domingo, 30 de agosto de 2015

Porque fazeis o que não é permitido fazer ao sábado?-Dehonianos

05/09/2015
Tempo Comum - Anos Ímpares - XXII Semana – Sábado
Lectio
Primeira leitura: Colossenses 1, 21-23
Irmãos: 21Também a vós, que outrora andáveis afastados e éreis inimigos, com sentimentos expressos em acções perversas, 22agora Cristo reconciliou-vos no seu corpo carnal, pela sua morte, para vos apresentar santos, imaculados e irrepreensíveis diante dele, 23desde que permaneçais sólidos e firmes na fé, sem vos deixardes afastar da esperança do Evangelho que ouvistes; ele foi anunciado a toda a criatura que há debaixo do céu e foi dele que eu, Paulo, me tornei servidor.
Depois de afirmar com determinação a supremacia absoluta de Cristo na ordem universal da salvação, Paulo entra agora no que poderíamos chamar plano horizontal. Assim, aplica aos Colossenses, convertidos do paganismo, os princípios afirmados. Eles eram, outrora, estrangeiros e inimigos de Deus, isto é, gente que vivia longe de Deus, na visão da vida e nas obras. Outrora estavam longe; agora vivem reconciliados. Entre a situação antiga e a presente está «a morte do corpo de carne» de Cristo. Por isso, há que viver santos e imaculados, ou seja, oferecer sacrifícios no próprio «corpo de carne», praticando obras boas e não as obras más de outrora. Vivendo assim, o cristão actualiza na sua carne o sacrifício salvador de Cristo, orientando a sua existência para a «esperança prometida no evangelho», isto é, para a vitória definitiva sobre o mal, por meio da ressurreição.

Evangelho: Lucas 6, 1-5
1Num dia de sábado, passando Jesus através das searas, os seus discípulos puseram-se a arrancar e a comer espigas, desfazendo-as com as mãos. 2Alguns fariseus disseram: «Porque fazeis o que não é permitido fazer ao sábado?» 3Jesus respondeu: «Não lestes o que fez David, quando teve fome, ele e os seus companheiros? 4Como entrou na casa de Deus e, tomando os pães da oferenda, comeu e deu aos seus companheiros esses pães que só aos sacerdotes era permitido comer?» 5E acrescentou: «O Filho do Homem é Senhor do sábado.»
Lucas apresenta-nos hoje, e nos textos seguintes, algumas polémicas de Jesus com os fariseus acerca do sábado e das práticas permitidas ou não permitidas nesse dia. Impressiona o modo positivo e prepositivo como Jesus entra na polémica: tenta desamarrar os seus interlocutores de uma mentalidade excessivamente jurídica, servilmente ligada a aspectos que levaram os fariseus, do tempo de Jesus, a compilar um elenco de 613 preceitos, além dos 10 mandamentos, a que queriam ser fiéis. Jesus tenta tirá-los dessa mentalidade lembrando um acontecimento veterotestamentário da vida de David: uma opção de liberdade diante de uma tradição que parece não admitir excepções. David era uma referência para todos, também para Jesus. Mais uma razão para, neste caso, o aceitar como modelo de liberdade perante tradições que, não sendo bem interpretadas, ameaçam sujeitar o homem à lei, em vez de o libertar.
A afirmação final é clara: «O Filho do Homem é Senhor do sábado» (v. 5). Por um lado, Jesus compara-se a David; por outro lado, afirma a sua superioridade e, implicitamente, enquanto “Senhor do sábado”, a sua divindade.

Meditatio
Cristo, desde o princípio, Senhor da criação, como afirma Paulo aos Colossenses, revela, no evangelho de hoje, estar consciente de também ser Senhor do sábado. Ser Senhor do sábado significa ser igual a Deus, porque foi Deus quem estabeleceu a lei do sábado (Gn 2, 2s.). Jesus é Senhor de tudo. Mas aceitou a sorte dos escravos mais perigosos, o suplício da cruz. Aceitou-a para realizar a obra de amor, que o Pai Lhe confiou, para nos libertar do mal.
Paulo fala deste mistério de amor, e aplica-o aos Colossenses: «Também a vós, que outrora andáveis afastados e éreis inimigos, com sentimentos expressos em acções perversas, agora Cristo reconciliou-vos no seu corpo carnal, pela sua morte, para vos apresentar santos, imaculados e irrepreensíveis diante dele» (vv. 21-22). Todos éramos inimigos, porque todos estávamos sujeitos ao pecado. Mas Deus reconciliou-nos, por Cristo. Habitualmente, é a pessoa que ofendeu que vai à procura de reconciliação com a pessoa ofendida. No caso da nossa salvação, pelo contrário, foi Deus que procurou a reconciliação e a realizou. É a imensa generosidade de Deus em acção! Paulo espanta-se diante deste modo de agir de Deus: «quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho» (Rm 4, 10). E o Apóstolo verifica com surpresa e gratidão: «Dificilmente alguém morrerá por um justo; por uma pessoa boa talvez alguém se atreva a morrer. Mas é assim que Deus demonstra o seu amor para connosco: quando ainda éramos pecadores é que Cristo morreu por nós» (Rm 5, 7s.).
Deus quer para nós o máximo: quer-nos «santos, imaculados e irrepreensíveis» (Cl 1, 21). Uma tal ambição é fruto do seu amor por nós. Como um pai quer o melhor para o seu filho, Deus quer o máximo para nós. E deu-nos a possibilidade de o atingirmos: com a morte e a ressurreição de Jesus, obtém para nós as graças necessárias para vivermos na generosidade, que nos vem através do Coração de Jesus, e recebemos nos sacramentos. Para isso, basta-nos permanecer «sólidos e firmes na fé» (v. 23), isto é, aderir a Cristo pela fé, e assim estar ligados à corrente de amor que vem do Pai e passa por Cristo. Quem permanece firme em Cristo recebe a graça e torna-se santo.

Oratio
Pai santo, infunde em nós o teu Espírito, que nos plasme à imagem e semelhança do teu Filho muito amado, Jesus Cristo. Na sua oblação, encontramos o caminho que nos liberta de quanto nos oprime e nos mortifica, e nos introduz no shabbath eterno, no repouso festivo sem fim. Ajuda-nos, Senhor, a não voltarmos às obras pecaminosas de outrora. Ajuda-nos a imitar a tua santidade, que se tornou disponível para nós na pessoa de um homem morto na cruz. Amen.

Contemplatio
Nenhum evangelista falou do Coração de Jesus como S. João. S. Mateus recordou uma palavra deliciosa do Salvador: «Aprendei de mim que sou doce e humilde de Coração». Mas S. João pintou-se a si mesmo repousando sobre o Coração de Jesus, e revelou-nos a abertura do coração de Jesus no Calvário. Varia as suas expressões para nos dizer a felicidade que teve em repousar sobre o Coração de Jesus. Diz-nos primeiro que se deitou no seio de Jesus, depois que repousou sobre o seu peito. E mais tarde, depois da ressurreição, quando Nosso Senhor predisse a S. Pedro o seu martírio e a S. João a sua longa vida, o apóstolo dá esta descrição tão característica: é o apóstolo que Jesus amava, aquele que repousou na Ceia sobre o coração de Jesus. Esta troca de amizade do Mestre e do discípulo é uma das mais tocantes revelações do Sagrado Coração. É ao mesmo tempo a indicação das relações estreitas que unem a devoção ao Sagrado Coração à da Eucaristia. Nosso Senhor devia confirmar este ensinamento nas suas revelações a Margarida Maria: a devoção ao Sagrado Coração é sobretudo eucarística. (Leão Dehon, OSP 2, p. 344).

Actio
Repete frequentemente e vive hoje a Palavra:
«O Filho do Homem é Senhor do sábado» (Lc 6, 5).




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