplesmente foi uma atitude praticamente forçada para aliviar uma pressão do organismo?
Veja. É claro que neste caso, e somente neste, não houve pecado. Pelo menos não houve um pecado grave. Isso porque você não buscou uma ocasião de pecar. Não pegou uma revista pornográfica para se excitar. Nem abriu uma certa página da internet para ficar olhando aquelas imagens...
É bom lembrar que diante de Deus, a INTENÇÃO FALA MAIS ALTO.  Se você não teve a intenção de pecar, ou fazer o mal, o seu ato pesou menos em termos de culpabilidade.
Segundo o Catecismo, as ATENUANTES da masturbação são as seguintes:
Para formar um justo juízo sobre a responsabilidade moral dos sujeitos e orientar a ação pastoral, dever-se-á levar em conta a imaturidade afetiva, a força dos hábitos contraídos, o estado de angústia ou outros fatores psíquicos ou sociais que minoram ou deixam mesmo extremamente atenuada a culpabilidade moral.
Desse modo, entendemos que : a imaturidade afetiva refere-se a instabilidade emocional que é predominante principalmente nos adolescentes, causada pela separação dos pais, ou pela diferença entre a idade cronológica e a idade emocional,  e que se expressam em: insegurança, falta de AUTOCONTROLE, busca de COMPENSAÇÃO para as frustrações, indisciplina, que o leva a atos desordenados, etc.   
A força dos hábitos contraídos, isso significa VÍCIO adquirido pela repetição durante muito tempo. Se o indivíduo é um viciado, seu ato imoral praticado tem uma responsabilidade moral reduzida, muito embora resta a necessidade de absolvição, dependendo do caso. E isso lhe  SERÁ ACUSADO PELA sua CONSCIÊNCIA MORAL.
O estado de angústia, pode ser interpretado aqui, como o seu estado de desespero pela abstinência sexual, ocasionado pela privação ou interrupção de uma vida normal com a sua esposa, e também como a pressão do instinto sobre o seu psiquismo, sobre os seus valores morais, sobre a sua alma a qual fica numa situação de desconforto diante daquilo tudo que aconteceu enquanto você dormia.

Por outros fatores psíquicos e sociais que minoram ou deixam extremamente atenuada a culpabilidade moral desse ato, podemos interpretar como:  Solidão, tentações (que hoje são fartas), vício, carência, abandono, desengano de conquista, ou de vir a ser feliz ao lado de outra mulher...
Percebe-se aqui, que a masturbação pode dividir opiniões: Pode forjar um abismo entre aqueles que parecem arrumar umas desculpas para praticá-la, e outros mais conservadores que não veem outro motivo ou jeito, senão a condenação sumária desse ato.
CONCLUSÃO- É, parece que estamos diante de uma dificuldade para forjar uma conclusão. O que aconselhamos aqui, é que: Primeiro fale com Jesus com toda a sua força e concentração. E no caso de dúvida, não entre na fila da comunhão, e depois procure um sacerdote. Pois somente ele, iluminado que é pelo Espírito de Deus, poderá orientá-lo.
Abordamos aqui a problemática da busca do prazer de forma solitária somente para os homens. Porém, parece que esta abordagem também pode servir para o caso feminino. Pois sabemos que as mulheres por sua vez, também podem sofrer excitações noturnas durante o sono,  chegando até ao orgasmo.
Prezado leitor. Se você já está se preparando para escrever sua crítica cruel a esta abordagem, quero deixar claro que a minha intenção aqui não foi de LIBERAR A MASTURBAÇÃO. Primeiro porque não tenho autoridade para tal. Segundo, só me empenhei em ajudar na catequese, explicando o que diz Catecismo sobre esse assunto, por vezes polêmico. Terceiro, eu não afirmei em nenhum momento que a masturbação não é pecado.
Pense, reze, reflita sobre as  palavras de Jesus e sobre as orientações e ensinamentos da Igreja, pedindo sempre a ajuda do Espírito Santo.


Um bom domingo, José Salviano

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