11- de julho- Sábado - Evangelho - Mt 10,24-33
Para que seus discípulos não desanimem diante das
perseguições, Jesus lembra que também ele encontrou oposição.
As exigências da missão são extremas, podendo
incluir a perseguição e a morte! Hoje, Jesus introduz no seu discurso a
expressão «Não temais», que ocorre 366 vezes na Bíblia. O nosso texto está
estruturado sobre a repetição, a modo de imperativo: “ não tenhais medo”! E
depois dá razões pelas quais a confiança deve sempre vencer. A primeira razão
é: ainda que o bem esteja, por agora, velado, e a astúcia e a virulência do mal
pareçam escondê-lo, acontecerá uma reviravolta completa e veremos, no triunfo
de Cristo, a vitória dos que escolheram praticar o bem. Eis a razão pela qual
os discípulos de Jesus são encorajados à audácia do anúncio. O que recebemos é
pequeno como uma luzinha nas trevas, como um sussurro ao ouvido, mas deve ser
dado à plena luz do dia, gritado sobre os telhados. Inicialmente, o Evangelho
era algo de oculto e misterioso, que era preciso manter em segredo, dado a
conhecer a poucos e com as devidas precauções, para não desencadear a
perseguição. Mas chegou o tempo de o dar a conhecer ao mundo inteiro! O pior
que pode acontecer aos missionários do Reino é a morte do corpo. Mas seria
muito pior a morte da alma, a perda da vida. Ora, só Deus pode tirar a vida.
Mas não o faz àqueles que O amam e O temem. Jesus conclui a sua argumentação
com duas imagens muito ternas: a dos pássaros que, valendo pouco, são amados
pelo Pai, e a dos cabelos da cabeça, contados por Ele. Não há, pois, que temer: Ide:
proclamai que o Reino do Céu está perto! (Mt 10, 7).
O temor de Deus é uma atitude complexa em que conflui o respeito
reverente, a obediência, a adesão profunda, a adoração, o amor. Foi sentido por
muitos profetas e santos, que fizeram a experiência do encontro com Deus, três
vezes santo. Diante d´Ele, damo-nos conta da nossa condição de criaturas e da
impureza da nossa vida. Já o salmista rezava: «Senhor, nosso Deus, como é
admirável o teu nome em toda a terra! Adorarei a tua majestade, mais alta que
os céus… que é o homem para te lembrares dele, o filho do homem para com ele te
preocupares?» (Sl 8, 2.5). Mas, se nos deixarmos penetrar por esta atitude,
também poderemos ter toda a confiança na sua misericórdia. Jesus une o temor de
Deus e a confiança: «Não se vendem dois pássaros por uma pequena moeda? E nem
um deles cairá por terra sem o consentimento do vosso Pai! … Não temais, pois
valeis mais do que muitos pássaros» (vv. 29.31)
Ambas as leituras nos falam da experiência de temor na presença de
Deus, que Se nos revela e chama a uma missão. Mas também em ambas as leituras
escutamos a palavra do Senhor que nos diz: «não tenhas medo», «não temais».
Aquele que nos ama, nos chama e nos envia, purifica-nos e está conosco: «Não
temas: eu estarei contigo»; «não temais, eu estarei convosco» (Ex 3, 12; Dt 31,
6; 31, 15; 1 Cr 28, 20; Jr 1, 17; 46, 28; 30, 11). A Virgem Maria também
experimentou a sua condição de criatura limitada e frágil perante a grandeza e
poder de Deus, no dia da Anunciação. Por isso, o Anjo lhe diz: «Não tenhas
medo, Maria » (Lc 1, 30).
O medo e a desconfiança, na relação com Deus, mas também na relação
conosco ou com os outros, paralisam-nos, transformam-nos em escravos. Mas Paulo
adverte-nos: «Vós não recebestes um espírito de escravidão para recair no medo,
mas recebestes um espírito de filhos adotivos, por meio do qual gritamos:
“Abbá, Pai!”. O mesmo Espírito atesta ao nosso espírito que somos filhos de
Deus» (Rm 8, 15-16). «Se vivemos do Espírito, caminhemos segundo o Espírito»
(Gl 5, 25). Na relação com Deus, embora conhecendo os nossos limites e os
nossos pecados, temos consciência de estar perante um Pai, cheio de amor e de
misericórdia. No exercício da missão que nos confia, na sua obra de salvação do
mundo, sabemos que não estamos sós, mas que Ele está connosco.
Senhor purifica os meus lábios, mas purifica, sobretudo, o meu
coração. Quantas vezes alimento pensamentos e desejos, que não nascem da
certeza do teu amor, da vontade de lhe corresponder, da confiança em Ti.
Quantas vezes me deixam dominar pelo temor, quando surgem dificuldades e
problemas no caminho para Ti, ou na missão que me confiaste. Faz-me escutar
novamente a tua palavra: «Não temas; Eu estou contigo!». Purifica-me, Senhor, e
dá-me coragem e confiança para aceitar a purificação! Dá-me agilidade no combate
espiritual contra as paixões, para que deseje e queira, sempre, em tudo, e
somente a tua glória. Assim encontrarei também a paz e a serenidade, que
tornarão mais felizes e plenos os breves dias da minha vida. Amén!
Nenhum comentário:
Postar um comentário